sábado, 5 de setembro de 2009

Pedrinha a Pedrinha...

Li há pouco tempo, num livro já esquecido, que a diferença entre o ser humano e os outros animais é a sua capacidade criativa. Não concordando inteiramente com a afirmação, já que os nossos amiguinhos animais também são criativos, mas fez-me pensar o facto de sermos seres que só conseguimos experienciar o nosso potencial através da capacidade de criação e na liberdade de o exercermos totalmente. Somos seres de sonho, de abstracto e a de liberdade de compreendermos o nosso potencial criativo inerente é fundamental para um desenvolvimento são e equilibrado do Ser.
Vivemos numa era de frustração e inquietude em habitam em nós sensações de estarmos aquém do que poderemos ser. Passamos toda uma vida a aprender o que a escola nos impinge sem, muitas vezes, ensinar; a viver em espelho a necessidade familiar que nos circunda e onde fica o Ser individual? Onde temos espaço para nos encontrarmos e viver apenas, na plenitude de existir, somente, sem pressões, cobranças ou castrações, tão subliminares que já aceitamos como certas?
Penso que vivemos a era da Educação do Excesso. Nunca se pensou tanto na criança, (pelo menos num primeiro plano porque sabemos que a realidade é bem diferente), com um estado fazedor de leis ao dia, escola com estratégias caducas e organizativas, brinquedos, jogos e materiais nada amigos do ambiente que apregoam ser essenciais no estímulo da criança, tudo respostas rápidas da sociedade rápida do esforço imediato mas da consciência lenta…no fim apenas sentimos que tudo falha. A partir do momento em que a criança nasce, já os seus pais, confiantes ser este o melhor futuro para os seus filhos e filhas, trabalham e vivem em função das necessidades (maioritariamente materiais) que pensam ser importantes para a criança. Vivem numa angústia para lhes dar o último brinquedo, a melhor escola, a roupa de marca, as actividades que acham importantes, o melhor creme, a alimentação tida como ideal e que algum especialista na TV diz ser recomendada. Entre esta pressão tremenda e a indisponibilidade de tempo e paciência que tudo isto provoca, quando é que a criança é ouvida e entendida? Os pais trabalham em função das supostas necessidades dos filhos sem perceberem que a criança traz sabedoria e é um ser individual, que precisa acima de tudo de amor e tempo para os laços parentais fluírem. O sistema familiar está assente numa espécie de cobrança a tempo incerto. Dá-se à criança um sem número de objectos que não precisa e actividades para que esta seja a melhor no plano sonhado pelos pais, e no meio deste corre corre de boa vontade e inconsciência a/o pequena/o perde a ligação com a sua consciência primordial, bem mais acurada que a dos adultos.
Castra-se a criança por amor.
Este espaço surge na vontade de alcançar o que no mais íntimos sentimos. É fundamental cuidar sem proteger demasiado, é possível viver através da plena consciência da liberdade através da experiencia pessoal e comunitária, desde o momento da sua gestação. Precisamos de pensar o percurso vivencial “sem pressões ou restrições competitivas, e o seu crescimento (da criança) deflagra na expressão”.
Se nascessemos outra vez, o que poderíamos fazer?
Sinto a necessidade de refazer pilares, pensando assertivamente e em liberdade, em união com a natureza e repeito por todos os animais e elementos que a compõem. Já trago a marca de 24 anos de educação e vivência alheada, numa sociedade que me impurra no escuro a ser à imagem e semelhança de todos, a hipocrisia e apatia infinita.
Aqui não há tempo, só uma vontade de aprender o caminho de novo até nós.
E é nesta negação do que fomos obrigados a viver, principalmente pelos que ainda virão, que sinto urgir a procura de alternativas, na esperança de, um dia, os filhos do mundo sejam seres integrados no fluxo completo da existência, para sentirem em pleno esta experiência fantástica que é viver. e somos todos, sem idade credo, cor filhos e filhas do mundo.

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