segunda-feira, 18 de julho de 2011



A Doença da Escolaridade Obrigatória: como as crianças absorvem valores fascistas, por Chris Shute


Este livro não é um livro escrito por um perito a fim de influenciar o pensamento de outros especialistas. É um livro baseado na experiência acumulada por um professor.

Digam o que disserem, as escolas estão a inculcar hábitos de subserviência na maioria dos jovens. E há argumentos sedutores para mantermos as crianças sob um controle estrito: torna-as mais fáceis de manusear, o que agrada os pais, enquanto que a sociedade em geral sente-se mais descansada, pois parece tornar mais segura e previsível a tarefa de tomar responsabilidade pela educação das crianças. No entanto, ao crescerem, muitos estudantes tornam-se taciturnos, anti-sociais e "filisteus"[1]. O processo parece ser satisfatório, mas os resultados são deploráveis.

Depois de 25 anos como professor, Chris Shute viu que estava envolvido numa forma microcósmica de fascismo. O livro demonstra como a escolaridade obrigatória, com seu imposto aparato de disciplina e controle, é perigosa para a saúde mental e o desenvolvimento social das crianças, e é de facto a causa de muitos problemas sociais que alega curar.

Shute tem a esperança de que um dia as crianças terão a possibilidade de utilizar as escolas como acha que estas deveriam ser usadas, como lugares onde qualquer pessoa que queira ajuda nos seus estudos possa recebê-la. Até então, Shute limita-se a comentar sobre as escolas tal como são actualmente, desafiando-nos a considerar a possibilidade de que o seu regime escraviza as mentes das crianças em vez de as libertar.






Video: Aprender em Liberdade

learn Free é um documentário sobre o unschooling (desescolarização), uma filosofia educacional que afirma que as crianças aprendem melhor seguindo os seus próprios interesses e vivendo a vida.


Video aqui

Princípios do Unschooling

A aprendizagem é constante. O cérebro nunca pára de funcionar e é impossível dividir o tempo em "períodos de aprendizagem" versus "períodos de não-aprendizagem." Tudo o que se passa à nossa volta, tudo o que vemos, ouvimos, tocamos, cheiramos e saboreamos resulta em aprendizagem.

A aprendizagem não requer coerção. Na verdade, a aprendizagem não pode ser forçada e nunca ocorre quando vai contra a vontade da pessoa. Coerção é desagradável e cria resistência.

Aprender sabe bem. É algo que dá prazer, algo intrinsecamente gratificante. Recompensas irrelevantes podem ter efeitos secundários indesejados que não apoiam a aprendizagem.

A aprendizagem é interrompida quando a pessoa está confusa. Toda aprendizagem deve ser construida no que já é conhecido.

A aprendizagem torna-se difícil quando estamos convencidos que aprender é difícil. Infelizmente, a maioria dos métodos de ensino parte do princípio de que a aprendizagem é difícil e que o que é realmente "ensinado" aos alunos é a lição.

A aprendizagem tem de ser significativa. Quando não entendemos o seu propósito, quando não compreendemos a sua utilidade nem percebemos como é que a informação se relaciona com o "mundo real", então a aprendizagem é superficial e temporária, e não uma "verdadeira" aprendizagem.

A aprendizagem é muitas vezes incidental. Isto significa que nós aprendemos quando estamos completamente envolvidos em actividades que gostamos, que fazemos por prazer, e que a aprendizagem acontece como uma espécie de "efeito secundário".

A aprendizagem é muitas vezes uma actividade social e não algo que acontece em isolação dos outros. Aprendemos com pessoas que têm as competências e conhecimentos em que estamos interessados e que nos deixam aprender com elas numa variedade de maneiras.

Não precisamos de fazer testes nem de ser avaliados para sabermos o que é que já aprendemos. A aprendizagem será demonstrada ao usarmos as nossas novas habilidades e ao falarmos com conhecimento sobre determinados tópicos

Os sentimentos e o intelecto não estão em oposição nem estão separados. Toda aprendizagem envolve tanto as emoções como o intelecto.

Aprender exige uma sensação de segurança. O medo bloqueia a aprendizagem. A vergonha e o constrangimento, tal como o stress e a ansiedade, bloqueiam a aprendizagem.

Original aqui.

Não-Escola, o que é isto?

O movimento não-escola



Não-escola (unschooling) é um termo criado pelo escritor e educador John Holt. É, na sua essência, equivalente à aprendizagem autónoma - uma aprendizagem natural, orgânica, eclética, motivada pelos interesses intrínsecos e dirigida pelas próprias crianças e jovens.

O termo não-escola é geralmente usado para qualquer tipo de educação que não segue um currículo fixo, mesmo que não seja completamente autónoma. Na prática, existem vários graus de autonomia.

Uma possível diferença entre os dois termos poderá ser que, enquanto não-escola se refere à prática da aprendizagem autónoma feita a partir de casa, com os pais como facilitadores, a aprendizagem autónoma pode ter lugar dentro de contextos mais institucionais como, por exemplo, em escolas democráticas.

Pat Farenga, um dos líderes do movimento da não-escola nos E.U., define a não-escola como "permitir aos filhos tanta liberdade de aprender quanto os pais consigam confortavelmente dar". Uma vantagem da não-escola é que não exige que os pais assumam um papel diferente, ou seja, o papel do professor profissional que, seguindo o seu plano, enche os miúdos de conhecimentos.

Em vez disso, vivem e aprendem juntos, procurando respostas a perguntas que surgem no decorrer do dia e seguindo os interesses que vão surgindo naturalmente, utilizando métodos mais convencionais caso o queiram fazer. Esta é a forma como aprendemos antes de irmos para a escola e quando saímos dela e entramos no mundo do trabalho.

Assim, por exemplo, uma criança interessada em carrinhos pode querer saber como é que os motores funcionam (ciência), quando é que os carros começaram a ser construídos (história), quem inventou o carro (biografia), etc. Estes interesses podem levar à leitura de livros relacionados, a projectos ou até a cursos, mas a principal diferença é que estas actividades são escolhidas pela criança e feitas de livre vontade. Não foram impostas, mesmo que os pais mais activos influenciem e orientem as suas escolhas.

A não-escola, por falta de um termo melhor (até as pessoas começarem a aceitar a vida como parte integral da aprendizagem), é a forma natural de aprender. No entanto, isto não significa que não se tenham aulas tradicionais ou que não se utilizem matérias curriculares quando os miúdos, eles mesmos ou juntamente com os pais, decidem que é isso que querem fazer.

Embora aprender a ler ou a fazer equações quadráticas não sejam processos "naturais", as crianças e jovens que seguem a abordagem da não-escola aprendem tudo isso e muito mais quando lhes faz sentido fazê-lo, e não por terem atingido determinada idade ou por serem obrigadas a fazê-lo por uma autoridade arbitrária.

Assim, não é incomum encontrar crianças a estudar astronomia antes dos oito anos ou crianças a aprender a ler depois dos dez. Na prática, o método não-escola é, no Reino Unido, o método mais popular do ensino doméstico (e é encorajado pela associação nacional do ensino doméstico Education Otherwise. Há também um grande movimento não-escola nos E.U., apoiado pela revista Crescer Sem Escola, de John Holt.


A importancia de confiar nas crianças

Laurie A. Couture fala sobre a importância de confiar na capacidade inata para aprender que todas as crianças possuem, num excerpto do documentário Class Dismissed: Educação e a Ascensão do Ensino Doméstico nos EUA.

Por algum motivo, o sistema não confia no processo orgânico das crianças. Mal elas nascem, tentam forçá-las a fazer algo; tentam forçá-las a ficar de pé, a balbuciar qualquer coisa, a... como se fossem marionetas! E mal atingem os 2 anos de idade começam logo a submetê-las a este processo "educacional" de aprendizagem, de aprender as cores, os animais, a dizer o seu nome, a aprender coisas que seria impossivel que não aprendessem simplesmente através da sua existência. Qualquer criança aprenderia rapidamente os animais mesmo que não fosse ensinada porque as crianças aprendem essas coisas naturalmente. Deixem-me explicar de outra forma: o gênio é muito comum; o problema é que nós reprimimos, sufocamos, esmagamos o gênio das crianças porque não confiamos neste processo orgânico.

Einstein diz..

"Para mim, a escola parece ser a pior coisa, principalmente por usar métodos como o medo, a coerção e a autoridade artificial. Esse tratamento destrói os sentimentos sadios, a sinceridade e a autoconfiança dos alunos e produz sujeitos subservientes."

"Devemos evitar pregar o sucesso aos jovens da forma habitual, como o principal objectivo da vida. O motivo mais importante para trabalhar, na escola e na vida, é o prazer: o prazer de trabalhar, o prazer de ver o resultado do nosso trabalho, e o prazer de saber o valor que esse resultado tem para a comunidade."

***

"Para sermos membros imaculados do rebanho, primeiro temos que ser, nós próprios, carneiros."

"A minoria, a classe dominante actual, tem sob seu controlo a escola, a imprensa e geralmente também a Igreja. Isso permite-lhe organizar e influenciar as emoções das massas e fazer delas sua ferramenta."

Albert Einstein, carta a Sigmund Freud, 30 Julho 1932

Abandono Escolar? Não! Descolarizar

"A aprendizagem não acontece apenas dentro de 4 paredes - a escolaridade sim - e estas duas são muito diferentes", diz Nielsen. Seu subversivo guia para adolescentes The Teenagers Guide to Opting Out Not Dropping Out explica por que ideias educacionais como a aprendizagem natural e o unschooling são importantes: por serem centradas no estudante, iniciadas pelos próprios jovens. Diz que não devemos dividir a aprendizagem por temas ou locais. Em vez disso, o mundo em que vivemos é o ambiente ideal de aprendizagem e vamos aprendendo nas coisas que nos despertam o interesse.
The-Teenagers-Guide-to-Opting-Out-Not-Dropping-Out-of-School

Educação ou Obrigação?

Em sociedades como a nossa, estamos tão acostumados à ideia da escolaridade obrigatória para as nossas crianças, que agora ela parece ser tão inevitável como a morte e os impostos. Mas a verdade é que o argumento intelectual para a compulsão é extremamente fraco e os factos empíricos demonstram a sua absurdidade. Por exemplo, o absentismo escolar, tanto da escola como das aulas, ocorre numa escala enorme em todas as sociedades livres. Muitas crianças, quando não querem, simplesmente não vão às aulas. Obviamente a educação é obrigatória apenas de jure, embora a maioria das pessoas, cumpridoras da lei, pense que isso seja o mesmo que um requisito de facto. Outra consideração importante é a impropriedade de obrigar as crianças a frequentar a escola à força quando o sistema de educação é tão fraco.

O ensino e a aprendizagem são essenciais para a modernidade. Isso não está em questão. Mas a frequência obrigatória é uma ideia muito problemática, tal como sua prática. Este conceito precisa de ser submetido a um debate público. E temos de começar com as palavras "educação obrigatória". Filosoficamente, "educação" é a mais elevada das palavras que implicam a transmissão deliberada de informação de uma pessoa a outra, numa lista de palavras que inclui também "formação", "instrução", "escolaridade", "doutrinação", etc.

Primeiro, os dois componentes de "educação obrigatória" são mutuamente contraditórios, um oximoro. Poderíamos dizer, como Hobhouse em Rousseau, que:

"Na medida em que é educacional,

não pode ser obrigatório;
E na medida em que é obrigatório,
não pode ser educacional"

Sim, poderíamos dizer o mesmo. No entanto, o caso a favor ou contra a compulsão talvez deva ser governado pela definição usada. Nos últimos anos, duas definições principais têm sido usadas no meio acadêmico em geral.

Para R.S. Peters, ex-decano de filosofia da educação, a educação é a busca do conhecimento para fins intrínsecos feita num espírito de livre vontade e dentro de uma perspectiva cognitiva aberta. Então esta definição não suporta a prática da compulsão. (...)

Podemos talvez preferir uma definição de educação essencialmente moral. Podemos vê-la como a busca do bem. Esta visão é tão antiga (como a outra) - remonta a Platão - e historicamente é mais comum. Actualmente é a preferida de John White, social-democrata liberal. Atrai concerteza sociedades modernas ameaçadas pelo crime e pela inutilidade moral e intelectual de tantos pais.

No entanto, esta abordagem também se afunda: podemos obrigar alguém a buscar o bem? Se eu te aprisionar talvez possa fazer com que não faças certas coisas, mas poderei alguma vez obrigar-te a optar pela virtude?

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