domingo, 7 de março de 2010

Pedagogia Waldorf

Texto encontrado em http://um-pe-la.outro-ca.com. Penso que está simples e bastante completo, com importantes para uma noção introdutória da pedagogia waldorf, por isso partilho-o, espero que gostem.

"Rudolf Steiner, fundador dessa linha pedagógica, foi filósofo, educador, cientista, artista. Homem único a inovar, orientar seus seguidores, e obter resultados surpreendentes nas áreas da medicina antroposófica, farmácia Weleda, educação, euritmia, terapia artística, agricultura biodinâmica entre outras.

No ramo da educação, Steiner foi o único a incorporar a visão esotérica de que somos compostos de corpo, mente e espírito na sua metodologia. Em suas pesquisas sobre o ser humano em desenvolvimento, Steiner constatou que nós seres humanos ao nascermos ainda temos um longo caminho para atingirmos proficiência física, mental e espiritual. Em sua pedagogia, respeitando essa visão, ele recomenda que até os 7 anos a criança seja estimulada a desenvolver plena capacidade física, brincar explorando o seu potencial físico, pular, equilibrar-se, correr, subir em árvores, pular corda. Nesta faixa etária, não é recomendado o estímulo intelectual, pois segundo Steiner esta atividade afetaria as forças de desenvolvimento que nesta época deveriam estar concentradas no físico. Assim, na pedagogia Waldorf, a criança só será alfabetizada a partir dos 7 anos.

Outra recomendação que Steiner faz para os primeiros 7 anos é de que os brinquedos oferecidos para as crianças sejam naturais e sem muitos detalhes. Em sua visão, o acto de brincar deveria servir para o desenvolvimento da imaginação. Ao darmos brinquedos muito elaborados aos nossos pequenos estamos podando a sua capacidade criativa. Um carro de polícia a pilha, será somente isso, um carro de polícia e ainda anda sozinho. Não é de admirar que as crianças logo percam o interesse nesse tipo de brinquedo. Mas, se o carro for de madeira crua, ele poderá num momento ser o carro do papa, em outro a polícia, ou ambulância; e a criança terá que empurrá-lo para fazê-lo chegar ao destino imaginado. O mesmo pode se dizer das bonecas, a boneca quase perfeita, com um sorriso constante em sua face, sempre jovem, limitará a fantasia das meninas; ao contrário, as bonecas de pano, sem rosto definido pode ser o que elas imaginarem, a vovó, a professora, a amiga.

Os brinquedos têm um papel importante no desenvolvimento da criança. Brincando a criança exercita e expande sua criatividade, imaginação e ao mesmo tempo vai adquirindo novas abilidades através do fazer-de-conta. Desta forma, os brinquedos utilizados nas escolas Waldorf são especialmente desenhados e fabricados para atender aos objetivos acima mencionados. Aqui deixo a dica de onde encontrar tais brinquedos antroposóficos.

O que escrevi acima se refere ao que guardo na memória do tempo em que fiz o Seminario Pedagógico. Os livros que recomendo são: Educação Para a Liberdade – A Pedagogia de Rudolf Steiner – Frans Carigren/Arne Klingborg, Criança Querida (1) – Renate Keller Ignácio, A Arte da Educação (1) – Rudolf Steiner, Minha Criança Querida – Karin Evelyn Scheven, A Pedagogia Waldorf – Rudolf Lanz.

sábado, 6 de março de 2010

IV Curso de Introdução à Permacultura na Quinta dos 7 Nomes “Construção consciente de ecossistemas naturais e humanos”

APRENDA A OBSERVAR A NATUREZA E A DESCOBRIR ALGUNS DOS SEUS
SEGREDOS

INSCRIÇÕES: quinta7nomes@gmail.com; rouxinolazul@gmail.com

LOCAL: — QUINTA DOS SETE NOMES—BANZÃO, COLARES—SINTRA

http://www.quinta7nomes.weebly.com

€20 PARTICIPAÇÃO PARA CADA DIA

INÍCIO A 27 DE MARÇO DE 2010

27.MARÇO: 1— CONCEITOS E PRINCÍPIOS DA PERMACULTURA
10.ABRIL: 2— A CHAVE DA PRODUTIVIDADE: CONSTRUÇÃO DE SOLO
24.ABRIL: 3— A CHAVE DA SOBREVIVÊNCIA: “FOOD FOREST” /
A ÁRVORE E AS TRANSACÇÕES DE ENERGIA
01.MAIO: 4— A CHAVE DA VIDA: ÁGUA / CAPTAÇÃO DE ÁGUA / “KEYLINE SYSTEM”
15.MAIO: 5— A CHAVE DA MUDANÇA: CRIAÇÃO DE ECOSSISTEMAS HUMANOS /
O PODER DA COMUNIDADE
29.MAIO: 6— A CHAVE DA EFICIÊNCIA: MÉTODOS DE PLANEAMENTO /
COMPREENSÃO DOS PADRÕES NATURAIS
12.JUNHO: 7— A INTEGRAÇÃO DA VIDA DO HOMEM NA NATUREZA:
ARQUITECTURA BIOCLIMÁTICA E AUTO-SUSTENTÁVEL

SÁBADOS - 14H00 ÀS 18H00
TEÓRICO E PRÁTICO

FORMADOR: JOÃO JORGE - rouxinolazul@gmail.com

LICENCIADO EM ARQUITECTURA E URBANISMO—FORMADO EM PERMACULTURA COM O “PERMACULTURE DESIGN
COURSE CERTIFICATE” PELO “THE PERMACULTURE INSTITUTE”, AUSTRÁLIA COM OS PROFESSORES:
BILL MOLLISON, GEOFF LAWTON

4º CURSO PERMACULTURA - Curso Introdutório

Visit Permacultura Portugal

sexta-feira, 5 de março de 2010

Recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde)

A) Condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas


Plano individual determinando onde e por quem o parto será realizado, feito em conjunto com a mulher durante a gestação, e comunicado a seu marido/ companheiro e, se aplicável, a sua família.


Avaliar os fatores de risco da gravidez durante o cuidado pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde e no momento do primeiro contato com o prestador de serviços durante o trabalho de parto e parto.


Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher ao longo do trabalho de parto e parto, assim como ao término do processo do nascimento.


Oferecer líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto.


Respeitar a escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações.


Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante.


Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto.


Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto.


Respeitar a escolha da mulher quanto ao acompanhante durante o trabalho de parto e parto.


Oferecer às mulheres todas as informações e explicações que desejarem.


Não utilizar métodos invasivos nem métodos farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto e parto e sim métodos como massagem e técnicas de relaxamento.


Fazer monitorização fetal com auscultação intermitente.


Usar materiais descartáveis ou realizar desinfeção apropriada de materiais reutilizáveis ao longo do trabalho de parto e parto.


Usar luvas no exame vaginal, durante o nascimento do bebê e na dequitação da placenta.


Liberdade de posição e movimento durante o trabalho do parto.


Estímulo a posições não supinas (deitadas) durante o trabalho de parto e parto.


Monitorar cuidadosamente o progresso do trabalho do parto, por exemplo pelo uso do partograma da OMS.


Utilizar ocitocina profilática na terceira fase do trabalho de parto em mulheres com um risco de hemorragia pós-parto, ou que correm perigo em consequência de uma pequena perda de sangue.


Esterilizar adequadamente o corte do cordão.


Prevenir hipotermia do bebê.


Realizar precocemente contato pele a pele, entre mãe e filho, dando apoio ao início da amamentação na primeira hora do pós-parto, conforme diretrizes da OMS sobre o aleitamento materno.


Examinar rotineiramente a placenta e as membranas.




B) Condutas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas


Uso rotineiro de enema.


Uso rotineiro de raspagem dos pelos púbicos.


Infusão intravenosa rotineira em trabalho de parto.


Inserção profilática rotineira de cânula intravenosa.


Uso rotineiro da posição supina durante o trabalho de parto.


Exame retal.


Uso de pelvimetria radiográfica.


Administração de ocitócicos a qualquer hora antes do parto de tal modo que o efeito delas não possa ser controlado.


Uso rotineiro da posição de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto e parto.


Esforços de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o período expulsivo.


Massagens ou distensão do períneo durante o parto.


Uso de tabletes orais de ergometrina na dequitação para prevenir ou controlar hemorragias.


Uso rotineiro de ergometrina parenteral na dequitação.


Lavagem rotineira do útero depois do parto.


Revisão rotineira (exploração manual) do útero depois do parto.




C) Condutas frequentemente utilizadas de forma inapropriadas


Método não farmacológico de alívio da dor durante o trabalho de parto, como ervas, imersão em água e estimulação nervosa.


Uso rotineiro de amniotomia precoce (romper a bolsa d’água) durante o início do trabalho de parto.


Pressão no fundo uterino durante o trabalho de parto e parto.


Manobras relacionadas à proteção ao períneo e ao manejo do polo cefálico no momento do parto.


Manipulação ativa do feto no momento de nascimento.


Utilização de ocitocina rotineira, tração controlada do cordão ou combinação de ambas durante a dequitação.


Clampeamento precoce do cordão umbilical.


Estimulação do mamilo para aumentar contrações uterinas durante a dequitação.




D) Condutas frequentemente utilizadas de modo inadequado


Restrição de comida e líquidos durante o trabalho de parto.


Controle da dor por agentes sistêmicos.


Controle da dor através de analgesia peridural.


Monitoramento eletrônico fetal .


Utilização de máscaras e aventais estéreis durante o atendimento ao parto.


Exames vaginais freqüentes e repetidos especialmente por mais de um prestador de serviços.


Correção da dinâmica com a utilização de ocitocina.


Transferência rotineira da parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto.


Cateterização da bexiga.


Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a própria mulher sinta o puxo involuntário.


Adesão rígida a uma duração estipulada do segundo estágio do trabalho de parto, como por exemplo uma hora, se as condições maternas e do feto forem boas e se houver progresso do trabalho de parto.


Parto operatório (cesariana).


Uso liberal ou rotineiro de episiotomia.


Exploração manual do útero depois do parto.

O Nascimento dos Mamíferos Humanos - artigo de opinião

Michel Odent
Obstetra

Todos os mamíferos dão à luz graças à súbita libertação de um fluxo de hormonas. Uma destas hormonas, a oxitocina, desempenha um papel importantíssimo. Ela é necessária para a contracção do útero, para os bebés nascerem e as placentas saírem. Está implicada na indução do amor maternal: é o componente principal de um verdadeiro ‘cocktail de hormonas do amor’.

Todos os mamíferos podem também libertar uma hormona de emergência denominada adrenalina, cujo efeito é interromper a libertação de oxitocina. A hormona de emergência adrenalina é libertada em particular quando existe uma possibilidade de perigo.

O facto de a adrenalina e a oxitocina serem antagonistas explica que a necessidade básica de todos os mamíferos ao dar à luz é sentirem-se seguros. Num ambiente selvagem, uma fêmea não consegue dar à luz quando houver uma possibilidade de perigo, por exemplo na presença de um predador. Nesse caso é vantajoso libertar adrenalina, que leva mais sangue aos músculos junto ao esqueleto e dá mais energia para lutar ou fugir; é também vantajoso parar de libertar oxitocina, para atrasar o processo do nascimento. Na verdade há uma grande diversidade de situações associadas à libertação de adrenalina.

Os mamíferos libertam adrenalina quando se sentem observados. É evidente que todos confiam numa estratégia especial para não se sentirem observados ao dar à luz: a privacidade é obviamente outra necessidade básica. A hormona de emergência também está implicada na regulação térmica. Num ambiente frio, um dos papéis bem conhecidos da adrenalina é induzir o processo de vasoconstrição. Este facto explica que, para dar à luz, os mamíferos necessitam de estar num local suficientemente quente, segundo a adaptabilidade da espécie. Uma vez que os humanos são mamíferos, estas considerações fisiológicas sugerem que, para dar à luz, as mulheres devem sentir-se seguras sem se sentir observadas, num local suficientemente quente.

As desvantagens humanas

Embora a perspectiva fisiológica possa identificar facilmente as necessidades básicas das parturientes, pode também facilitar a compreensão das desvantagens específicas dos seres humanos no período do nascimento. As desvantagens humanas estão relacionadas com o enorme desenvolvimento daquela parte do cérebro denominada neocórtex. É graças ao nosso enormemente desenvolvido neocórtex que conseguimos falar, contar e ser lógicos e racionais. O nosso neocórtex é originalmente uma ferramenta que serve a velha estrutura cerebral como forma de suportar o nosso instinto de sobrevivência. O que interessa é que a sua actividade tem tendência a controlar estruturas cerebrais mais primitivas e a inibir o processo do nascimento (e também qualquer tipo de experiência sexual).

A natureza encontrou uma solução para ultrapassar a desvantagem humana no período do nascimento. O neocórtex deve estar em descanso, para que as estruturas cerebrais primitivas possam mais facilmente libertar as hormonas necessárias. É por isto que as mulheres que dão à luz tem tendência a isolar-se do mundo, a esquecer o que leram ou aquilo que lhes ensinaram; atrevem-se a fazer o que nunca se atreveriam a fazer no dia a dia social (gritar, praguejar, etc.); podem encontrar-se nas posturas mais inesperadas; já ouvi mulheres dizerem posteriormente: ‘Estava noutro planeta’. Quando uma mulher em trabalho de parto se encontra ‘noutro planeta’, isto significa que a actividade do neocórtex foi reduzida. Esta redução da actividade do neocórtex é um aspecto essencial da fisiologia do parto entre os seres humanos.

Este aspecto da fisiologia do parto implica que uma das necessidades básicas das parturientes é serem protegidas contra qualquer tipo de estimulação do neocórtex. De um ponto de vista prático, é útil explicar o que isto significa e analisar os factores conhecidos que podem estimular o neocórtex humano.

A linguagem, particularmente a linguagem racional, é um desses factores. Quando comunicamos com a linguagem, processamos aquilo que captamos com o neocórtex. Isto implica, por exemplo, que se houver alguém a assistir ao parto, uma das principais qualidades deve ser a capacidade de manter um perfil baixo e permanecer silencioso, e em particular evitar fazer perguntas directas. Imagine uma mulher em trabalho de parto e já "noutro planeta". Atreve-se a gritar; atreve-se a fazer coisas que de outra forma nunca faria; esqueceu-se do que lhe ensinaram e dos livros que leu; perdeu o sentido do tempo e depois encontra-se na posição inesperada de ter de responder a alguém que pretende saber quando urinou pela última vez! Embora seja aparentemente simples, vai provavelmente demorar muito tempo a redescobrir que um assistente de nascimento deve manter-se o mais silencioso possível.

Luzes fortes são outro factor que estimula o neocórtex humano. Os electroencefalógrafos sabem que a actividade cerebral que explora traços pode ser influenciada pelos estímulos visuais. Normalmente fechamos as cortinas e desligamos a luz quando pretendemos reduzir a actividade do nosso intelecto para dormirmos. Isso implica que, de uma perspectiva fisiológica, uma luz fraca deve em geral facilitar o processo do nascimento. Vai também levar algum tempo a convencer muitos profissionais da saúde de que se trata de um problema sério. É notável que logo que a parturiente se encontra ‘noutro planeta’ é espontaneamente levada a posturas que tendem a protegê-la de todos os tipos de estímulos visuais. Por exemplo, pode ficar de gatas, como se rezasse. Para além de reduzir as dores nas costas, esta postura comum tem muitos efeitos positivos, tais como eliminar a principal razão da angústia fetal (compressão dos grandes vasos ao longo da coluna) e facilitar a rotação do corpo do bebé.

A sensação de ser observada pode também ser apresentada como outro tipo de estímulo do neocórtex. A resposta fisiológica à presença de um observador já foi objecto de estudos científicos. Na verdade, é do conhecimento comum que todos nos sentimos diferentes quando sabemos que estamos a ser observados. Por outras palavras, a privacidade é um factor que facilita a redução do controlo do neocórtex. É irónico que todos os mamíferos não humanos, cujo neocórtex não está tão desenvolvido como o nosso, tenham uma estratégia para dar à luz em privacidade; os que estão normalmente activos à noite, como os ratos, têm tendência a dar à luz durante o dia, e pelo contrário outros, como os cavalos, que estão activos durante o dia, têm tendência para dar à luz durante a noite. As cabras selvagens dão à luz nas áreas mais inacessíveis das montanhas. Os chimpanzés, nossos parentes próximos, também se afastam do grupo. A importância da privacidade implica, por exemplo, que existe uma diferença entre a atitude de uma parteira que se coloca em frente a uma parturiente e a observa, e outra que se limita a sentar-se perto dela. Também implica que deveríamos ser relutantes ao introduzir qualquer dispositivo que possa ser considerado uma forma de observar, seja uma câmara de vídeo ou um monitor fetal electrónico.

Na verdade, qualquer situação com probabilidades de disparar uma libertação de adrenalina pode também ser considerada um factor com tendência a estimular o neocórtex.

As dificuldades mecânicas do nascimento do Homo Sapienstambém se relacionam com o desenvolvimento do cérebro. No final da gravidez, o diâmetro mais pequeno da cabeça do bebé (que não é exactamente uma esfera) é mais ou menos o mesmo que o diâmetro maior da pélvis da mãe (que não é exactamente um cone). O processo evolucionário adoptou uma combinação de soluções para atingir os limites do que é possível.

A primeira solução foi tornar a gravidez o mais curta possível, para que, de certa forma, o bebé humano nasça prematuramente. Além disso descobrimos recentemente que a mãe grávida pode, até certo ponto, adaptar o tamanho do feto ao seu próprio tamanho, modulando o fluxo sanguíneo e a disponibilidade de nutrientes ao feto. Por isso é que as mães de aluguer mais pequenas com embriões de pais genéticos muito maiores dão à luz bebés mais pequenos do que se espera.

De um ponto de vista mecânico, a cabeça do bebé deve estar o mais flexibilizada possível, para que o diâmetro mais pequeno se apresente antes da espiral descendente para sair da pélvis materna. O nascimento dos seres humanos é um fenómeno complexo e assimétrico, sendo a pélvis materna mais larga transversalmente à entrada e mais larga longitudinalmente à saída. Um processo de ‘modulação’ pode mudar ligeiramente a forma do crânio do bebé, se necessário.

Ao mencionar as particularidades mecânicas do nascimento humano, não podemos evitar referências e comparações com os chimpanzés, nossos parentes próximos. A cabeça de um chimpanzé bebé no fim da gravidez ocupa um espaço significativamente mais pequeno na pélvis materna, e a vulva da mãe está perfeitamente centrada, para que a descida da cabeça do bebé seja o mais simétrica e directa possível. Parece que desde que nos separámos dos outros chimpanzés e ao longo da evolução da espécie hominídea tem havido um conflito entre o caminhar erecto sobre dois pés e, ao mesmo tempo, uma tendência para um cérebro cada vez maior. O cérebro do Homo moderno é quatro vezes maior que o cérebro da nossa famosa antepassada Lucy. Existe um conflito na nossa espécie porque a pélvis adaptada à postura erecta deve ser estreita para permitir que as pernas se aproximem sob a coluna vertebral, o que facilita a transferência de forças das pernas para a coluna vertebral durante a corrida. Uma postura erecta é o pré-requisito para o desenvolvimento do cérebro. Conseguimos transportar pesos pesados na cabeça quando estamos levantados. Os mamíferos que andam sobre quatro patas não conseguem fazê-lo. Aparentemente, é por isso que o processo de evolução encontrou outras soluções que não uma pélvis feminina alargada para tornar possível o nascimento do ‘primata com o cérebro grande’: quanto mais rapidamente corriam os nossos antepassados, mais probabilidades tinham de sobreviver.

Ambientes culturais


Outra diferença entre os humanos e os outros mamíferos é que os efeitos de um processo de nascimento perturbado no comportamento materno são muito mais evidentes a um nível individual em mamíferos não humanos.

Inúmeras experiências confirmaram que o comportamento maternal de mamíferos não humanos pode ser dramaticamente perturbado pela anestesia geral. Há quase um século, na África do Sul, Eugene Marais fazia experiências para confirmar a sua intuição de poeta segundo a qual existe uma ligação entre a dor do nascimento e o amor materno.(1) Estudou um grupo de sessenta gamos Kaffir, sabendo que não havia registo de sequer uma mãe que rejeitasse uma cria desde há quinze anos. Administrou às fêmeas em trabalho de parto um pouco de clorofórmio e éter, reparando que as mães posteriormente se recusavam a aceitar os recém-nascidos. O comportamento maternal foi também muito perturbado pela anestesia local. Na década de 1980, Krehbiel e Poindron estudaram os efeitos da anestesia epidural entre as ovelhas em trabalho de parto.(2) Os resultados deste estudo resumem-se facilmente: quando as ovelhas dão à luz com anestesia epidural, não tratam dos cordeiros.

Hoje em dia, são comuns as cesarianas na medicina veterinária, particularmente entre os cães. Isto é possível desde que os seres humanos compensem um comportamento maternal frequentemente inadequado, prestem assistência ao processo da amamentação e forneçam, se necessário, substitutos comerciais do leite canino. Os efeitos de uma cesariana no comportamento maternal dos primatas estão bem documentados, porque diversas espécies de macacos são utilizados como animais de laboratório. É este o caso dos ‘macacos-caranguejeiros’ e dos macacos Rhesus.(3) Nestas espécies, as mães não tomam conta dos bebés após uma cesariana; o pessoal do laboratório tem de espalhar as secreções vaginais no corpo do bebé para induzir o interesse da mãe pelo recém-nascido.

Não é necessário multiplicar os exemplos de experiências com animais e observações por veterinários e cientistas que lidam com primatas para convencer ninguém de que uma cesariana, ou simplesmente a anestesia necessária para a operação, pode alterar dramaticamente o comportamento materno dos mamíferos em geral.

Neste aspecto os seres humanos são especiais. Milhões de mulheres em todo o mundo tomam conta dos bebés após uma cesariana, um parto com epidural ou um ‘parto com sedação total’.

Sabemos por que razão o comportamento dos seres humanos é mais complexo e mais difícil de interpretar que o comportamento dos outros mamíferos, incluindo primatas.(4) Os seres humanos desenvolveram formas sofisticadas de comunicar. Falam. Criam culturas. O seu comportamento é influenciado menos directamente pelo equilíbrio hormonal e mais directamente pelo ambiente cultural. Quando uma mulher descobre que está à espera de bebé, pode antecipar a demonstração de alguns comportamentos maternais. Mas isto não significa que não possamos aprender com os mamíferos não humanos. As respostas comportamentais espectaculares e imediatas indicam as questões que deveríamos levantar sobre nós mesmos.

No que toca aos seres humanos, as perguntas devem incluir termos como “civilização” ou “cultura”. Por exemplo, se os outros mamíferos não cuidam dos bebés após uma cesariana, devemos em primeiro lugar perguntar-nos: ‘Qual o futuro de uma civilização nascida de cesariana?’

Os ambientes culturais não só atenuam os efeitos de uma alteração no equilíbrio hormonal durante o processo de nascimento como podem também interferir com o processo do nascimento. Por outras palavras, todas as sociedades que conhecemos perturbam os processos fisiológicos que rodeiam o nascimento.

Interferem através dos assistentes de nascimento que frequentemente estão activos e até invasivos. Originalmente, as mulheres tinham provavelmente uma tendência para dar à luz junto à mãe ou a outra mulher experiente da família ou da comunidade. São estas as raízes das parteiras. Uma parteira é originalmente uma figura maternal. Num mundo ideal, a nossa mãe é o protótipo da pessoa com quem nos sentimos seguros sem nos sentirmos observados nem julgados. Em muitas sociedades, o assistente do nascimento tornou-se um guia e ajudante.

A transmissão de crenças e rituais é a forma mais poderosa de controlar o processo do nascimento e particularmente a fase do trabalho de parto entre o nascimento do bebé e a saída da placenta. Mencionemos apenas, como exemplo, a crença de várias culturas segundo a qual o colostro é impuro ou prejudicial, até mesmo uma substância a extrair e eliminar. Esta atitude negativa relativamente ao colostro implica que, imediatamente após o nascimento, o bebé deva estar nos braços de outrem que não a mãe. É esta a origem de um ritual generalizado e enraizado, que é o de nos despacharmos para cortar o cordão.

Não conseguimos elaborar uma lista exaustiva de todas as crenças e rituais conhecidos que perturbam os processos fisiológicos. Também não conseguimos mencionar todas as crenças que reforçam a atitude comum relativamente ao colostro. É este o caso, por exemplo, das crenças partilhadas por diversos grupos étnicos da África Ocidental segundo as quais a mãe não deve olhar para os olhos do recém-nascido, para que ‘os maus espíritos não entrem no corpo do bebé’.

Devemos tomar consciência de que o ambiente cultural do séc. XXI está a transmitir as suas próprias crenças, particularmente no que diz respeito ao estabelecimento do parto natural. Estas crenças também contrariam aquilo que podemos aprender a partir das perspectivas fisiológicas e do comportamento dos outros mamíferos.

Por exemplo, é comum comparar as parturientes com atletas como corredores de maratonas, a quem se aconselha que consumam grandes quantidades de hidratos de carbono, proteína e fluidos antes de iniciar um grande esforço físico.(5) Muitos assistentes de nascimento são influenciados por estas comparações e incentivam as mulheres a comer coisas como massa no início do trabalho de parto, e a beber qualquer coisa doce quando o trabalho de parto está estabelecido. Na verdade, quando a primeira fase está a avançar, é sinal de que os níveis de adrenalina estão baixos. Depois a parturiente tem tendência a ficar imóvel. Quando todos os músculos junto ao esqueleto estão em descanso, como quando a mãe está deitada sobre um lado ou de gatas, gasta-se muito pouca energia. Além disso, quando o trabalho de parto evolui facilmente, é sinal de que o neocórtex está em descanso. O neocórtex é o outro órgão do corpo humano cujo principal combustível é a glucose. Comparar uma parturiente com uma atleta da maratona pode levar a outros erros, tal como sobrestimar a necessidade de água. Na verdade, as parturientes não perdem muita água, uma vez que os níveis da hormona pituitária de retenção de água (vasopressina) são altos e os músculos junto ao esqueleto não estão activos. Uma bexiga cheia é outro preço a pagar pela analogia com a maratona. Da mesma forma, as mulheres em trabalho de parto são frequentemente aconselhadas a andar. No entanto, o facto de uma mulher em trabalho de parto não sentir necessidade de se levantar e andar é bom sinal. Significa que o nível de adrenalina está provavelmente baixo.(6) Durante a primeira fase de um parto fácil e rápido, as mulheres estão muitas vezes passivas, por exemplo de gatas ou deitadas. Sugerir qualquer tipo de actividade muscular pode ser contraproducente, até cruel.

Pontos de viragem

Quais as vantagens evolucionárias deste leque de crenças e rituais que tendem a desafiar o instinto protector maternal durante um curto período de tempo considerado crítico no desenvolvimento da capacidade de amar?

No contexto científico actual, pensamos em fazer as perguntas desta forma, porque as respostas podem ser sugeridas. Desde a altura em que a estratégia básica da sobrevivência da maior parte dos grupos humanos era dominar a Natureza e dominar outros grupos humanos, foi uma vantagem tornar os seres humanos mais agressivos e capazes de destruir a vida. Por outras palavras, foi uma vantagem moderar a capacidade de amar, incluindo o amor à Natureza, ou seja, o respeito pela Mãe Terra. Foi uma vantagem perturbar os processos fisiológicos no período do nascimento, particularmente na terceira fase do trabalho de parto, que é hoje em dia considerada crítica no desenvolvimento da capacidade de amar. Ao longo dos milénios tem havido uma selecção de grupos humanos segundo o potencial de agressão que apresentam. Todos somos frutos dessa selecção.

Estas considerações devem ser tidas em conta no contexto do séc. XXI.(7) Estamos numa altura em que a Humanidade tem de inventar estratégias de sobrevivência radicalmente novas. Hoje em dia estamos a chegar a uma percepção dos limites das estratégias tradicionais. Temos de levantar novas questões, tais como: “como desenvolver esta forma de amor que é o respeito pela Mãe-Natureza?” Para parar de destruir o planeta necessitamos de uma espécie de unificação da aldeia planetária.

Precisamos mais do que nunca das energias do Amor. Todas as crenças e rituais que desafiem o instinto maternal protector e agressivo estão a perder as vantagens evolucionárias. Temos novos motivos para perturbar os processos fisiológicos o menos possível. Temos novos motivos para redescobrir as necessidades básicas das mulheres em trabalho de parto e dos bebés recém-nascidos.

Este ponto de viragem na história da humanidade ocorre numa altura em que a história do nascimento também se encontra num ponto de viragem. Embora todas as sociedades tenham tido no passado uma tendência para controlar este evento, a situação é radicalmente nova no início do séc. XXI.(8) Até há pouco tempo, uma mulher não podia ser mãe sem libertar um fluxo de hormonas, que constitui na verdade um complexo cocktail de hormonas do amor. Hoje em dia, na fase actual do parto industrializado, a maior parte das mulheres tem bebés sem confiar neste cocktail de hormonas. Muitas têm uma cesariana que pode ser decidida e executada antes de ter início o trabalho de parto. Outras bloqueiam a libertação das hormonas naturais fiando-se em substitutos (normalmente oxitocina sintética no soro, mais uma anestesia epidural). Até as que acabam por dar à luz sem medicação recebem muitas vezes um agente farmacológico para fazer sair a placenta numa altura crítica da relação entre a mãe e o bebé.

Sublinhemos que uma injecção de oxitocina sintética não tem efeitos a nível comportamental, porque não atravessa a barreira entre o sangue e o cérebro. A questão inspirada por estas práticas tão disseminadas tem de ser colocada em termos de civilização.

Um método prático

Uma vez que é urgente melhorar a nossa compreensão dos processos fisiológicos, aparece um método prático como ajuda adequada para redescobrir as necessidades básicas das parturientes. Pode ser resumido numa frase: no que toca ao trabalho de parto, parto e nascimento, há que eliminar o que é especificamente humano e atender às necessidades do mamífero. Eliminar o que é especificamente humano implica que o primeiro passo deve ser livrarmo-nos do resultado de todas as crenças e rituais que, durante milénios, perturbaram os processos fisiológicos em todos os ambientes culturais conhecidos. Implica ainda que a actividade do neocórtex, a parte do cérebro cujo enorme desenvolvimento é um traço exclusivamente humano, tem de ser reduzida. Implica ainda que a linguagem, que é especificamente humana, deve ser utilizada com muita precaução.

Atender as necessidades do mamífero significa em primeiro lugar satisfazer a necessidade de privacidade, uma vez que todos os mamíferos têm uma estratégia para não se sentirem observados quando dão à luz. Também significa satisfazer a necessidade de segurança. É significativo que, quando uma mulher em trabalho de parto tem total privacidade e se sente segura, acaba por se colocar em posturas caracteristicamente mamíferas, por exemplo de gatas.

É comum alegar que o nascimento tem de ser ‘humanizado’. Na verdade, a prioridade deveria ser ‘mamiferizar’ o nascimento. De certa forma, há que desumanizar o nascimento.
Referências:

1 - Marais EN. The soul of the white ant. Methuen. London 1937.
2 - Krehbiel D, Poindron P. Peridural anaesthesia disturbs maternal behaviour in primiparous and multiparous parturient ewes. Physiology and behavior 1987; 40: 463-72.
3 - Lundbland E.G., Hodgen G.D. Induction of maternal-infant bonding in rhesus and cynomolgus monkeys after caesarian delivery. Lab. Anim. Sci 1980; 30: 913.
4 - Odent M. A Cientificacao do amor. Edicao Brasileira Saint Germain 2002.
5 - Odent M. Laboring women are not marathon runners. Midwiferytoday 1994; 31: 23-26.
6 - Bloom SL, McIntire DD, et al. Lack of effect of walking on labor and delivery. N Engl J Med 1998; 339: 76-9.
7 - Odent M. O camponês e a parteira. Editora Ground. Sao Paulo 2003.
8 - Odent M. The Caesarean. Free Association Books. London 2004.

Mais de 10 mil cesarianas desnecessárias em 2004

A taxa de cesarianas realizadas em Portugal está acima da média europeia e muito além do que é aconselhado pela Organização Mundial de Saúde. Em 2004, ultrapassou os 30% de partos realizados no Sistema Nacional de Saúde (SNS). No privado, terá chegado aos 65%. Para os especialistas portugueses, a média deveria ser de uma em cada quatro ou cinco partos. O que significa que houve, em Portugal, mais de dez mil cesarianas desnecessárias.

As cesarianas custam, em média, o dobro de um parto normal (podendo a diferença chegar a quase quatro vezes mais). Isto representa um custo acrescido para o Sistema Nacional de Saúde que pode variar, no mínimo, entre os cinco e os dez milhões de euros. E a tendência dos últimos anos tem sido para o aumento crescente da taxa de cesarianas realizadas (ver gráfico), o que significa que o País está a piorar nos indicadores de qualidade.

Os hospitais públicos portugueses registaram perto de 28 mil nascimentos por acto cirúrgico em 2004, ano com mais de 92 mil partos. Se a taxa de cesariana tivesse seguido o que é média na Europa (20 a 25%), deveriam ter-se realizado entre 18 e 23 mil partos com recurso a cirurgia. Se a estes números se juntar a realidade das clínicas privadas - com 17 mil partos a ocorrer fora do SNS -, existe um conjunto mínimo de dez a 15 mil cesarianas que escapam ao patamar estabelecido.

Mudança social

A realidade considerada aceitável em Portugal está, ainda assim, acima do que é a média preconizada, desde meados dos anos 80, pela Organização Mundial de Saúde, segundo a qual as cesarianas de razão clínica serão 15% dos partos. Mas, explica Luís Mendes da Graça, presidente do Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos, as condições sociais e jurídicas alteraram-se muito nos últimos 20 anos, o que justifica uma taxa entre os 20 e os 25%.

Em primeiro lugar, explica o especialista, o aumento do número de cesarianas em Portugal ficar- -se-á a dever ao facto de "haver cada vez mais processos em tribunal de mães descontentes com o parto". O acto cirúrgico inscreve-se assim numa "estratégia defensiva dos obstetras, que é legítima", considera o responsável da Ordem dos Médicos.

Por outro lado, explica, também que as condições de trabalho dos médicos são diferentes. "Os hospitais não têm profissionais suficientes para que haja tranquilidade na tomada da decisão mais apropriada." Há equipas a fazer turnos de 24 horas e muitas cesarianas, diz, são decididas pelos médicos à meia- -noite ou uma da manhã, na sequência de trabalhos de parto prolongados. Ou seja, "no momento do cansaço e antes de entrar pela madrugada adentro, porque as pessoas não são máquinas".

A imagem de um país

Por outro lado, há ainda grandes disparidades de cesarianas entre hospitais. O que, segundo Luís Graça, se explica, no caso das unidades de cuidados diferenciados, pelo facto de receberem as situações de gravidezes de risco - como as que resultam, por exemplo, das recentes tecnologias de procriação medicamente assistida - e de patologias graves, materna ou fetal, em que quase sempre existe indicação médica para a cirurgia.

Mas, ainda assim, há grandes diferenças, mesmo entre unidades de natureza semelhante. De acordo com números provisórios de 2004, a que o DN teve acesso, a Maternidade Alfredo da Costa (Lisboa) tem uma taxa de cesarianas que chega aos 32,9%, enquanto a Júlio Dinis (no Porto) está nos 42,9%.

Existem também outras grandes disparidades entre instituições hospitalares do sector público. O Hospital Padre Américo (Penafiel, com 2506 partos) e o Hospital Garcia de Orta (Lisboa, com 3847 partos) têm respectivamente uma taxa de 20,8 e 21,3%. O Hospital de S. João (no Porto, com 2768 partos) chega aos 28,7% e o Hospital Pedro Hispano (em Matosinhos, com 2038) atinge os 36,3%. Em Portalegre, a taxa de cesarianas é de 31,4%, para 458 partos, enquanto em Chaves chega aos 51,6%, para 494 partos.

Para Jorge Branco, presidente da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal (CNSMN), a questão está "nas cesarianas desnecessárias e evitáveis". Ou seja, nem sequer é "uma questão de poupar". O problema é que "os actos médicos devem ser feitos quando há indicações para o fazer". Porque nenhum acto cirúrgico é isento de risco e as cesarianas representam, por exemplo, um aumento acrescido de mortalidade e morbilidade materna e neonatal.

As causas

Porque está a crescer a taxa de cesariana? "Há causas que são inevitáveis, como, por exemplo, o facto de estar a aumentar a idade materna na primeira gravidez, o que causa também um maior número de situações patológicas", explica o presidente da CNSMN. Mas haverá "razões discutíveis, nomeadamente no que diz respeito à indução intempestiva do trabalho de parto", diz Jorge Branco. Ou seja, quando a uma mulher, sem indicação clínica formal, o médico induz o parto - por "comodidade do próprio profissional ou por pressão da mãe".

Há ainda, por vezes, erros de leituras de exames ou também o facto de mais cesarianas hoje implicarem menos partos vaginais amanhã, porque aumenta o risco do acto cirúrgico em segundas gravidezes. E há também o "problema da comunicação social, que tende a apresentar a cesariana como o acto que resolve tudo, quando daí nem sempre resulta benefício para a mãe ou criança". Uma questão, para Jorge Branco, é que nas cesarianas - que transferem o nascimento para as mãos do cirurgião - "as mulheres não estão a responsabilizar-se por fazer nascer o seu filho e, se calhar, não estamos a pensar nisso, que é um privilégio".



Fonte: Diário de Notícias - 26 Março 2006
Jornalista: Elsa Costa e Silva André Carrilho

A educação Pré- Natal em 15 pontos

Formações em “Música e Som para a Saúde Primária na Gravidez e Parto”,

Será uma formação intensiva com o uso de várias ferramentas musicais e de som (aprendizagem do toning, chant, exercícios terapêuticos com a voz). O objectivo será o desenvolvimento das técnicas que dão suporte às mulheres durante a gravidez, trabalho de parto e parto. Técnicas essas de natureza não-invasiva, sensíveis, poderosas e com uma componente multicultural.

Estas técnicas musicais irão trazer benefícios para as grávidas como também aos profissionais que as utilizam. As diferentes técnicas irão auxiliar no relaxamento, energizar quando é necessário, modular ou aliviar a dor e o desconforto. Servem também como meio de expressão dos sentimentos de alegria e dor frequentemente presentes.

A formação irá consistir não só na aprendizagem e prática das ferramentas referidas, como também irá oferecer uma referência modelo, de forma a ajudar os participantes a adquirir confiança no uso das técnicas aprendidas.


I. Workshop para grávidas ou casais – dia 5 de Março de 2010, 18h-21h,
donativo mínimo 15 euros - máximo 10 casais

II. Formação para profissionais (parteiras, doulas, educadores
perinatais, musicoterapeutas, outros interessados), num total de 30
horas – dias 5 e 12 de Março de 2010 das 18h às 21h e 6, 7 e 13 de
Março de 2010 à volta de oito horas por dia, com o investimento de 220
euros (almoço e coffe-breaks incluído) - máximo 15 participantes (ver
aqui)

Estas duas formações que a Giselle vem fazer ao Porto vêm enriquecer o
nosso conhecimento sobre o pré-natal e revelar pela prática a
importância crucial do som no estabelecimento de laços afectivos entre
o bebé e os pais desde o pré-natal. Todo o relacionamento posterior
com o bebé é construído sobre a qualidade das primeiras trocas
afectivas com o bebé, pelo que o uso da música se reveste de
primordial importância dado que permite comunicar com o bebé desde
muito cedo (a audição está funcional no bebé desde o quarto ou quinto
mês de gestação). Neste trabalho vai-se utilizar as canções de
embalar.
A música afecta as células e os órgãos do nosso corpo, pode afectar a
digestão, circulação e pressão sanguínea, pode alterar os nossos
padrões de respiração e estados de consciência. Deste modo, a técnica
de entoar (toning) , que será ensinada, revela-se muito eficaz para
apoiar a gravidez, trabalho de parto e parto.



1. Introdução sobre a importância da música e do som durante a gravidez, no trabalho de parto e no parto. Benefícios para os facilitadores e seus clientes. 2. Cymatics (ver aqui) – os estudos científicos realizados por Hans Jenny sobre o efeito do som na matéria (DVD). O trabalho de Masaru Emoto sobre o poder da linguagem: slides, fotos, imagens, livros. As últimas descobertas sobre a Água: o impacto e relação da água com o nosso desenvolvimento (opcional, DVD em inglês, 70 minutos) 3. Introdução à prática da respiração e exercícios principais de toning. 4. Vários tipos de chanting. Aprendizagem de chants para trabalho de parto e parto; Cantar. Chants com afirmações musicais. 5. Exercícios vocais da School of Uncovering the Voice para a gravidez, trabalho de parto, parto e pós-parto. 6. Visualização de um video no Youtube sobre uma mãe que utiliza o toning durante todo o seu trabalho de parto e parto. 7. Protocolos para usar com as mães. Exercícios para praticar durante a semana de intervalo.

III. Orientação de uma aula para grávidas com supervisão da Giselle Whitwell no dia 12 de Março

IV. Outras aplicações e exercícios através do uso da voz como apoio à gravidez, trabalho de parto e parto. 13 Março 2010 (8 horas).

1. Continuação da aplicação e prática de exercícios de toning 2. Revisão dos exercícios vocais da School of Uncovering the Voice. 3. A Arte da Improvisação com a voz: free style (nomes, etc.), uso de afirmações, poesia, provérbios, salmos, etc. O impulso criativo. 4. O uso de instrumentos para apoiar o toning e o chanting. 5. Construir, compilar e criar um reportório de canções de embalar, canções e chants. 6. Partilha de tarefas e resultados. Avaliação e reflexão sobre a formação. 7. Criar um fórum para partilha de informação, reflexões e práticas uns com os outros em pequenos grupos.

Horário:Dia 5, 18h-21hDia 6, 10h-12h e 14h-20hDia 7, 9h-13h e 14h-17hDia 12, 18h-21hDia 13, 9h-13h e 14h30 - 18h30

mais informações aqui

quinta-feira, 4 de março de 2010

Plantar bosques

Aqui está uma boa oportunidade de passar um fim de semana em familia, na natureza, a plantar umas árvores.

1. PARQUE BIOLÓGICO DA LOUSÃ
Data: 06-03-2010 (Sábado) e 07-03-2010 (Domingo) Hora: 10:00 – 17:00
Local: Parque Biológico da Lousã (Quinta da Paiva, Montoiro, Miranda do Corvo)
Encontro: Local de plantação.
Contactos: Pedro Faria (918 714 612; pedrofaria@adfp.pt)
Obs: Descrição do acesso brevemente disponível

2. BAIÃO
Data: 10-03-2010 (Quarta-feira) Hora: 10:00
Local: Grilo (Baião)
Encontro: Local de plantação.
Contactos: Paulo Monteiro (93 999 21 88; criarbosques@quercusancn.pt)
Obs: Descrição do acesso brevemente disponível.

3. TONDELA
Data: 12-03-2010 (Sexta-feira) Hora: 8:30
Local: Rua da Juncosa (atrás da fonte da Juncosa), freguesia de Castelões, Tondela.
Encontro: Local de plantação.
Contactos: Isabel Matos (964 290 378; isahorta@portugalmail.pt)
Obs: Descrição do acesso brevemente disponível.

4. ROSMANINHAL (IDANHA-A-NOVA)
Data: 06-03-2010 (Sábado) Hora: 9:00
Local: Abelheiros, freguesia de Rosmaninhal, Idanha-a-Nova.
Encontro: Escola Primária do Rosmaninhal.
Contactos: Paulo Tomé (961 889 888; paulo.tome@silvatec.pt)
Obs: Descrição do acesso brevemente disponível.

5. SERRA DE MONTEJUNTO
Data: 13-03-2010 (Sábado) Hora: 10:00 – 17:00
Local: Casa da Serra (Vila Verde dos Francos, Alenquer)
Encontro: Casa da Serra – Mapa (Aqui).
Contactos: Paulo Monteiro (93 999 21 88; criarbosques@quercusancn.pt)
Obs: É necessária a inscrição por e-mail (criarbosques@quercusancn.pt) ate dia 10-03 e por SMS (93 999 21 88) a partir de dia 11-03, indicando o nome e número de voluntários.
Descrição do acesso:
● Na A1 sair em Aveiras.
● Após as portagens, seguir em frente na primeira rotunda em direcção a Alcoentre.
● Entrar e atravessar Alcoentre e continuar em direcção a Cercal.
● Cerca de 2Km após atravessar Alcoentre, surge uma rotunda onde se deve seguir em frente em direcção a Cercal.
● Na rotunda seguinte, situada em Cercal, virar à esquerda (3ª saída) para Pragança (passando por Rochaforte).
● Em Pragança, subir em direcção à Serra de Montejunto.
● A cerca de 1Km de Pragança surge o primeiro cruzamento no qual se deve seguir pela direita.
● No segundo cruzamento, 2,5Km após o primeiro, virar à direita (a estrada da esquerda dá acesso ao Centro de Interpretação Ambiental da Serra de Montejunto).
● Cerca de 3,1 Km adiante virar à esquerda para um caminho de terra batida.
● Volvidos 100 m alcança-se o ponto de encontro (Casa da Serra) do lado direito.

Áreas de plantação
Será dada prioridade a propriedades de especial interesse conservacionista e onde os objectivos de gestão envolvem acções de florestação com espécies autóctones. Admitem-se terrenos públicos (e.g. na Reserva Natural da Serra de Malcata, Paisagem Protegida da Serra de Montejunto e Matas Nacionais), baldios (e.g. em Trás-os-Montes, Cadaval e Alenquer) e privados (e.g. em Montemor-o-Novo, Ponte de Sor, Grândola, Portalegre, Baião e terrenos do CNE), desde que os proprietários aceitem as condições de adesão ao projecto.

Quando plantar?
Por norma, a plantação deve ser realizada no Outono/Inverno ou início da Primavera, consoante o clima. Nas áreas de influência mediterrânica, a plantação deve ocorrer o mais cedo possível desde que exista humidade suficiente no solo (a partir de Outubro/Novembro), de forma a permitir que as plantas desenvolvam o sistema radicular durante o Inverno (como acontece com as espécies folhosas) e tenham maior probabilidade de sobrevivência durante o Verão. Nas regiões de influência atlântica, onde o Inverno é mais rigoroso (por exemplo onde neva com alguma frequência), é possível e desejável plantar no final do Inverno/início da Primavera. Por outro lado, nos solos temporariamente alagados pode ser necessário e aconselhável retardar a plantação até as condições de humidade serem as adequadas.

Plantação/sementeira: Entre Novembro de 2008 e Março de 2009 a plantação/sementeira foi efectuada em mais de 50 locais no país.

Agradecemos a vossa participação e divulgação da iniciativa junto dos
vossos contactos.

Paulo Monteiro
93 999 21 88
criarbosques@quercusancn.pt

terça-feira, 2 de março de 2010

Documentário Parto Natural Humanizado




os 10 princípios de Viana

Os 10 Príncipios de Viana


Em Março de 2009, várias personalidades da sociedade portuguesa, reuniram-se em Viana do Castelo, no sentido de criar um movimento que tivesse por base a definição de princípios de boas práticas na área do parto.


O resultado foi:


1. Todas as grávidas e acompanhantes têm o direito de ser tratadas com respeito e dignidade, independentemente das suas convicções e opções.


2. Promover um ambiente carinhoso, em que é permitido à grávida expressar a sua forma de ser e de vivenciar esse momento único e tão importante da sua vida, bem como ver respeitada a sua privacidade e conforto, são aspectos essenciais dos cuidados intraparto.


3. O trabalho de parto de início espontâneo que culmina num parto eutócico (parto vaginal sem intervenções) e decorre entre as 37 e as 42 semanas, é actualmente a forma mais segura de nascimento.


4. O recurso ao parto induzido (provocado artificialmente) e à cesariana sem qualquer motivo de saúde, mas apenas por conveniência dos envolvidos, está associado a maiores riscos1,2 e é considerado pela comunidade científica internacional como uma prática injustificada2.


5. O parto é um processo natural que, na maioria dos casos, apenas necessita da vigilância e apoio por profissionais de saúde. Nos casos de baixo risco estes deverão, preferencialmente, ser prestados por um enfermeiro especialista de saúde materna e obstétrica/parteira3.


6. Existem casos, mesmo considerados de baixo risco, em que são necessárias intervenções de saúde para evitar complicações graves decorrentes do parto4. É fundamental assegurar em todos os casos o acesso a tratamentos de urgência qualificados e baseados na evidência científica.


7. A evidência científica actual não apoia como intervenções de rotina nas parturientes de baixo risco: a tricotomia perineal5 (corte dos pêlos púbicos); a utilização sistemática de clisteres6; a utilização sistemática de soros2 , ocitocina2 e a amniotomia (rotura artificial da bolsa de águas) no trabalho de parto2; a restrição da alimentação líquida7; a restrição dos movimentos2; a restrição da posição do parto8; a episiotomia sistemática (corte dos tecidos da vagina na altura do nascimento em todas as parturientes)9; a aspiração sistemática das vias respiratórias no recém-nascido que nasce com boa vitalidade10.


8. A evidência científica actual aconselha como opções benéficas durante o parto nas parturientes de baixo risco a arquitectura não-hospitalar das salas de parto11 e o apoio contínuo durante o trabalho de parto12. Todas as grávidas devem poder contar com o recurso a métodos de alívio da dor durante o trabalho de parto, assegurando-se a disponibilidade dos mesmos assim que a mãe os solicite e o profissional de saúde entenda adequado. O leque de opções neste âmbito deve compreender os métodos farmacológicos (incluíndo a analgesia epidural ou raquidiana) e os não farmacológicos (incluíndo o banho de imersão/chuveiro durante a fase de dilatação13, ou a simples deambulação), privilegiando-se estes últimos como intervenções de primeira linha nas grávidas de baixo risco.


9. As grávidas têm direito a receber informações completas, correctas e não tendenciosas, baseadas na melhor evidência científica disponível sobre riscos, benefícios e alternativas disponíveis para os cuidados de saúde, de forma a tomarem uma decisão informada e, se entenderem, mudarem de opinião relativamente às suas escolhas. É necessário fomentar a avaliação e divulgação dos principais indicadores estatísticos associados ao parto por cada instituição de saúde.


10. O parto é um evento familiar, onde a possibilidade da grávida poder escolher a presença permanente de elementos próximos e de poder contactar precocemente com a restante família são aspectos essenciais para a vivência do momento.

para subscrever os príncipios de Viana aqui

Manifestação - Solidariedade com o Povo Saharaui

Solidariedade com o Povo Saharaui



Participemos na Conferência Internacional que se realiza em Granada, no próximo fim-de-semana, 6 e 7 de Março, por altura em que tem lugar a Cimeira entre a Presidência espanhola da EU e Marrocos



TOD@S A GRANADA!





No próximo fim-de-semana, 6 e 7 de mês de Março, realiza-se em Granada a primeira Cimeira UE-Marrocos, por ocasião da Presidência espanhola da União Europeia, após a concessão do estatuto avançado a Marrocos, que converte aquele país num parceiro privilegiado da União Europeia.

Enquanto isto, Marrocos continua a ocupar ilegalmente um país vizinho recusando-se a respeitar as resoluções da ONU relativas à realização de um referendo sobre a autodeterminação do povo Saharaui e a violar quotidianamente os Direitos Humanos, tendo por particular alvo aqueles que vivem reprimidos e torturados na zona ocupada e que anseiam proclamar a sua nacionalidade.

Para denunciar estas violações e mostrar solidariedade ao povo Saharaui realizar-se-á simultaneamente em Granada, a 6 e 7 de Março de 2010, a Conferência Internacional de Apoio ao Povo Saharaui.

Neste sentido o Partido da Esquerda Europeia propõe a criação de uma delegação portuguesa representada pelas associações e cidadãos que estiverem interessados em associar-se. Um autocarro com 50 lugares será alugado para levar todos os inscritos, partindo de Lisboa na madrugada de dia 6 com direcção a Granada, com hora de chegada prevista para as 17 horas locais. A volta acontecerá dia 7 a seguir à manifestação geral de apoio ao povo Saharaui (ver programa em Anexo).

As inscrições serão aceites por ordem de chegada até ao fim da lotação.

— O custo para os adultos será de 20€, para os jovens é de 10€.


-Alimentação por conta própria;

Método de inscrição

enviar um e-mail para tiagoivocruz@me.com (tlmvl:915914495) ou jomortagua@gmail.com (tlmvl: 925663179) com os seguintes dados:

— número de identificação (B.I., Cartão de Cidadão);

— contacto de telemóvel;

— contacto de e-mail;



A AJPaz apoia esta iniciativa e convida todos as/os amigas/os da Solidariedade e da Causa Saharaui a nela participarem.

Acabámos de confirmar também a presença da activista saharaui Aminetu Haidar. Acho que há condições para que este protesto ganhe bastante visibilidade e por isso seria muito importante levar uma grande delegação portuguesa para demonstrar a nossa solidariedade.

segunda-feira, 1 de março de 2010

E na Universidade?



E quando chegamos à Universidade? O que acontece?
Fácil.
Continuamos a ser brutalmente castrados e reprimidos.