J.P. Simões canta que "Ainda tenho um sonho ou dois".
Faço minhas as palavras dele.
Este é um dos meus sonhos.
É possível rir no meio da fome e da guerra!
Em 1993, o mapa dos conflitos não era muito pior do que agora. A Jugoslávia desintegrava-se, o Zaire continuava aos tiros, a Eritreia separava-se da Etiópia, o Ruanda estava em guerra civil, o Médio Oriente continuava igual a si próprio. Na Somália houve aquele ensaio de paz imposta. Em Espanha, a ETA continuava a pôr bombas. Mas, na Catalunha, um colectivo de educadores desenvolvia um programa de educação para a paz nas escolas locais – que depressa se internacionalizaria.
Foi nesse quadro que o movimento humanista catalão chamou o artista Tortell Poltrona, pedindo-lhe que fosse a Veli Joze, em Savudrija, na Croácia com uma missão diferente do habitual, de provocar sorrisos onde há lagrimas.
No regresso, o palhaço achou que a ideia tinha pernas, narizes vermelhos e sapatorras para ir muito mais longe e a mais lugares, e assim nasceram os Payasos Sin Fronteras.
A seguir apareceram os Clowns Sans Frontières, em França, pela mão do comediante e músico Antonin Maurel, e logo depois, no Canadá, os Clowns Without Borders, nos Estados Unidos, na África do Sul e na Irlanda, os Clowns et Magiciens Sans Frontières, na Bélgica, os Clowns Utan Granser, na Suécia, os Clowns Ohne Grenzen, na Alemanha, e muitas centenas de espectáculos em mais de trinta países, da Albânia à Tailândia, passando pela Guatemala, Índia, Marrocos, Roménia, Haiti ou Faixa de Gaza.
São palhaços, actores, dançarinos, trapezistas, vão aos campos de refugiados, aos hospitais, às prisões de menores, aos orfanatos, aos bairros mais desfavorecidos. Vão por amor ao que fazem. Não cobram nada.
Vão chamados por organizações não-governamentais ou locais, ou decidem avançar por iniciativa própria, vão no quadro de uma ética de humanismo, imparcialidade, voluntariado, de recusa de lucro, de imparcialidade total com a política ou a religião.
Mas também vão para uma “denúncia”, porque o palhaço “converte-se em porta-voz e voz de denúncia de todas as situações de injustiça” e o trabalho que desenvolve “não termina quando volta a casa.
Mas a profissão de arrancar risos pode ser perigosa – ou pesada.
Vejamos então :
“Um dia lançaram uma granada durante uma representação em Mostar [Leste]. Assistiam umas 800 pessoas, na maior parte crianças. De um momento para o outro desapareceram todos e nós ficámos imóveis e sozinhos no meio da praça, sem tempo de perguntarmos o que se estava a passar. O que aconteceu depois foi tão rápido como a bomba. Exigira-nos que continuassemos. Então pegamos nos instrumentos e voltamos a arrancar sons sem jeito. As crianças voltaram. O espectáculo continuou e a guerra também, com sorrisos de um lado e rajadas de metralhadora do outro."
Palhaços sem Fronteiras no Mundo:
http://www.clowns-sans-frontieres-france.org/
www.clowns.org/
http://www.clownswithoutborders.org/
http://www.doutoresdaalegria.org.br/
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É um contributo fantástico a esta comunidade humana. Quem me dera que não tivessem de existir palhaços sem fronteira, era sinal que não existiam crianças e paises devastados por guerras.
ResponderEliminarNo entanto, se assim é, se há uma lágrima injusta em qualquer canto do mundo, o coração doi um pouco menos ao saber que também há quem semeie sorrisos num terreno de abandono e sofrimento.