segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Nascimento dentro de Água

“ (…) Já há uma história de mais de 30 anos de experiência em nascimentos dentro de água um pouco por todo o Mundo, com resultados bastante satisfatórios e que vêm deitar por terra algumas críticas de alguns profissionais de saúde sobre o nascimento dentro de água.

“A grande diferença entre o parto natural humanizado em terra e um parto natural humanizado dentro de água é mesmo apenas a inclusão do elemento água, como um recurso natural, não invasivo e seguro de relaxamento e de controlo da dor durante o trabalho de parto, assim como um meio suave e delicado para receber o bebé no momento do seu nascimento”, explica Isabel Ferreira, Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica da Gimnográvida.

Todas as mulheres com gravidez de termo (com mais de 37 semanas de gravidez), de baixo risco, ou seja, sem contra-indicações absolutas para um parto por via vaginal, que pretendem ter um parto natural sem recurso a medicamentos para redução da dor, têm os requisitos mínimos para se candidatarem a um parto dentro de água.

“O parto na água destina-se a todas as mulheres que reconhecem em si o poder relaxante da água e que pretendem ter um parto natural com total liberdade de movimentos“, explica Isabel Ferreira. (…)

Acabar com os mitos


“Existem actualmente estudos científicos que confirmam a segurança e a eficácia do nascimento dentro de água“. Isabel Ferreira refere que uma das perguntas mais frequentes é se há algum perigo de afogamento para o bebé. A resposta tranquiliza as leitoras mais ansiosas: “O bebé tem o reflexo de mergulho, ou seja, enquanto a sua face não entra em contacto com o ar, ele não inicia a respiração e a sua laringe encontra-se fechada, impedindo a entrada de água nos seus pulmões. O oxigénio, enquanto o bebé está debaixo de água, é fornecido pelo sangue materno, através do cordão umbilical“. Se acontecerem situações emergentes dentro de água, pode ser necessário que a mulher saia para fora, embora não seja muito frequente.

A água não retira toda a sensação dolorosa do parto, mas apenas a reduz um pouco. “A mulher sente as contracções de forma intensa, mas é incentivada a não lutar contra elas e sim aceitá-las como algo natural e fisiológico, num processo intenso que lhe irá dar a energia para conseguir ter a força necessária para empurrar o seu bebé para o mundo exterior a si”, fundamenta Isabel Ferreira.

Como decorre o parto dentro de água

Para que se garanta a segurança dentro de água, deverão ser garantidas as condições de água a utilizar para encher a piscina, que deverá ser potável e com a temperatura mantida entre os 35ºC e os 37ºC. “A banheira deverá encher-se com água até ao peito da mãe, quando em posição de sentada. Para potenciar os efeitos da água, a mulher deverá ser incentivada a entrar na água assim que estiver com uma dilatação uterina de 4/5 cm. Antes disso, poderá beneficiar dos efeitos da água utilizando chuveiro com água fria ou quente”, explica a Enfermeira da Gimnográvida.

O parto deverá ser acompanhado por enfermeiras ou médicos especialistas em saúde materna e obstétrica, com o mesmo profissionalismo e conhecimento com que acompanham o parto natural humanizado em terra. “Sempre que se verificar a necessidade de intervenção específica que impeça o parto dentro de água (como por exemplo a necessidade emergente de aplicação de uma ventosa ou de uma cesariana), deverá ser solicitado à mulher que saia da água, informando-a dos motivos desta orientação clínica”, diz-nos Isabel Ferreira.

Ao entrar na água, as futuras mães exprimem um enorme sentimento de relaxamento físico e emocional, um maior sentimento de leveza e uma maior facilidade de movimentação, associando-se “uma significativa redução da dor e do desconforto durante todo o processo de nascimento do seu filho. O companheiro também pode entrar e ajudar em todo o processo”, adianta a enfermeira entrevistada pela Mãe Ideal.

O momento em que o bebé vem ao mundo é de uma magia intensa. “A cabeça e o corpo saem de dentro do corpo da mãe de uma forma suave e dentro de água, o recém-nascido flutua e abre e fecha os seus pequeninos olhos, explorando pela primeira vez o novo mundo. Impulsiona-se de seguida para a tona da água, em direcção à mãe, mostrando que nasce já com a capacidade de nadar na direcção de quem reconhece como sua cuidadora e protectora. A mãe acolhe-a suavemente nos seus braços, emocionada”, conclui Isabel Ferreira.

Benefícios dos partos dentro de água


- Aumento do relaxamento e uma significativa diminuição da dor materna. Há uma maior progressão do trabalho de parto;

- Aumento da oxigenação do feto durante o trabalho de parto: como a mãe está mais relaxada, a sua respiração é usualmente mais calma, profunda e eficaz, pelo que os gastos em oxigénio são menores e chegam em maior quantidade ao feto, promovendo o seu bem-estar;

- Aumento da elasticidade materna, o que diminui o risco de lacerações vaginais e perineais durante o parto;

- A liberdade de movimentos e posicionamento da mãe conduz usualmente a uma descida mais rápida e menos traumática do feto pelo canal de parto, pelo que usualmente a imersão em água durante o trabalho de parto está associada a uma menor necessidade de intervenções obstétricas, tais como a utilização de fórceps, ventosas ou o recurso à cesariana.“

Fonte: Revista Mãe Ideal, Novembro 2008

Estudos científicos sobre a segurança de um parto dentro de água:


Labour and birth in water in England and Wales - ALDERDICE 1995





Immersion in water in pregnancy, labour and birth - CLUETT 2002



Perinatal mortality and morbidity among babies delivered in water: surveillance study and postal survey - GILBERT 1999


Water immersion during labor and/or birth: A review of the literature

The Effects of Whirpool Baths in Labour: A randomized, contolled trial - RUSH 1996

Does water birth increase the risk of neonatal infection? - THOENI 2005

Water contamination and the rate of infections for water births - THOENI 2001



Maternal and neonatal infections and obstetrical outcome in water birth. - ZANETTI 2006


Water birth: is the water an additional reservoir for group B streptococcus? - ZANETTI 2006


Water birth, more than a trendy alternative: a prospective, observational study. - ZANETTI 2006

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