Estar grávida e seguir uma dieta vegetariana não são realidades incompatíveis. Refeições sem carne nem peixe podem assegurar o reforço de nutrientes durante a gestação, desde que correctamente planificadas.
Em casa de Sónia Cruz não entra carne nem peixe. Já era assim antes da gravidez e com a notícia de que estava à espera de bebé, o frigorífico continuou sem alterações. Soja, seitan, tofu e uma gama variada de alimentos vegetarianos asseguraram o apetite voraz. «Para mim, não fazia sentido voltar a comer carne só porque estava grávida. Procurei informação, já que numa primeira fase tinha muitas dúvidas, e a gravidez correu bem», conta. O bebé nasceu saudável e, hoje, volvidos quase quatro anos, André é vegetariano como a mãe.
A vontade de nunca mais tocar em carne, «para não contribuir para o sofrimento dos animais», também fez com que Sandra Pais levasse por diante uma gravidez vegetariana. «Senti uma grande pressão por parte da família e dos médicos, que tentaram convencer-me a mudar, diziam que estava a ser inconsciente». Sandra não cedeu à pressão, muniu-se de informação e fez um curso de terapia ayurvédica que a ajudou durante a gravidez. O parto correu bem e a filha continua a crescer vegetariana.
Benefícios a longo prazo
Por razões variadas - motivos de saúde, éticos, ecológicos ou religiosos - são cada vez mais as pessoas que procuram refeições vegetarianas ou decidem deixar de comer qualquer alimento que resulte da morte de animais. Mas, durante a gravidez, será a alimentação vegetariana suficiente e adequada? São necessários cuidados especiais para quem segue um regime vegetariano restrito ou vegan? «Apesar da necessidade de nutrientes aumentar na fase de gestação, não há motivo para afastar a possibilidade de uma gravidez vegetariana», afirma a nutricionista Madalena Muñoz. Desde que seja variada e equilibrada, a alimentação vegetariana pode suprir todas as necessidades de nutrientes durante a gravidez e garantir o bom desenvolvimento do bebé.
Formada em Ciências Alimentares pela Universidade da Califórnia e em Dietética pela Universidade do Estado do Kansas, Madalena Muñoz lembra a posição da associação dietética mais influente do mundo: «A American Dietetic Association afirma que uma alimentação vegetariana correctamente planeada é saudável, nutricionalmente equilibrada e ajuda a reduzir o risco de muitas doenças crónicas degenerativas. As dietas vegetarianas, incluindo as vegan, podem ser adequadas para todas as idades e etapas, desde a gravidez à amamentação, e incluindo bebés, crianças e adolescentes.»
Entre as vantagens apontadas, encontra-se a protecção face a algumas doenças – como a hipertensão, as infecções e as alergias alimentares. As grávidas vegetarianas podem beneficiar «de níveis mais elevados de fibra, hidratos de carbono, magnésio, potássio, ácido fólico e antioxidantes, tais como vitaminas C e E e fitoquímicos». Contudo, como em qualquer regime alimentar, podem existir carências se não se diversificarem os alimentos e planearem correctamente as refeições.
«Na modalidade ovo-lacto-vegetariana, que inclui lacticínios e ovos, há menos hipóteses de haver carências alimentares pelos menos informados. Ou seja, quanto mais restritiva for a alimentação vegetariana, mais conhecimento se deve ter, para evitar carências que podem pôr em risco a saúde», adverte Madalena Muñoz.
Fonte: Pais&Filhos
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