sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Doulas

“Nos antípodas da visão estritamente médica e hospitalar do parto, está a forma como as doulas encaram o momento de pôr no mundo uma criança. Não querem impor um modelo, pois defendem sobretudo que a mulher possa ser «dona» do seu parto. Mas querem que possa ser informada de todos os riscos e benefícios, bem como da verdadeira necessidade de todas e de cada uma das intervenções médicas que se fazem no parto hospitalar. Querem que cada mulher possa escolher, depois de devidamente informada, a forma como gostaria de dar à luz. Querem que essa vontade seja respeitada. Querem que possa ser acompanhada por alguém que esteja ali, com paz e tranquilidade, só para ela.

O que não é fácil, em ambiente hospitalar. Luísa Condeço e Carla Guiomar, as primeiras doulas portuguesas, têm consciência dessa dificuldade, mas não deixaram de meter mãos à obra. «Sabemos que temos de ir devagar, temos noção de que estamos a lutar contra a corrente, mas não temos pressa. E temos sinais de que este caminho faz sentido para muita gente. As pessoas que nos procuram são cada vez mais», declara Luísa, optimista.

Michel Odent, o famoso obstetra que revolucionou a obstetrícia nos anos 60 e 70, introduzindo o parto na água e salas de parto com ambiente familiar, na sua unidade do Hospital Pithiviers, em França, e Liliana Lammers, uma experiente doula, deram a Luísa e a Carla a formação necessária para se lançarem, com segurança, na aventura de se tornarem doulas e de, além disso, criarem a associação sem fins lucrativos Doulas de Portugal.

O parto decide-se na cabeçaApesar de o apoio das doulas se centrar na parte psicológica e emocional, a sua formação dá-lhes bases teóricas sobre o desenrolar do trabalho de parto e os processos fisiológicos que acontecem em cada uma das suas fases. São treinadas para reconhecer os sinais de que tudo está bem, para o caso de acompanharem o trabalho de parto em casa, seja apenas a dilatação seja também a expulsão. «Depois de alguma experiência, o parto é como uma música que aprendemos a reconhecer. Cada mãe é única, mas o parto tem fases que são sempre iguais e que é possível identificar pelos sinais que a mulher dá, pelas posições em que se põe, pelo seu estado geral», explica Luísa. Mas para que assim seja, é preciso que não existam intervenções externas: «A partir do momento em que se liga a mãe ao CTG, em que se faz um toque de hora a hora, em que existem luzes muito fortes, em que se obriga a grávida a estar sempre deitada, está-se a perturbar o processo, a interferir com a produção natural de occitocina, a hormona que estimula as contracções e permite a progressão da dilatação».
Porque o parto também se decide na cabeça, estas doulas sabem que já contribuíram para mudar muitas histórias de parto. E porque este é um momento único, apesar de ser um milagre banal, a sua vida também mudou e continua a mudar de cada vez que ficam para a história.“

É interessante ler o artigo completo

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