Ensinaram-nos que os bebés devem dormir no seu berço e mais crescidos na sua cama. Que dormir com os pais é um péssimo hábito. Que os torna dependentes e mimados. Que devemos ensinar os nossos fihos a dormir a noite inteira, sozinhos nos seus quartos. Aliás, é a pergunta que mais nos fazem quando temos um bebé: «Já dorme a noite inteira?»
É cultural esta tendência para tornar desde cedo as crianças autónomas dos pais. Uma necessidade para quando tem de se trabalhar o dia inteiro longe dos filhos. Noutras culturas, não é assim. A autonomia conquista-se gradualmente, não é imposta, não é «ensinada». Por isso, há quem defenda que o sono seja partilhado, ou seja, que as crianças possam dormir com os pais enquanto isso lhes der segurança e conforto. Em inglês, chamam-lhe co-sleeping, uma prática que parece ter cada vez mais adeptos, segundo estudos realizados nos EUA. Contra a corrente, são poucos os pediatras ou especialistas em desenvolvimento infantil que o defendam. Mas já existem.
No site do reconhecido pediatra William Sears, foi publicado um artigo que aponta os principais benefícios, a nível de saúde e de desenvolvimento, do co-sleeping. Na sua opinião não há um sítio correcto para o bebé dormir. São os pais que têm de descobrir o que é melhor para o seu bebé. Para que saiba que há diferentes formas de pensar e actuar, deixamos-lhe um resumo dos benefícios apontados:
Os bebés dormem melhor
Os bebés que dormem com os pais adormecem mais facilmnente e dormem melhor. Adormecer nos braços da mãe ou do pai é um prazer e dá ao bebé a noção de que o sono é bom e desejável. Por outro lado, quando está na transição do sono profundo para o sono leve, o que o faz acordar várias vezes durante a noite, a presença dos pais, fá-lo sentir-se seguro para voltar a entrar no sono profundo. Ou então talvez precise de mamar um bocadinho e rapidamente voltar a dormir. Nem a mãe nem o bebé chegam a acordar completamente, ou seja, descansam mais e melhor.
As mães dormem melhor
Mães e bebés entram em sincronia nos seus ritmos de sono. Há mães que relatam como acordam exactamente antes de o seu bebé abrir os olhos. Pelo contrário, mães que dormem em quartos separados relatam como acordam abruptamente com o choro do bebé. A mãe não acorda aos primeiros movimentos do bebé e este tem de acordar completamente e chorar bem alto para que o ouçam. Depois de o bebé voltar a dormir a mãe está completamente acordada e tem muitas vezes dificuldade em voltar a adormecer. Perde muito tempo de sono e de manhã está exausta. Muitas noites assim, com despertares abruptos e repentinos de estados de sono profundo, levam à situação em que muitos pais se encontram de privação do sono e exaustão.
Facilita a amamentação
As mães que amamentam sabem que dormir com os bebés é a forma mais fácil de o fazer. Os bebés voltam a entrar facilmente no sono profundo depois de mamar ¿ nem chegam a acordar - e as mães, não tendo de sair da cama, levantar-se, também ficam menos despertas. Tal como os bebés voltam a entrar facilmente no sono.
Mães que sentem dificuldades na amamentação durante o dia, podem resolvê-los dormindo com os seus bebés. Sears acredita que os bebés sentem as mães mais descontraídas e que produção das hormonas envolvidas na produção do leite é mais eficaz quando a mãe está descontraída ou mesmo adormecida.
Compensa o tempo em que estão separados
Trabalhando o dia inteiro longe dos bebés, dormir com eles de noite é uma forma de voltarem a estar unidos e compensarem o tempo em que não puderam tocar-se durante o dia. A mãe descontrai mais e o bebé também.
Os bebés crescem mais
Depois de trinta anos de observação em consultório de famílias que praticam o co-sleeping, Sears afirma que os bebés crescem mais não apenas em tamanho, mas atingindo todo o seu potencial de crescimento, tanto a nível físico, como emocional e intelectual. Talvez seja o toque, pele com pele, que estimula o desenvolvimento. Ou talvez as mamadas extra... já que estes bebés mamam mais do que os que dormem em quartos separados.
Bebés e pais ficam mais ligados
É outras das observações do pediatra. Na sua base de dados «Crianças que crescem bem, o que fazem os pais» o co-sleeping é muito frequente. A vinculação torna-se mais forte e evidente.
Reduz os riscos de Síndrome da Morte Súbita
A segurança é uma das razões que leva muito pais a deitar o bebé no berço ou noutra cama. Porque há o medo de sufocar o bebé. Mas os mais recentes estudos apontam para o contrário: bebés que dormem com os pais estão menos sujeitos à Síndrome da Morte Súbita. As excepções são: pais fumadores ou que consomem bebidas alcoólicas.
Uma opção para quem quer ter o bebé junto a si de noite, mas com mais espaço é baixar uma das grades da cama do bebé e juntá-la à cama de casal. Assim é fácil tocar no bebé e puxá-lo para si para mamar, mas existe mais espaço e o sono pode ser mais tranquilo.
Para terminar, o especialista alerta para o facto de o co-sleeping não ser uma regra. Tem benefícios mas é apenas uma opção. Aos que têm medo que os bebés fiquem tão habituados que depois nunca mais queiram ir para o quarto deles, diz: «Os bebés vão deixar a cama dos pais naturalmente tal como deixam de mamar. Normalmente isso acontece por volta dos dois anos.
Para saber mais: www.askdrsears.com
Fonte: http://www.mae.iol.pt/artigo.php?id=1067652&div_id=3646
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