“(…) Yoga também significa união. Com a divindade, consigo próprio, com o universo, pouco importa que nome se dá à transcendência, o que conta é o desejo de união. Na gravidez, tudo isto faz ainda mais sentido. A viagem para o interior de si que os defensores do yoga tanto apregoam ganha contornos de necessidade, de prática saudável e de método de comunicação pré-natal.
O desenvolvimento da «consciência corporal» - outra das imagens comuns no yoga - ganha realismo, sentido. O desejo de união instala-se com mais força e cresce de dia para dia, reforçando os laços entre mãe e filho. Em suma, o yoga volta a grávida para si própria e para o seu bebé. Ensina-a a focar-se no seu corpo em transformação e a gerir as suas emoções ao longo da gestação. Seja qual for o seu nível de preparação física e mental, o relaxamento profundo proporcionado pela prática do yoga transmite à grávida uma sensação de calma interior e harmonia com o meio envolvente. Haverá algo melhor para sentir durante a gravidez?
Desligar o “interruptor”
(…) À grávida propõe-se que aprenda a descarregar as tensões e a rigidez acumuladas nos músculos e articulações. Sem esforço, sem recorrer a nenhum tipo de sobrecarga, apenas com a ajuda da respiração. «É preciso que ela se concentre no que está a fazer. Afastar-se do que ficou lá fora. (…)
Às grávidas «propomos tranquilidade», elucida Sandra Ribeiro. O yoga ajuda a futura mãe a ultrapassar as transformações provocadas pela gravidez desde o início, proporcionando maior percepção de si mesma e da presença do filho dentro do seu corpo. Em silêncio, invadida por uma paz inebriante, a grávida descobre que consegue comunicar com o seu bebé e que a ligação que os une é tão forte que nada será como antes.
Uma prática suave
Qualquer forma de exercício físico praticado durante a gravidez deve ser tão leve quanto possível, de forma a não ultrapassar os limites do que é confortável para a grávida. O yoga não é excepção. As posturas a treinar devem ser as mais simples de todas e as que menos esforço exigem. No entanto, isto não significa que a grávida tenha de ficar sempre em posição de meditação, sem se mexer. Partindo do pressuposto de que as posições praticadas ajudam a grávida a melhorar a sua postura, a andar com menos esforço, a sentar-se com as costas direitas e a distribuir o peso pelo corpo, o objectivo é adaptar a grávida às mudanças da gestação. Durante os exercícios, aprende a concentrar-se na respiração. Os suaves movimentos que ocorrem quando respira fundo e se liberta das tensões criam uma sensação de leveza e liberdade. Nestes momentos, mãe e filho estão intensamente unidos, isolados de todas as interferências.
A relação com a força da gravidade torna-se mais clara para a grávida, ela aprende a sentir-se mais leve. A coluna vertebral ganha flexibilidade e liberta-se da rigidez acumulada.
O yoga ensina às grávidas como obter conforto ao longo dos nove meses de gravidez. Um sentimento que não é apenas físico. O objectivo não é criar uma barreira contra o mundo exterior, mas aprender a não deixar que a impressão digital desse mundo, que se sente todos os dias na pele, nos músculos, nas articulações, condicione a nossa paz interior. É isto que o yoga oferece à grávida:
•Mais tempo para si e para o seu bebé
•A oportunidade de viver momentos de silêncio e de paz
•A possibilidade de desenvolver a sua capacidade de concentração
•Aprender a relaxar
•Aprender a gostar mais de si própria“
artigo completo, aqui
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
O medo do parto
“«As mulheres crescem a ouvir histórias terríveis sobre o parto», afirma Luísa Condeço, doula e co-fundadora da Associação Doulas de Portugal. «Às vezes, é para alguém exorcizar o seu próprio parto traumático, outras vezes é apenas porque sim, porque faz parte do ritual de passagem.»
O medo da dor
O trabalho das doulas passa muito pelo desmistificar de ideias feitas, com a ajuda de evidências científicas, e pela mentalização positiva. Em relação à dor, «explicamos que a melhor estratégia para enfrentar a dor é encará-la como uma aliada, sempre partindo do princípio que ela pode ou não existir. É óbvio que não podemos dizer que não vai doer, mas podemos ajudar a grávida a encará-la de uma forma positiva», conta Luísa Condeço. «Esta dor deve ser a única que não significa que alguma coisa está mal no nosso corpo. Pelo contrário, esta dor significa que o nosso corpo está a fazer o seu trabalho. A dor tem uma função fisiológica, leva a mulher a descontrair-se entre as contracções, a libertar analgésicos naturais e conduz a um estado alterado de consciência. Isto não acontece se a mulher estiver tensa desde o início. Se estiver preocupada em combater a dor, está a enfatizar essa dor. Se aceitarmos a dor, ela é relativizada e consegue-se descontrair, relaxar entre contracções, contribuindo para uma maior libertação de occitocina», explica Luísa. «Mostramos também que a Natureza é sábia: deu-nos as contracções para nos ajudar, mas também nos deu os intervalos entre elas, para podermos descansar, respirar fundo. Temos de saber aproveitá-los».
O medo do desconhecido
A nossa sociedade afastou-nos tanto da Natureza, que nos afastou do nosso próprio corpo. «Estamos muito longe do nosso lado mais biológico, mais animal», afirma Luísa. A ignorância das mulheres sobre o seu corpo não ajuda. Não aprendem a ouvir o seu corpo, não testemunham o nascimento de crianças próximas, só conhecem as histórias terríveis, de modo que o desconhecido faz nascer, muitas vezes, medos infundados», defende.
O medo do hospital
Se por um lado o hospital oferece segurança à maior parte das mulheres, por outro pode ser um motivo de angústia, de receios. «Saber que se vai estar em trabalho de parto num ambiente sem privacidade, saber que se vai estar sujeita a procedimentos assustadores é seguramente um motivo para ter medo. Não acredito que haja uma mulher que não tenha medo de uma episiotomia. O medo do hospital pode também vir na sequência de um primeiro parto traumático», conta Luísa Condeço. «Cada vez mais, as mulheres sentem que têm o direito de fazer escolhas. E é isso que lhes mostramos», acrescenta.
Os medos escondidos
Mas há outros medos escondidos: a vergonha (que é o medo de perder a compostura); o medo da separação do bebé; a angústia de deixar de ser apenas filha para passar a ser também mãe. «O parto coloca-nos perante nós mesmas. Isso pode ser assustador. Mas podemos ficar com mais força, se deixarmos vir ao de cima o nosso lado mais primitivo», afirma Luísa Condeço.
O efeito do medo
É consensual que o medo e a expectativa que temos em relação ao parto condiciona a forma como este se desenrola. «Penso que o medo pode condicionar a progressão do trabalho de parto, sim, há algumas evidências nesse sentido. A explicação fisiológica é que o medo faz subir os níveis da adrenalina, o que faz diminuir os níveis da occitocina, a hormona responsável pelas contracções», explica Diogo Ayres de Campos (director do Serviço de Obstetrícia do Hospital de S. João).“
fonte
O medo da dor
O trabalho das doulas passa muito pelo desmistificar de ideias feitas, com a ajuda de evidências científicas, e pela mentalização positiva. Em relação à dor, «explicamos que a melhor estratégia para enfrentar a dor é encará-la como uma aliada, sempre partindo do princípio que ela pode ou não existir. É óbvio que não podemos dizer que não vai doer, mas podemos ajudar a grávida a encará-la de uma forma positiva», conta Luísa Condeço. «Esta dor deve ser a única que não significa que alguma coisa está mal no nosso corpo. Pelo contrário, esta dor significa que o nosso corpo está a fazer o seu trabalho. A dor tem uma função fisiológica, leva a mulher a descontrair-se entre as contracções, a libertar analgésicos naturais e conduz a um estado alterado de consciência. Isto não acontece se a mulher estiver tensa desde o início. Se estiver preocupada em combater a dor, está a enfatizar essa dor. Se aceitarmos a dor, ela é relativizada e consegue-se descontrair, relaxar entre contracções, contribuindo para uma maior libertação de occitocina», explica Luísa. «Mostramos também que a Natureza é sábia: deu-nos as contracções para nos ajudar, mas também nos deu os intervalos entre elas, para podermos descansar, respirar fundo. Temos de saber aproveitá-los».
O medo do desconhecido
A nossa sociedade afastou-nos tanto da Natureza, que nos afastou do nosso próprio corpo. «Estamos muito longe do nosso lado mais biológico, mais animal», afirma Luísa. A ignorância das mulheres sobre o seu corpo não ajuda. Não aprendem a ouvir o seu corpo, não testemunham o nascimento de crianças próximas, só conhecem as histórias terríveis, de modo que o desconhecido faz nascer, muitas vezes, medos infundados», defende.
O medo do hospital
Se por um lado o hospital oferece segurança à maior parte das mulheres, por outro pode ser um motivo de angústia, de receios. «Saber que se vai estar em trabalho de parto num ambiente sem privacidade, saber que se vai estar sujeita a procedimentos assustadores é seguramente um motivo para ter medo. Não acredito que haja uma mulher que não tenha medo de uma episiotomia. O medo do hospital pode também vir na sequência de um primeiro parto traumático», conta Luísa Condeço. «Cada vez mais, as mulheres sentem que têm o direito de fazer escolhas. E é isso que lhes mostramos», acrescenta.
Os medos escondidos
Mas há outros medos escondidos: a vergonha (que é o medo de perder a compostura); o medo da separação do bebé; a angústia de deixar de ser apenas filha para passar a ser também mãe. «O parto coloca-nos perante nós mesmas. Isso pode ser assustador. Mas podemos ficar com mais força, se deixarmos vir ao de cima o nosso lado mais primitivo», afirma Luísa Condeço.
O efeito do medo
É consensual que o medo e a expectativa que temos em relação ao parto condiciona a forma como este se desenrola. «Penso que o medo pode condicionar a progressão do trabalho de parto, sim, há algumas evidências nesse sentido. A explicação fisiológica é que o medo faz subir os níveis da adrenalina, o que faz diminuir os níveis da occitocina, a hormona responsável pelas contracções», explica Diogo Ayres de Campos (director do Serviço de Obstetrícia do Hospital de S. João).“
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Doulas
“Nos antípodas da visão estritamente médica e hospitalar do parto, está a forma como as doulas encaram o momento de pôr no mundo uma criança. Não querem impor um modelo, pois defendem sobretudo que a mulher possa ser «dona» do seu parto. Mas querem que possa ser informada de todos os riscos e benefícios, bem como da verdadeira necessidade de todas e de cada uma das intervenções médicas que se fazem no parto hospitalar. Querem que cada mulher possa escolher, depois de devidamente informada, a forma como gostaria de dar à luz. Querem que essa vontade seja respeitada. Querem que possa ser acompanhada por alguém que esteja ali, com paz e tranquilidade, só para ela.
O que não é fácil, em ambiente hospitalar. Luísa Condeço e Carla Guiomar, as primeiras doulas portuguesas, têm consciência dessa dificuldade, mas não deixaram de meter mãos à obra. «Sabemos que temos de ir devagar, temos noção de que estamos a lutar contra a corrente, mas não temos pressa. E temos sinais de que este caminho faz sentido para muita gente. As pessoas que nos procuram são cada vez mais», declara Luísa, optimista.
Michel Odent, o famoso obstetra que revolucionou a obstetrícia nos anos 60 e 70, introduzindo o parto na água e salas de parto com ambiente familiar, na sua unidade do Hospital Pithiviers, em França, e Liliana Lammers, uma experiente doula, deram a Luísa e a Carla a formação necessária para se lançarem, com segurança, na aventura de se tornarem doulas e de, além disso, criarem a associação sem fins lucrativos Doulas de Portugal.
O parto decide-se na cabeçaApesar de o apoio das doulas se centrar na parte psicológica e emocional, a sua formação dá-lhes bases teóricas sobre o desenrolar do trabalho de parto e os processos fisiológicos que acontecem em cada uma das suas fases. São treinadas para reconhecer os sinais de que tudo está bem, para o caso de acompanharem o trabalho de parto em casa, seja apenas a dilatação seja também a expulsão. «Depois de alguma experiência, o parto é como uma música que aprendemos a reconhecer. Cada mãe é única, mas o parto tem fases que são sempre iguais e que é possível identificar pelos sinais que a mulher dá, pelas posições em que se põe, pelo seu estado geral», explica Luísa. Mas para que assim seja, é preciso que não existam intervenções externas: «A partir do momento em que se liga a mãe ao CTG, em que se faz um toque de hora a hora, em que existem luzes muito fortes, em que se obriga a grávida a estar sempre deitada, está-se a perturbar o processo, a interferir com a produção natural de occitocina, a hormona que estimula as contracções e permite a progressão da dilatação».
Porque o parto também se decide na cabeça, estas doulas sabem que já contribuíram para mudar muitas histórias de parto. E porque este é um momento único, apesar de ser um milagre banal, a sua vida também mudou e continua a mudar de cada vez que ficam para a história.“
É interessante ler o artigo completo
fonte
O que não é fácil, em ambiente hospitalar. Luísa Condeço e Carla Guiomar, as primeiras doulas portuguesas, têm consciência dessa dificuldade, mas não deixaram de meter mãos à obra. «Sabemos que temos de ir devagar, temos noção de que estamos a lutar contra a corrente, mas não temos pressa. E temos sinais de que este caminho faz sentido para muita gente. As pessoas que nos procuram são cada vez mais», declara Luísa, optimista.
Michel Odent, o famoso obstetra que revolucionou a obstetrícia nos anos 60 e 70, introduzindo o parto na água e salas de parto com ambiente familiar, na sua unidade do Hospital Pithiviers, em França, e Liliana Lammers, uma experiente doula, deram a Luísa e a Carla a formação necessária para se lançarem, com segurança, na aventura de se tornarem doulas e de, além disso, criarem a associação sem fins lucrativos Doulas de Portugal.
O parto decide-se na cabeçaApesar de o apoio das doulas se centrar na parte psicológica e emocional, a sua formação dá-lhes bases teóricas sobre o desenrolar do trabalho de parto e os processos fisiológicos que acontecem em cada uma das suas fases. São treinadas para reconhecer os sinais de que tudo está bem, para o caso de acompanharem o trabalho de parto em casa, seja apenas a dilatação seja também a expulsão. «Depois de alguma experiência, o parto é como uma música que aprendemos a reconhecer. Cada mãe é única, mas o parto tem fases que são sempre iguais e que é possível identificar pelos sinais que a mulher dá, pelas posições em que se põe, pelo seu estado geral», explica Luísa. Mas para que assim seja, é preciso que não existam intervenções externas: «A partir do momento em que se liga a mãe ao CTG, em que se faz um toque de hora a hora, em que existem luzes muito fortes, em que se obriga a grávida a estar sempre deitada, está-se a perturbar o processo, a interferir com a produção natural de occitocina, a hormona que estimula as contracções e permite a progressão da dilatação».
Porque o parto também se decide na cabeça, estas doulas sabem que já contribuíram para mudar muitas histórias de parto. E porque este é um momento único, apesar de ser um milagre banal, a sua vida também mudou e continua a mudar de cada vez que ficam para a história.“
É interessante ler o artigo completo
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sábado, 21 de novembro de 2009
X Campo de Trabalho - Vamos defender os direitos humanos
Entre os dias 28 de Novembro e 1 de Dezembro, a Amnistia Internacional Portugal, em colaboração com a Câmara Municipal de Torres Vedras, vai organizar o 10º Campo de Trabalho “Vamos Defender os Direitos Humanos”.
Inscreve-te até ao dia 22 de Novembro e participa!
Durante quatro dias, jovens de todo o país, com idades entre os 15 e os 18 anos, vão poder dedicar-se exclusivamente ao debate de temas relacionados com os Direitos Humanos.
O trabalho da Amnistia Internacional e o papel dos Jovens no activismo são alguns dos temas a serem abordados. Haverá ainda tempo para pensar sobre problemas mais concretos de Direitos Humanos, como a Discriminação, a Pobreza e a Pena de Morte.
Este ano o Campo de Trabalho vai decorrer na Colónia de Férias da Praia Azul, perto de Torres Vedras, numa parceria com a Câmara Municipal local.
A inscrição tem um custo de 30 euros por participante, o que inclui materiais, alimentação, alojamento e transporte no local.
Vem aprender mais sobre os problemas que se vivem no Mundo e perceber como todos nós, juntos, podemos fazer a diferença.
Inscreve-te até ao dia 22 de Novembro e participa!
Programa e Ficha de Inscrição
Mais informações pelo email campodetrabalho@amnistia-internacional.pt
Para esclarecimentos adicionais contactar Luísa Marques ou Fernando Marques pelo 213 861 652.
Inscreve-te até ao dia 22 de Novembro e participa!
Durante quatro dias, jovens de todo o país, com idades entre os 15 e os 18 anos, vão poder dedicar-se exclusivamente ao debate de temas relacionados com os Direitos Humanos.
O trabalho da Amnistia Internacional e o papel dos Jovens no activismo são alguns dos temas a serem abordados. Haverá ainda tempo para pensar sobre problemas mais concretos de Direitos Humanos, como a Discriminação, a Pobreza e a Pena de Morte.
Este ano o Campo de Trabalho vai decorrer na Colónia de Férias da Praia Azul, perto de Torres Vedras, numa parceria com a Câmara Municipal local.
A inscrição tem um custo de 30 euros por participante, o que inclui materiais, alimentação, alojamento e transporte no local.
Vem aprender mais sobre os problemas que se vivem no Mundo e perceber como todos nós, juntos, podemos fazer a diferença.
Inscreve-te até ao dia 22 de Novembro e participa!
Programa e Ficha de Inscrição
Mais informações pelo email campodetrabalho@amnistia-internacional.pt
Para esclarecimentos adicionais contactar Luísa Marques ou Fernando Marques pelo 213 861 652.
Co-Sleeping
Ensinaram-nos que os bebés devem dormir no seu berço e mais crescidos na sua cama. Que dormir com os pais é um péssimo hábito. Que os torna dependentes e mimados. Que devemos ensinar os nossos fihos a dormir a noite inteira, sozinhos nos seus quartos. Aliás, é a pergunta que mais nos fazem quando temos um bebé: «Já dorme a noite inteira?»
É cultural esta tendência para tornar desde cedo as crianças autónomas dos pais. Uma necessidade para quando tem de se trabalhar o dia inteiro longe dos filhos. Noutras culturas, não é assim. A autonomia conquista-se gradualmente, não é imposta, não é «ensinada». Por isso, há quem defenda que o sono seja partilhado, ou seja, que as crianças possam dormir com os pais enquanto isso lhes der segurança e conforto. Em inglês, chamam-lhe co-sleeping, uma prática que parece ter cada vez mais adeptos, segundo estudos realizados nos EUA. Contra a corrente, são poucos os pediatras ou especialistas em desenvolvimento infantil que o defendam. Mas já existem.
No site do reconhecido pediatra William Sears, foi publicado um artigo que aponta os principais benefícios, a nível de saúde e de desenvolvimento, do co-sleeping. Na sua opinião não há um sítio correcto para o bebé dormir. São os pais que têm de descobrir o que é melhor para o seu bebé. Para que saiba que há diferentes formas de pensar e actuar, deixamos-lhe um resumo dos benefícios apontados:
Os bebés dormem melhor
Os bebés que dormem com os pais adormecem mais facilmnente e dormem melhor. Adormecer nos braços da mãe ou do pai é um prazer e dá ao bebé a noção de que o sono é bom e desejável. Por outro lado, quando está na transição do sono profundo para o sono leve, o que o faz acordar várias vezes durante a noite, a presença dos pais, fá-lo sentir-se seguro para voltar a entrar no sono profundo. Ou então talvez precise de mamar um bocadinho e rapidamente voltar a dormir. Nem a mãe nem o bebé chegam a acordar completamente, ou seja, descansam mais e melhor.
As mães dormem melhor
Mães e bebés entram em sincronia nos seus ritmos de sono. Há mães que relatam como acordam exactamente antes de o seu bebé abrir os olhos. Pelo contrário, mães que dormem em quartos separados relatam como acordam abruptamente com o choro do bebé. A mãe não acorda aos primeiros movimentos do bebé e este tem de acordar completamente e chorar bem alto para que o ouçam. Depois de o bebé voltar a dormir a mãe está completamente acordada e tem muitas vezes dificuldade em voltar a adormecer. Perde muito tempo de sono e de manhã está exausta. Muitas noites assim, com despertares abruptos e repentinos de estados de sono profundo, levam à situação em que muitos pais se encontram de privação do sono e exaustão.
Facilita a amamentação
As mães que amamentam sabem que dormir com os bebés é a forma mais fácil de o fazer. Os bebés voltam a entrar facilmente no sono profundo depois de mamar ¿ nem chegam a acordar - e as mães, não tendo de sair da cama, levantar-se, também ficam menos despertas. Tal como os bebés voltam a entrar facilmente no sono.
Mães que sentem dificuldades na amamentação durante o dia, podem resolvê-los dormindo com os seus bebés. Sears acredita que os bebés sentem as mães mais descontraídas e que produção das hormonas envolvidas na produção do leite é mais eficaz quando a mãe está descontraída ou mesmo adormecida.
Compensa o tempo em que estão separados
Trabalhando o dia inteiro longe dos bebés, dormir com eles de noite é uma forma de voltarem a estar unidos e compensarem o tempo em que não puderam tocar-se durante o dia. A mãe descontrai mais e o bebé também.
Os bebés crescem mais
Depois de trinta anos de observação em consultório de famílias que praticam o co-sleeping, Sears afirma que os bebés crescem mais não apenas em tamanho, mas atingindo todo o seu potencial de crescimento, tanto a nível físico, como emocional e intelectual. Talvez seja o toque, pele com pele, que estimula o desenvolvimento. Ou talvez as mamadas extra... já que estes bebés mamam mais do que os que dormem em quartos separados.
Bebés e pais ficam mais ligados
É outras das observações do pediatra. Na sua base de dados «Crianças que crescem bem, o que fazem os pais» o co-sleeping é muito frequente. A vinculação torna-se mais forte e evidente.
Reduz os riscos de Síndrome da Morte Súbita
A segurança é uma das razões que leva muito pais a deitar o bebé no berço ou noutra cama. Porque há o medo de sufocar o bebé. Mas os mais recentes estudos apontam para o contrário: bebés que dormem com os pais estão menos sujeitos à Síndrome da Morte Súbita. As excepções são: pais fumadores ou que consomem bebidas alcoólicas.
Uma opção para quem quer ter o bebé junto a si de noite, mas com mais espaço é baixar uma das grades da cama do bebé e juntá-la à cama de casal. Assim é fácil tocar no bebé e puxá-lo para si para mamar, mas existe mais espaço e o sono pode ser mais tranquilo.
Para terminar, o especialista alerta para o facto de o co-sleeping não ser uma regra. Tem benefícios mas é apenas uma opção. Aos que têm medo que os bebés fiquem tão habituados que depois nunca mais queiram ir para o quarto deles, diz: «Os bebés vão deixar a cama dos pais naturalmente tal como deixam de mamar. Normalmente isso acontece por volta dos dois anos.
Para saber mais: www.askdrsears.com
Fonte: http://www.mae.iol.pt/artigo.php?id=1067652&div_id=3646
É cultural esta tendência para tornar desde cedo as crianças autónomas dos pais. Uma necessidade para quando tem de se trabalhar o dia inteiro longe dos filhos. Noutras culturas, não é assim. A autonomia conquista-se gradualmente, não é imposta, não é «ensinada». Por isso, há quem defenda que o sono seja partilhado, ou seja, que as crianças possam dormir com os pais enquanto isso lhes der segurança e conforto. Em inglês, chamam-lhe co-sleeping, uma prática que parece ter cada vez mais adeptos, segundo estudos realizados nos EUA. Contra a corrente, são poucos os pediatras ou especialistas em desenvolvimento infantil que o defendam. Mas já existem.
No site do reconhecido pediatra William Sears, foi publicado um artigo que aponta os principais benefícios, a nível de saúde e de desenvolvimento, do co-sleeping. Na sua opinião não há um sítio correcto para o bebé dormir. São os pais que têm de descobrir o que é melhor para o seu bebé. Para que saiba que há diferentes formas de pensar e actuar, deixamos-lhe um resumo dos benefícios apontados:
Os bebés dormem melhor
Os bebés que dormem com os pais adormecem mais facilmnente e dormem melhor. Adormecer nos braços da mãe ou do pai é um prazer e dá ao bebé a noção de que o sono é bom e desejável. Por outro lado, quando está na transição do sono profundo para o sono leve, o que o faz acordar várias vezes durante a noite, a presença dos pais, fá-lo sentir-se seguro para voltar a entrar no sono profundo. Ou então talvez precise de mamar um bocadinho e rapidamente voltar a dormir. Nem a mãe nem o bebé chegam a acordar completamente, ou seja, descansam mais e melhor.
As mães dormem melhor
Mães e bebés entram em sincronia nos seus ritmos de sono. Há mães que relatam como acordam exactamente antes de o seu bebé abrir os olhos. Pelo contrário, mães que dormem em quartos separados relatam como acordam abruptamente com o choro do bebé. A mãe não acorda aos primeiros movimentos do bebé e este tem de acordar completamente e chorar bem alto para que o ouçam. Depois de o bebé voltar a dormir a mãe está completamente acordada e tem muitas vezes dificuldade em voltar a adormecer. Perde muito tempo de sono e de manhã está exausta. Muitas noites assim, com despertares abruptos e repentinos de estados de sono profundo, levam à situação em que muitos pais se encontram de privação do sono e exaustão.
Facilita a amamentação
As mães que amamentam sabem que dormir com os bebés é a forma mais fácil de o fazer. Os bebés voltam a entrar facilmente no sono profundo depois de mamar ¿ nem chegam a acordar - e as mães, não tendo de sair da cama, levantar-se, também ficam menos despertas. Tal como os bebés voltam a entrar facilmente no sono.
Mães que sentem dificuldades na amamentação durante o dia, podem resolvê-los dormindo com os seus bebés. Sears acredita que os bebés sentem as mães mais descontraídas e que produção das hormonas envolvidas na produção do leite é mais eficaz quando a mãe está descontraída ou mesmo adormecida.
Compensa o tempo em que estão separados
Trabalhando o dia inteiro longe dos bebés, dormir com eles de noite é uma forma de voltarem a estar unidos e compensarem o tempo em que não puderam tocar-se durante o dia. A mãe descontrai mais e o bebé também.
Os bebés crescem mais
Depois de trinta anos de observação em consultório de famílias que praticam o co-sleeping, Sears afirma que os bebés crescem mais não apenas em tamanho, mas atingindo todo o seu potencial de crescimento, tanto a nível físico, como emocional e intelectual. Talvez seja o toque, pele com pele, que estimula o desenvolvimento. Ou talvez as mamadas extra... já que estes bebés mamam mais do que os que dormem em quartos separados.
Bebés e pais ficam mais ligados
É outras das observações do pediatra. Na sua base de dados «Crianças que crescem bem, o que fazem os pais» o co-sleeping é muito frequente. A vinculação torna-se mais forte e evidente.
Reduz os riscos de Síndrome da Morte Súbita
A segurança é uma das razões que leva muito pais a deitar o bebé no berço ou noutra cama. Porque há o medo de sufocar o bebé. Mas os mais recentes estudos apontam para o contrário: bebés que dormem com os pais estão menos sujeitos à Síndrome da Morte Súbita. As excepções são: pais fumadores ou que consomem bebidas alcoólicas.
Uma opção para quem quer ter o bebé junto a si de noite, mas com mais espaço é baixar uma das grades da cama do bebé e juntá-la à cama de casal. Assim é fácil tocar no bebé e puxá-lo para si para mamar, mas existe mais espaço e o sono pode ser mais tranquilo.
Para terminar, o especialista alerta para o facto de o co-sleeping não ser uma regra. Tem benefícios mas é apenas uma opção. Aos que têm medo que os bebés fiquem tão habituados que depois nunca mais queiram ir para o quarto deles, diz: «Os bebés vão deixar a cama dos pais naturalmente tal como deixam de mamar. Normalmente isso acontece por volta dos dois anos.
Para saber mais: www.askdrsears.com
Fonte: http://www.mae.iol.pt/artigo.php?id=1067652&div_id=3646
Educação Intuitiva
«As pessoas que tentam respeitar as crianças enfrentam sérias dificuldades, não dês tanto colo, não dês de mamar à noite, estás a estragá-lo com mimos, chorar faz bem, deixa-o adormecer sozinho, eles têm muitas manhas, isso não é fome é mimo... são frases comuns que traduzem a forma como na nossa sociedade é regra educar uma criança. O objectivo principal é a independência, a autonomia, como se fosse suposto uma criança tornar-se independente na primeira infância» (Natália Fialho)
«É suposto uma criança ser dependente e prefiro que seja dependente de mim do que de alguém que eu não conheço. Além disso, a independência tem de vir da segurança interior e essa só se consegue com o tempo e com respostas positivas às necessidades de um bebé. Não está previsto pela natureza uma criança de três anos sair para caçar quando tem fome! É natural que sejam dependentes!». (Natália Fialho)
Respeitar as crianças é fácil se fizermos o exercício de nos pormos no lugar delas. E se conseguirmos lembrar-nos da nossa infância. «Baixarmo-nos para conversarmos olhos nos olhos, ouvirmos o que nos dizem, em vez de ditarmos ordens de cima, será um bom princípio», aconselha Natália.
Dentro da sua realidade e do seu dia-a-dia, cada mãe / pai pode retirar da Educação Intuitiva aquilo que se insere nos seus valores, aquilo que para si funciona e faz sentido. «É uma caixinha de ferramentas para o dia-a-dia. Cada um usa as que quer».
Dentro da sua realidade e do seu dia-a-dia, cada mãe / pai pode retirar da Educação Intuitiva aquilo que se insere nos seus valores, aquilo que para si funciona e faz sentido. «É uma caixinha de ferramentas para o dia-a-dia. Cada um usa as que quer». Descubra então que ferramentas são essas e como podem funcionar no seu filho, através dos oito princípios da Educação Intuitiva que Natália Fialho ajudou a trocar por miúdos:
1- Preparação para o parto e para a maternidade/paternidade:
Passa por descobrir como são cruciais o tempo da gravidez, a forma como decorre o parto, e as primeiras horas e dias de vida. Conhecer as opções que se tem em termos de cuidados de saúde, descobrir como certas práticas podem condicionar a vinculação precoce, como é importante respeitar também nesta fase o ritmo do bebé.
Comer bem, fazer exercício, optar por uma boa qualidade de vida também passam por esta preparação.
Pressupõe também que é muito importante abrir espaço para uma criança nas nossas vidas. E para pensarmos que tipo de pais quermos ser. Durante a gravidez, pensa-se em muitas coisas, mas muitas vezes esquece-se o mais importante. Vale a pena discutir com outros pais, pesquisar opções, estabelecer expectativas realísticas ¿ tanto para o desempenho como pais, como para as crianças ¿ aprender mais sobre desenvolvimento infantil.
2- Alimentar com amor e com respeito
A API foi criada em estreita ligação com a organização não governamental Liga La Leche. Ou não fosse a amamentação uma forte aliada de uma vinculação segura. Amamentar em horário livre, até quando for compensador para a mãe e para o bebé é, por isso, outro conselho da Educação Intuitiva.
Com base nos mais fundamentados estudos científicos, que levam por exemplo a Organização Mundial de Saúde a recomendar a amamentação exclusiva até aos seis meses e como complemento até aos dois anos, os grupos de apoio da API (tal como as reuniões da La Leche League) dão apoio a mães com dificuldades em levar por diante o desejo profundo de amamentar.
«As mulheres não têm noção, na primeira gravidez, de como as influências exteriores podem condicionar a amamentação. Começa logo no Hospital, depois do parto, quando não existe um verdadeiro apoio e o biberão surge à primeira dificuldade. Quando não corre bem, quando acabam por desistir, isso marca profundamente as mulheres», afirma Natália.
Porque os profissionais de saúde nem sempre estão actualizados e nem sempre têm formação indicada para fazer este acompanhamento, ter alguém que já amamentou, que tem uma experiência positiva e que tem formação de uma organização especializada pode fazer toda a diferença.
«Muitos conselhos dados por pediatras a mães que amamentam não têm qualquer base científica. Dizer que não vale a pena dar de mamar depois dos seis meses, que não tem qualquer benefício e que até pode ser prejudicial é não saber do que se está a falar», afirma Natália.
Em relação a outros conselhos, que toda a gente gosta de dar, «digo sempre às mães para tentarem perceber se a experiência de amamentação das pessoas foi positiva». As pessoas não são isentas, as suas experiências condicionam aquilo que defendem.
Mas a Educação Intuitiva também tem conselhos para a fase de introdução dos sólidos que vale a pena, pelo menos, conhecer. Não forçar uma criança a comer é um deles.
3- Responder às necessidades emocionais da criança
Passa por transmitir segurança, por não deixar o bebé chorar sozinho porque lhe faz bem ou por acharmos que está a ficar mimado. Ser sensível e atento às necessidades de um bebé ou criança pequena exige muita disponibilidade por parte dos pais.
Este é um dos pontos que gera muitas críticas à Educação Intuitiva. Há quem defenda que gera mais ansiedade, por se exigir demasiado, sobretudo das mães.
Mas os defensores da Educação Intuitiva consideram um ponto fulcral para a vinculação segura. Só assim o bebé vai desenvolvendo confiança, segurança, auto-estima e uma autonomia saudável. Porque vai ganhando o seu espaço, sabendo que existe o tal «porto seguro» ao qual pode sempre voltar.
4- Promover o contacto físico
A Educação Intuitiva realça a importância do contacto físico para o estabelecimento de uma vinculação segura. Por isso aconselha que se transporte o bebé ao colo, num sling, pano porta-bebés ou canguru. Esta é uma boa forma de compensar as ausências, mesmo dentro de casa, se temos de fazer outras coisas. As mãos ficam livres, mas o bebé está colado à mãe ou ao pai. As massagens ao bebé são também um óptimo alimento para a vinculação segura.
O contacto físico promove as hormonas do crescimento, o desenvolvimento físico e intelectual, ajuda o organismo do bebé a regular a tempertaura e o ritmo cardíaco, bem como os padrões de sono. Os bebés ganham peso mais rapidamente, comem melhor, choram menos e são mais calmos.
Portanto, se ainda acredita que muito colo pode ser prejudicial, talvez deva pesquisar um pouco e reflectir sobre a importância do contacto físico. Mesmo mais tarde, ao longo de toda a infância.
Culturas em que o contacto físico com os pais é grande durante a infância têm baixos níveis de violência física.
5- Responder às necessidades nocturnas das crianças
Este é um dos pontos mais controversos da Educação Intuitiva. Pressupõe que os pais devem responder às necessidades nocturnas dos filhos ¿ sejam elas afectivas ou de alimento. E se isso passar por dormirem com os filhos, que assim seja.
Normalmente, o objectivo principal de qualquer mãe ou pai é que o bebé passe o mais cedo possível a dormir sozinho, durante toda a noite. Segunda a Educação Intuitiva, é esperar uma coisa que não é suposto acontecer. Isso gera frustrações, conflitos, cansaço acumulado, noites mal dormidas.
Quando perguntam a Natália se o seu bebé dorme bem, ela costuma responder que «sim, dorme bem até acordar». Ela não espera que ele não acorde. Dorme com ele ao lado e dá-lhe de mamar semrpe que ele pede.
«Sim, às vezes é cansativo», reconhece. «Mas acho que deve ser muito mais cansativo levantar-me e ir dar e mamar noutro quarto. Quem defende muito a importância do descanso das mães deve pensar que ao dormirem com o bebé ao lado descansam, na realidade, mais», garante.
Esta é uma opção que não é rígida. Há bebés que adormecem muito bem no seu berço sozinhos e a partir de certa idade raramente acordam. Aí é tranquilo que durmam no seu quarto, sozinhos. Há pais que optam por deixar as crianças no seu quarto a primeira metade da noite e depois, quando acordam, passá-las para a sua cama.
O co-sleeping até pode passar apenas por ficar com a criança na sua cama enquanto ela adormece. E voltar lá durante a noite, se for necessário.
«Os adultos também não gostam de dormir sozinhos. Então porquê obrigar as crianças a dormir sozinhas, se não estão preparadas para isso, se não têm segurança emocional parta tal?» pergunta Natália.
Por outro lado, «se passamos muito tempo longe dos filhos de dia, porque não compensar à noite? Porque não dormir com eles ou adormecer junto deles, se assim necessitarem?»
6- Garantir proximidade
Se nem o pai nem a mãe podem ficar a tempo inteiro com o bebé, então devem procurar uma solução que passe por haver uma terceira pessoa que também possa criar laços fortes com ele.
Os pais devem ser criativos na procura de soluções. Se calhar é possível trabalhar algum tempo a partir de casa. Ou levar o bebé em algum tipo de deslocações. Devem adaptar-se ao facto de serem pais e não encaixar o bebé numa agenda super-ocupada.
Em Portugal, isto ainda parece uma utopia. Horários muito rígidos, reuniões fora de horas, fazem com que as crianças passem demasiadas horas longe dos pais.
«Isso não é conciliar a vida familiar com a profissional. É deixar para a família o pouco que sobra. Eu não quero que os meus filhos alguma vez pensem que o meu trabalho é mais importante do que eles», afirma Natália. Uma vinculação segura exige muito tempo com as crianças. E um bebé necessita de relações fortes.
Evitar separações prolongadas é outro dos pressupostos da Educação Intuitiva. As separações frequentes ou prolongadas podem interferir com o desenvolvimento de ligações seguras.
7- Praticar a disciplina positiva
Deixar as crianças participar na solução de um problema é uma maneira de as deixar mais predispostas a segui-la. Fazer com elas um cartaz com a rotina da hora de deitar, por exemplo. Deixá-las consultá-lo e seguir a sequência, descobrindo elas o que vem a seguir a lavar os dentes e o que fazer a seguir à história. É como um jogo que as envolve e que pode evitar algum desgaste.
Quando vamos sair de um sítio onde as crianças estão muito bem a brincar, não devemos dizer de repente, está na hora de ir embora e arrastá-las por um braço porque não querem ir. As crianças envolvem-se muito nas brincadeiras e têm dificuldade em fazer uma transição de actividade. Devemos prepará-las e deixá-las participar. «Vamos combinar uma coisa: está quase na hora de ir embora, mas tu é que vais avisar a mãe. Quando acabares este puzzle, ainda podes fazer mais aquele e depois vais chamar a mãe para irmos embora, combinado?» Esta é uma forma quase garantida de evitar conflitos.
Mas os conflitos também vão acontecer. Nessa altura, a disciplina positiva propõe ensinar as crianças a respeitar todas as pessoas, como nós as respeitamos e elas. Se o seu filho bateu noutra criança no parque, em vez de o tratar como um agressor, de o envergonhar e de tratar o outro como uma vítima, deve tentar perceber o que motivou a agressão. Explicar que conversando se consegue resolver melhor os problemas. Em vez de o obrigar a pedir desculpa (que são aquelas desculpas impostas e não vêm de dentro, é como os beijinhos que os obrigamos a dar às tias chatas) tente resolver, respeitando todas as partes. E não impondo o seu poder. Deixar que as crianças tenham algum poder dá-lhes auto-estima, mas também as obriga a pensar nas consequências dos seus actos.
8 - Não aos castigos
Não castigar é outro dos princípios da educação positiva. Na opinião de Natália Fialho, devemos perguntar-nos qual a motivação de uma criança castigada para deixar de ter determinado comportamento. Se queremos que deixe de bater no irmão porque tem medo do castigo que os pais lhe darão a seguir, o castigo é eficaz. «Mas eu prefiro que o meu filho não bata no irmão porque sabe que o magoa e que deve respeitar os outros. Pode dar mais trabalho, mas eu acho melhor», afirma Natália.
Por outro lado, quando pomos uma criança de castigo, dizendo-lhe para pensar no que fez, devemos ter em mente que o pensamento é incontrolável. E que uma criança que é posta de castigo pensa em primeiro lugar na vingança ou então no quanto é má pessoa. Depois entra num ciclo: «se sou má pessoa (que é a imagem que muitos pais dão dos filhos), vou comportar-me tal».
Não confundir com permissividade.
Se por esta altura está a pensar que a Disciplina Positiva pode levar à permissividade, saiba que não é de todo essa a ideia. O facto de dar às crianças poder e participação nas decisões ou o facto de não contemplar castigos não significa dar-lhes margem para fazer tudo o que lhes apetecer. Jane Nelsen, que faz parte da API, define desta forma a barreira entre disciplina positiva e permissividade: «a gentileza e a firmeza são igualmente importantes na disciplina positiva. O castigo / punição servem para fazer as crianças "pagar" pelo que fizeram, enquanto a disciplina positiva ajuda as crianças a "aprenderem" com o que fizeram, ao tentarem encontrar possíveis soluções e ao utilizarem o seu poder de um modo "útil" (...) Assim não precisam de usar o seu poder para a rebelião.»
9- Procurar o equilíbrio entre vida familiar e pessoal
O mundo ideal, em que os interesses de todos os membros de uma família são todos os dias respeitados, não existe. Mas podemos procurar um equilíbrio entre aquilo que acreditamos ser melhor para os nossos filhos e aquilo que são os nossos interesses pessoais.
As necessidades das crianças devem ser uma prioridade e quanto mais novas mais intensas e de resolução urgente são essas necessidades. No entanto, há outros mundos, o da mãe, o do pai, o do casal, o dos irmãos. É preciso procuar um equilíbrio onde todos possam ser respeitados.
Família alargada e redes de apoio local podem ser uma grande ajuda na procura deste equilíbrio. Não se anule e não esqueça os outros membros da família.
Fonte: http://www.mae.iol.pt/artigo.php?id=1048345&div_id=3642
«É suposto uma criança ser dependente e prefiro que seja dependente de mim do que de alguém que eu não conheço. Além disso, a independência tem de vir da segurança interior e essa só se consegue com o tempo e com respostas positivas às necessidades de um bebé. Não está previsto pela natureza uma criança de três anos sair para caçar quando tem fome! É natural que sejam dependentes!». (Natália Fialho)
Respeitar as crianças é fácil se fizermos o exercício de nos pormos no lugar delas. E se conseguirmos lembrar-nos da nossa infância. «Baixarmo-nos para conversarmos olhos nos olhos, ouvirmos o que nos dizem, em vez de ditarmos ordens de cima, será um bom princípio», aconselha Natália.
Dentro da sua realidade e do seu dia-a-dia, cada mãe / pai pode retirar da Educação Intuitiva aquilo que se insere nos seus valores, aquilo que para si funciona e faz sentido. «É uma caixinha de ferramentas para o dia-a-dia. Cada um usa as que quer».
Dentro da sua realidade e do seu dia-a-dia, cada mãe / pai pode retirar da Educação Intuitiva aquilo que se insere nos seus valores, aquilo que para si funciona e faz sentido. «É uma caixinha de ferramentas para o dia-a-dia. Cada um usa as que quer». Descubra então que ferramentas são essas e como podem funcionar no seu filho, através dos oito princípios da Educação Intuitiva que Natália Fialho ajudou a trocar por miúdos:
1- Preparação para o parto e para a maternidade/paternidade:
Passa por descobrir como são cruciais o tempo da gravidez, a forma como decorre o parto, e as primeiras horas e dias de vida. Conhecer as opções que se tem em termos de cuidados de saúde, descobrir como certas práticas podem condicionar a vinculação precoce, como é importante respeitar também nesta fase o ritmo do bebé.
Comer bem, fazer exercício, optar por uma boa qualidade de vida também passam por esta preparação.
Pressupõe também que é muito importante abrir espaço para uma criança nas nossas vidas. E para pensarmos que tipo de pais quermos ser. Durante a gravidez, pensa-se em muitas coisas, mas muitas vezes esquece-se o mais importante. Vale a pena discutir com outros pais, pesquisar opções, estabelecer expectativas realísticas ¿ tanto para o desempenho como pais, como para as crianças ¿ aprender mais sobre desenvolvimento infantil.
2- Alimentar com amor e com respeito
A API foi criada em estreita ligação com a organização não governamental Liga La Leche. Ou não fosse a amamentação uma forte aliada de uma vinculação segura. Amamentar em horário livre, até quando for compensador para a mãe e para o bebé é, por isso, outro conselho da Educação Intuitiva.
Com base nos mais fundamentados estudos científicos, que levam por exemplo a Organização Mundial de Saúde a recomendar a amamentação exclusiva até aos seis meses e como complemento até aos dois anos, os grupos de apoio da API (tal como as reuniões da La Leche League) dão apoio a mães com dificuldades em levar por diante o desejo profundo de amamentar.
«As mulheres não têm noção, na primeira gravidez, de como as influências exteriores podem condicionar a amamentação. Começa logo no Hospital, depois do parto, quando não existe um verdadeiro apoio e o biberão surge à primeira dificuldade. Quando não corre bem, quando acabam por desistir, isso marca profundamente as mulheres», afirma Natália.
Porque os profissionais de saúde nem sempre estão actualizados e nem sempre têm formação indicada para fazer este acompanhamento, ter alguém que já amamentou, que tem uma experiência positiva e que tem formação de uma organização especializada pode fazer toda a diferença.
«Muitos conselhos dados por pediatras a mães que amamentam não têm qualquer base científica. Dizer que não vale a pena dar de mamar depois dos seis meses, que não tem qualquer benefício e que até pode ser prejudicial é não saber do que se está a falar», afirma Natália.
Em relação a outros conselhos, que toda a gente gosta de dar, «digo sempre às mães para tentarem perceber se a experiência de amamentação das pessoas foi positiva». As pessoas não são isentas, as suas experiências condicionam aquilo que defendem.
Mas a Educação Intuitiva também tem conselhos para a fase de introdução dos sólidos que vale a pena, pelo menos, conhecer. Não forçar uma criança a comer é um deles.
3- Responder às necessidades emocionais da criança
Passa por transmitir segurança, por não deixar o bebé chorar sozinho porque lhe faz bem ou por acharmos que está a ficar mimado. Ser sensível e atento às necessidades de um bebé ou criança pequena exige muita disponibilidade por parte dos pais.
Este é um dos pontos que gera muitas críticas à Educação Intuitiva. Há quem defenda que gera mais ansiedade, por se exigir demasiado, sobretudo das mães.
Mas os defensores da Educação Intuitiva consideram um ponto fulcral para a vinculação segura. Só assim o bebé vai desenvolvendo confiança, segurança, auto-estima e uma autonomia saudável. Porque vai ganhando o seu espaço, sabendo que existe o tal «porto seguro» ao qual pode sempre voltar.
4- Promover o contacto físico
A Educação Intuitiva realça a importância do contacto físico para o estabelecimento de uma vinculação segura. Por isso aconselha que se transporte o bebé ao colo, num sling, pano porta-bebés ou canguru. Esta é uma boa forma de compensar as ausências, mesmo dentro de casa, se temos de fazer outras coisas. As mãos ficam livres, mas o bebé está colado à mãe ou ao pai. As massagens ao bebé são também um óptimo alimento para a vinculação segura.
O contacto físico promove as hormonas do crescimento, o desenvolvimento físico e intelectual, ajuda o organismo do bebé a regular a tempertaura e o ritmo cardíaco, bem como os padrões de sono. Os bebés ganham peso mais rapidamente, comem melhor, choram menos e são mais calmos.
Portanto, se ainda acredita que muito colo pode ser prejudicial, talvez deva pesquisar um pouco e reflectir sobre a importância do contacto físico. Mesmo mais tarde, ao longo de toda a infância.
Culturas em que o contacto físico com os pais é grande durante a infância têm baixos níveis de violência física.
5- Responder às necessidades nocturnas das crianças
Este é um dos pontos mais controversos da Educação Intuitiva. Pressupõe que os pais devem responder às necessidades nocturnas dos filhos ¿ sejam elas afectivas ou de alimento. E se isso passar por dormirem com os filhos, que assim seja.
Normalmente, o objectivo principal de qualquer mãe ou pai é que o bebé passe o mais cedo possível a dormir sozinho, durante toda a noite. Segunda a Educação Intuitiva, é esperar uma coisa que não é suposto acontecer. Isso gera frustrações, conflitos, cansaço acumulado, noites mal dormidas.
Quando perguntam a Natália se o seu bebé dorme bem, ela costuma responder que «sim, dorme bem até acordar». Ela não espera que ele não acorde. Dorme com ele ao lado e dá-lhe de mamar semrpe que ele pede.
«Sim, às vezes é cansativo», reconhece. «Mas acho que deve ser muito mais cansativo levantar-me e ir dar e mamar noutro quarto. Quem defende muito a importância do descanso das mães deve pensar que ao dormirem com o bebé ao lado descansam, na realidade, mais», garante.
Esta é uma opção que não é rígida. Há bebés que adormecem muito bem no seu berço sozinhos e a partir de certa idade raramente acordam. Aí é tranquilo que durmam no seu quarto, sozinhos. Há pais que optam por deixar as crianças no seu quarto a primeira metade da noite e depois, quando acordam, passá-las para a sua cama.
O co-sleeping até pode passar apenas por ficar com a criança na sua cama enquanto ela adormece. E voltar lá durante a noite, se for necessário.
«Os adultos também não gostam de dormir sozinhos. Então porquê obrigar as crianças a dormir sozinhas, se não estão preparadas para isso, se não têm segurança emocional parta tal?» pergunta Natália.
Por outro lado, «se passamos muito tempo longe dos filhos de dia, porque não compensar à noite? Porque não dormir com eles ou adormecer junto deles, se assim necessitarem?»
6- Garantir proximidade
Se nem o pai nem a mãe podem ficar a tempo inteiro com o bebé, então devem procurar uma solução que passe por haver uma terceira pessoa que também possa criar laços fortes com ele.
Os pais devem ser criativos na procura de soluções. Se calhar é possível trabalhar algum tempo a partir de casa. Ou levar o bebé em algum tipo de deslocações. Devem adaptar-se ao facto de serem pais e não encaixar o bebé numa agenda super-ocupada.
Em Portugal, isto ainda parece uma utopia. Horários muito rígidos, reuniões fora de horas, fazem com que as crianças passem demasiadas horas longe dos pais.
«Isso não é conciliar a vida familiar com a profissional. É deixar para a família o pouco que sobra. Eu não quero que os meus filhos alguma vez pensem que o meu trabalho é mais importante do que eles», afirma Natália. Uma vinculação segura exige muito tempo com as crianças. E um bebé necessita de relações fortes.
Evitar separações prolongadas é outro dos pressupostos da Educação Intuitiva. As separações frequentes ou prolongadas podem interferir com o desenvolvimento de ligações seguras.
7- Praticar a disciplina positiva
Deixar as crianças participar na solução de um problema é uma maneira de as deixar mais predispostas a segui-la. Fazer com elas um cartaz com a rotina da hora de deitar, por exemplo. Deixá-las consultá-lo e seguir a sequência, descobrindo elas o que vem a seguir a lavar os dentes e o que fazer a seguir à história. É como um jogo que as envolve e que pode evitar algum desgaste.
Quando vamos sair de um sítio onde as crianças estão muito bem a brincar, não devemos dizer de repente, está na hora de ir embora e arrastá-las por um braço porque não querem ir. As crianças envolvem-se muito nas brincadeiras e têm dificuldade em fazer uma transição de actividade. Devemos prepará-las e deixá-las participar. «Vamos combinar uma coisa: está quase na hora de ir embora, mas tu é que vais avisar a mãe. Quando acabares este puzzle, ainda podes fazer mais aquele e depois vais chamar a mãe para irmos embora, combinado?» Esta é uma forma quase garantida de evitar conflitos.
Mas os conflitos também vão acontecer. Nessa altura, a disciplina positiva propõe ensinar as crianças a respeitar todas as pessoas, como nós as respeitamos e elas. Se o seu filho bateu noutra criança no parque, em vez de o tratar como um agressor, de o envergonhar e de tratar o outro como uma vítima, deve tentar perceber o que motivou a agressão. Explicar que conversando se consegue resolver melhor os problemas. Em vez de o obrigar a pedir desculpa (que são aquelas desculpas impostas e não vêm de dentro, é como os beijinhos que os obrigamos a dar às tias chatas) tente resolver, respeitando todas as partes. E não impondo o seu poder. Deixar que as crianças tenham algum poder dá-lhes auto-estima, mas também as obriga a pensar nas consequências dos seus actos.
8 - Não aos castigos
Não castigar é outro dos princípios da educação positiva. Na opinião de Natália Fialho, devemos perguntar-nos qual a motivação de uma criança castigada para deixar de ter determinado comportamento. Se queremos que deixe de bater no irmão porque tem medo do castigo que os pais lhe darão a seguir, o castigo é eficaz. «Mas eu prefiro que o meu filho não bata no irmão porque sabe que o magoa e que deve respeitar os outros. Pode dar mais trabalho, mas eu acho melhor», afirma Natália.
Por outro lado, quando pomos uma criança de castigo, dizendo-lhe para pensar no que fez, devemos ter em mente que o pensamento é incontrolável. E que uma criança que é posta de castigo pensa em primeiro lugar na vingança ou então no quanto é má pessoa. Depois entra num ciclo: «se sou má pessoa (que é a imagem que muitos pais dão dos filhos), vou comportar-me tal».
Não confundir com permissividade.
Se por esta altura está a pensar que a Disciplina Positiva pode levar à permissividade, saiba que não é de todo essa a ideia. O facto de dar às crianças poder e participação nas decisões ou o facto de não contemplar castigos não significa dar-lhes margem para fazer tudo o que lhes apetecer. Jane Nelsen, que faz parte da API, define desta forma a barreira entre disciplina positiva e permissividade: «a gentileza e a firmeza são igualmente importantes na disciplina positiva. O castigo / punição servem para fazer as crianças "pagar" pelo que fizeram, enquanto a disciplina positiva ajuda as crianças a "aprenderem" com o que fizeram, ao tentarem encontrar possíveis soluções e ao utilizarem o seu poder de um modo "útil" (...) Assim não precisam de usar o seu poder para a rebelião.»
9- Procurar o equilíbrio entre vida familiar e pessoal
O mundo ideal, em que os interesses de todos os membros de uma família são todos os dias respeitados, não existe. Mas podemos procurar um equilíbrio entre aquilo que acreditamos ser melhor para os nossos filhos e aquilo que são os nossos interesses pessoais.
As necessidades das crianças devem ser uma prioridade e quanto mais novas mais intensas e de resolução urgente são essas necessidades. No entanto, há outros mundos, o da mãe, o do pai, o do casal, o dos irmãos. É preciso procuar um equilíbrio onde todos possam ser respeitados.
Família alargada e redes de apoio local podem ser uma grande ajuda na procura deste equilíbrio. Não se anule e não esqueça os outros membros da família.
Fonte: http://www.mae.iol.pt/artigo.php?id=1048345&div_id=3642
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Permacultura
Pontos fundamentais da Permacultura - a cooperação com a natureza
"Os pontos fundamentais são definidos assim:
1 - O cuidado com o planeta Terra - Essa é uma afirmação simples e profunda, com o intuito de guiar nossas ações para a preservação de todos os sistemas vivos, de forma a continuarem indefinidamente no futuro.
Isso pressupõe uma valorização de tudo o que é vivo e de todos os processos naturais.
A árvore tem valor intrínseco, é valiosa para nós, não somente pela madeira ou pelos frutos, porque é viva e realiza um trabalho que proporciona a continuidade da vida no planeta.
Assim, também têm valor a água, os animais, o solo e toda a complexidade de relações entre organismos vivos e minerais existentes na Terra.
2 - O cuidado com as pessoas - O impacto do ser humano no planeta Terra é, sem dúvida, o mais marcante.
(...) Somos 6 bilhões habitando na superfície terrestre.
Assim, se pudermos garantir o acesso aos recursos básicos necessários à existência, reduziremos a necessidade de consumir recursos não-renováveis.
Portanto, os sistemas que planejarmos devem prover suas necessidades de materiais e energia, como, também, as necessidades daquelas pessoas que neles habitam.
3 - Distribuição dos excedentes - Sabemos que um sistema bem planejado tem condições de alcançar uma produtividade altíssima, produzindo assim um excesso de recursos.
Portanto, devemos criar métodos de distribuição eqüitativos, garantindo o acesso aos recursos a todos que deles necessitam, sem intervenção de sistemas desiguais de comércio ou acumulação de riqueza de forma imoral.
Qualquer pessoa, instituição ou nação que acumule riqueza ao custo do empobrecimento de outras está diminuindo a expectativa de sustentabilidade da sociedade humana.
4 - Limites ao consumo - Isso requer um repensar de valores, um replanejamento dos nossos hábitos e uma redefinição dos conceitos de qualidade de vida.
Alimento saudável, água limpa e abrigo existem em abundância na natureza; basta que com ela cooperemos.
Como ilustração, podemos citar algumas máximas da Permacultura:
a) O problema é a solução;
b) Substituir altos investimentos e trabalho por planejamento e criatividade;
c) A diversificação garante a estabilidade;
d) A estabilidade vem quando se fecham os ciclos;
e) Os problemas são basicamente domésticos e podem ser resolvidos no nível doméstico;
f) Todo sistema deve produzir mais energia do que consome;
g) Visa-se cooperação em vez de competição, integração em vez de fragmentação.
Permacultura é um caminho, uma filosofia de vida. Está pautada em grandes princípios e é extremamente prática abrindo um grande campo de estudo, aprendizado e trabalho."
fonte : http://permaculturaportugal.ning.com/
"Os pontos fundamentais são definidos assim:
1 - O cuidado com o planeta Terra - Essa é uma afirmação simples e profunda, com o intuito de guiar nossas ações para a preservação de todos os sistemas vivos, de forma a continuarem indefinidamente no futuro.
Isso pressupõe uma valorização de tudo o que é vivo e de todos os processos naturais.
A árvore tem valor intrínseco, é valiosa para nós, não somente pela madeira ou pelos frutos, porque é viva e realiza um trabalho que proporciona a continuidade da vida no planeta.
Assim, também têm valor a água, os animais, o solo e toda a complexidade de relações entre organismos vivos e minerais existentes na Terra.
2 - O cuidado com as pessoas - O impacto do ser humano no planeta Terra é, sem dúvida, o mais marcante.
(...) Somos 6 bilhões habitando na superfície terrestre.
Assim, se pudermos garantir o acesso aos recursos básicos necessários à existência, reduziremos a necessidade de consumir recursos não-renováveis.
Portanto, os sistemas que planejarmos devem prover suas necessidades de materiais e energia, como, também, as necessidades daquelas pessoas que neles habitam.
3 - Distribuição dos excedentes - Sabemos que um sistema bem planejado tem condições de alcançar uma produtividade altíssima, produzindo assim um excesso de recursos.
Portanto, devemos criar métodos de distribuição eqüitativos, garantindo o acesso aos recursos a todos que deles necessitam, sem intervenção de sistemas desiguais de comércio ou acumulação de riqueza de forma imoral.
Qualquer pessoa, instituição ou nação que acumule riqueza ao custo do empobrecimento de outras está diminuindo a expectativa de sustentabilidade da sociedade humana.
4 - Limites ao consumo - Isso requer um repensar de valores, um replanejamento dos nossos hábitos e uma redefinição dos conceitos de qualidade de vida.
Alimento saudável, água limpa e abrigo existem em abundância na natureza; basta que com ela cooperemos.
Como ilustração, podemos citar algumas máximas da Permacultura:
a) O problema é a solução;
b) Substituir altos investimentos e trabalho por planejamento e criatividade;
c) A diversificação garante a estabilidade;
d) A estabilidade vem quando se fecham os ciclos;
e) Os problemas são basicamente domésticos e podem ser resolvidos no nível doméstico;
f) Todo sistema deve produzir mais energia do que consome;
g) Visa-se cooperação em vez de competição, integração em vez de fragmentação.
Permacultura é um caminho, uma filosofia de vida. Está pautada em grandes princípios e é extremamente prática abrindo um grande campo de estudo, aprendizado e trabalho."
fonte : http://permaculturaportugal.ning.com/
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Intolerância...expressão de violência
Deparo-me todos os dias com a falta de respeito pelo outra na escola. Num primeiro plano, erradamente, virei-me contra a educação das crianças e do meio dificil onde vivem...mas ao viver estas problemáticas no dia a dia penso como resolver esta questão bem mais profunda do que pensava, como resolver a intolrência quando ela parte da própria escola, do seio dos seus trabalhadores? Como trabalhar o respeito pelo outro entre os alunos quando os exemplos são todos contrários ao que lhes mostro? A intolerância é mais do que uma expressão de violência, um seio onde germinam todas as outras formas de violência, fisica ou psicológica.
"O verbo "tolerar" é capicioso: tanto pode dar a entender a atitude de quem é tolerante, no sentido de paciente, compreensivo, aberto ao "normal", quanto pode dar a entender a atitude de suportamento, de alguém que se submeta a conviver com algo que lhe é avesso, mas não reage negativa e opositivamente.
Quando se discute a diversidade, em geral se discute, também, a tolerância. Fala-se em tolerância religiosa, em tolerância política, em tolerância sexual, em tolerância étnico-racial... Em suma, fala-se, quando do encontro com a diferença, diversidade, correlacionando-a com o sentimento de tolerância. Mas não se questiona a concepção de tolerância que aí está implítica. O que se pode ter, então, é o simples suportamento, sem uma ação positiva, pró-ativa, verdadeiramente construtora da inclusão e de uma sociedade mais justa, igualitária e democrática.
A intolerância é umas das expressões da violência – entendida como a ruptura das relações harmoniosas, justas e fundadas no diálogo e no respeito ao outro. E por ser uma das formas da violência, há que se interpelar sobre suas implicações e as exigências para que a real tolerância seja efetivada, sobretudo nos meios escolares e/ou acadêmicos.
Françoise Hèritier, em seu artigo "O eu, o outro e a tolerância" (1999), coloca-se a interrogação de ser possível a intolerância para com os intolerantes. Afinal, se o intolerante mina os valores e os princípios da diversidade, da inclusão, se lhe for permitido (mediante a tolerância) que continue a vivenciar seus princípios e valores contrários à democracia, não se estaria permitindo que essa mesma democracia fosse vilipendiada?
A tolerância, portanto, exige uma "não-violência ativa", que fora apregoada por líderes como Gandhi, Luther King e outros. A tolerância aponta para o diálogo, a simetria das relações, o respeito mútuo, em que o outro é tratado como igual, apesar de suas idiossincrasias, especificidades, diferenças. Ser tratado como igual por sua humanidade e a exigência de respeito que a dignidade humana impõe a todo outro humano – o ser tratado, sempre, como fim e, jamais, como meio (como recomendava Kant).
Essa abordagem sobre a tolerância é importante para os tempos atuais, em que, a despeito do discurso da globalização, e sua inerente ruptura de fronteiras e o contato – muitas vezes forçado – com o diferente, ao contrário do que se poderia esperar, verificam-se os acirramentos da intolerância. Pode-se especular sobre as raízes da intolerância, manifestada em atitudes e ações violentas: seria o medo do diferente? Seria o receio de perder qualidade de vida e privilégios? Seria a pura e simples incapacidade de conviver com costumes diversos? Seriam o egoísmo e o etnocentrismo naturais, de pessoas e grupos homogêneos?
Aqui, todavia, não se quer discutir a tolerância (ou a intolerância) em toda a sua magnitude, mas restrita ao âmbito educacional – mais propriamente, escolar.
Até o momento em que a criança é encaminhada a uma instituição educacional – pensemos na primeira série do Ensino Fundamental – ela compartilha da cultura e, portanto, dos valores que aqueles mais próximos lhe incutem, contínua, ainda que assistematicamente. É certo que há uma modelagem feita pelos meios de comunicação. Não há que se descartar, todavia, que, mesmo os meios de comunicação de massa veiculam um padrão cultural forjado no modelo ocidental – que é, em verdade, o modelo espetaculoso norte-americano (e europeu), capitalista, neoliberal. Essa modelagem cognitiva imprime, na pessoa ainda em desenvolvimento, uma compreensão unívoca do mundo: padrões únicos de beleza, de valores (éticos, morais, culturais, econômico-financeiros...), de instituições, de significados... Enfim, uma compreensão do mundo como tendo apenas uma faceta, com o descarte ou a negação da diversidade.
Pode-se reconhecer que toda cultura, toda sociedade, todo grupo estabelece um padrão a partir do qual forja sua identidade, nem que seja pela oposição, pela diferenciação – os limites colocados pelas "fronteiras" do etnocentrismo, reforçado pelos estereótipos e preconceitos. A sociedade, o grupo, estabelecendo um padrão pelo qual os seus integrantes são reconhecidos, paradoxalmente, também estabelece padrões pelos quais se pode reconhecer o "Outro", o diferente, o estrangeiro, o alienígena – o alien, que não é um simples alter, representando, pois, uma ameaça.
Pois bem. As práticas educacionais focam, a despeito de toda a sua argumentação, a inserção – de maneira competente – de um indivíduo à sociedade à qual pertence ou deve pertencer. Os objetivos expressos nas várias legislações escolares (sobretudo a Lei 9.394/96, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) apontam o desejável como resultado do processo educacional: a aquisição de capacidades, habilidades, competências, sejam cognitivas, sejam instrucionais, sejam sociais, sejam relativas à cidadania. É aí que alguns dilemas se colocam.
Primeiro. A instituição escolar deve, sim, formar os futuros cidadãos de um país, e para isso deve ensinar-lhes a História do país, a Geografia do país, a língua e a Literatura do país. É certo que esses conteúdos não são passados de maneira neutra, mas veiculam, juntamente, valores alinhados com os recortes privilegiados da história, das localizações geográficas, os textos literários, dentre outros recursos.
Segundo. Formar o cidadão não significa, tão-somente, formar a pessoa cumpridora de normas – o célebre mote de que ser cidadão é cumprir os deveres e exigir os direitos. Sobretudo, porque em tempos de globalização se retoma o conceito de "cidadão do mundo" – o cosmopolita. A cidadania, hoje, é uma cidadania transnacional – que alguns pensadores designam de cidadania pós-nacional (fundada em um patriotismo constitucional). Ser cidadão, hoje, não se resume em ser um cidadão patriotia, fechado sobre os benefícios de seu país, apenas.
Portanto, o que se encontra em jogo é o dilema entre a "mesmidade" – a singularidade – e a multiplicidade, a diferença, a diversidade. Entre formar pessoas com visões (valores, culturas) semelhantes e pessoas abertas à diferença, capazes de conviver com a alteridade. E isso é ir além da tolerância: é ir além da mera suportação, da mera passividade.
A educação, em seu ápice, deve focar a formação para a democracia, o que significa a formação para o diálogo, a discussão sobre as regras que regulam os processos decisórios. A formação para a democracia deve permitir a compreensão de que a democracia radica-se no processo e, não, meramente no resultado. A democracia não se impõe, mesmo com a melhor das intenções. O espírito democrático é aquele que convive com as decisões dolorosas de um processo participatipo, onde todos tiveram a possibilidade de expor seus pontos-de-vista.
Daí que a democracia não pode ser "ensinada" em sala-de-aula, mas tem de ser "vivenciada" nas práticas escolares. É quando se destaca o princípio da tolerância, forjado de acordo com o modelo da terceira postura referido acima, a postura mais difícil, que solicita o reconhecimento de que a verdade pode estar fora de nós, pode estar no outro.
O mais exigente da democracia é essa abertura ao outro, a capacidade de conviver com a diferença, tentando enxergar aquilo que essa diferença tem de melhor e que possa contribuir para o bem maior da maior parte dos envolvidos em uma dada situação.
Essa prática é a maior tarefa que a escola pode se colocar. Essa prática subverte muitas das convenções e posturas vigentes nos modelos educacionais hodiernos.
A falta de abertura e "tolerância" (conforme o indicado na terceira postura) é um foco de violência: por parte dos instalados, que se recusam à inclusão da diferença; por parte dos excluídos, que buscam, a todo custo, seu reconhecimento.
Elaborar projetos inclusivos, planos que contemplem a diferença, processos que se pautem pela dialogicidade são alguns dos meios para se implantar a democracia em sala-de-aula, para além da tolerância concebida como suportação, ou passividade (como citado).
Algumas escolas já estão elaborando propostas nesse sentido, cientes de que estabelecem uma ruptura com um modelo individualista, egocêntrico, competitivo, hedonista, utilitarista, onde o que importa é o indivíduo, sua vontade, ser o primeiro a qualquer custo, o prazer pessoal e a consideração dos outros seres a partir daquilo que podem contribuir para o projeto pessoal.
Escolas em que a comunidade é atuante e voz importante nas tomadas de decisão. Escolas em que a comunidade educativa discute os pontos principais, da disciplina aos conteúdos disciplinares. Escolas que contemplam intervenções na região onde estão situadas, melhorando a vida interna e externa aos muros instituiconais.
Esses modelos escolares rompem com a tradição de que a escola é um mundo à parte. Que encontra seu modelo extremo em escolas enclausuradas a tal ponto que o "outro", o diferente, sobretudo oriundos de classes menos favorecidas, são referidos como exóticos, com os quais não se têm contato, com os quais não se partilha o mundo.
Retomando Hèritier, se não existe ou não deve existir tolerância para os intolerantes, a escola democrática não pode compactuar com modelos excludentes, discriminatórios, qualquer que seja a natureza dessas atitudes.
Essas reflexões merecem ser continuadas."
fonte: http://www.webartigos.com/articles/2773/1/educacao-e-tolerancia/pagina1.html
"O verbo "tolerar" é capicioso: tanto pode dar a entender a atitude de quem é tolerante, no sentido de paciente, compreensivo, aberto ao "normal", quanto pode dar a entender a atitude de suportamento, de alguém que se submeta a conviver com algo que lhe é avesso, mas não reage negativa e opositivamente.
Quando se discute a diversidade, em geral se discute, também, a tolerância. Fala-se em tolerância religiosa, em tolerância política, em tolerância sexual, em tolerância étnico-racial... Em suma, fala-se, quando do encontro com a diferença, diversidade, correlacionando-a com o sentimento de tolerância. Mas não se questiona a concepção de tolerância que aí está implítica. O que se pode ter, então, é o simples suportamento, sem uma ação positiva, pró-ativa, verdadeiramente construtora da inclusão e de uma sociedade mais justa, igualitária e democrática.
A intolerância é umas das expressões da violência – entendida como a ruptura das relações harmoniosas, justas e fundadas no diálogo e no respeito ao outro. E por ser uma das formas da violência, há que se interpelar sobre suas implicações e as exigências para que a real tolerância seja efetivada, sobretudo nos meios escolares e/ou acadêmicos.
Françoise Hèritier, em seu artigo "O eu, o outro e a tolerância" (1999), coloca-se a interrogação de ser possível a intolerância para com os intolerantes. Afinal, se o intolerante mina os valores e os princípios da diversidade, da inclusão, se lhe for permitido (mediante a tolerância) que continue a vivenciar seus princípios e valores contrários à democracia, não se estaria permitindo que essa mesma democracia fosse vilipendiada?
A tolerância, portanto, exige uma "não-violência ativa", que fora apregoada por líderes como Gandhi, Luther King e outros. A tolerância aponta para o diálogo, a simetria das relações, o respeito mútuo, em que o outro é tratado como igual, apesar de suas idiossincrasias, especificidades, diferenças. Ser tratado como igual por sua humanidade e a exigência de respeito que a dignidade humana impõe a todo outro humano – o ser tratado, sempre, como fim e, jamais, como meio (como recomendava Kant).
Essa abordagem sobre a tolerância é importante para os tempos atuais, em que, a despeito do discurso da globalização, e sua inerente ruptura de fronteiras e o contato – muitas vezes forçado – com o diferente, ao contrário do que se poderia esperar, verificam-se os acirramentos da intolerância. Pode-se especular sobre as raízes da intolerância, manifestada em atitudes e ações violentas: seria o medo do diferente? Seria o receio de perder qualidade de vida e privilégios? Seria a pura e simples incapacidade de conviver com costumes diversos? Seriam o egoísmo e o etnocentrismo naturais, de pessoas e grupos homogêneos?
Aqui, todavia, não se quer discutir a tolerância (ou a intolerância) em toda a sua magnitude, mas restrita ao âmbito educacional – mais propriamente, escolar.
Até o momento em que a criança é encaminhada a uma instituição educacional – pensemos na primeira série do Ensino Fundamental – ela compartilha da cultura e, portanto, dos valores que aqueles mais próximos lhe incutem, contínua, ainda que assistematicamente. É certo que há uma modelagem feita pelos meios de comunicação. Não há que se descartar, todavia, que, mesmo os meios de comunicação de massa veiculam um padrão cultural forjado no modelo ocidental – que é, em verdade, o modelo espetaculoso norte-americano (e europeu), capitalista, neoliberal. Essa modelagem cognitiva imprime, na pessoa ainda em desenvolvimento, uma compreensão unívoca do mundo: padrões únicos de beleza, de valores (éticos, morais, culturais, econômico-financeiros...), de instituições, de significados... Enfim, uma compreensão do mundo como tendo apenas uma faceta, com o descarte ou a negação da diversidade.
Pode-se reconhecer que toda cultura, toda sociedade, todo grupo estabelece um padrão a partir do qual forja sua identidade, nem que seja pela oposição, pela diferenciação – os limites colocados pelas "fronteiras" do etnocentrismo, reforçado pelos estereótipos e preconceitos. A sociedade, o grupo, estabelecendo um padrão pelo qual os seus integrantes são reconhecidos, paradoxalmente, também estabelece padrões pelos quais se pode reconhecer o "Outro", o diferente, o estrangeiro, o alienígena – o alien, que não é um simples alter, representando, pois, uma ameaça.
Pois bem. As práticas educacionais focam, a despeito de toda a sua argumentação, a inserção – de maneira competente – de um indivíduo à sociedade à qual pertence ou deve pertencer. Os objetivos expressos nas várias legislações escolares (sobretudo a Lei 9.394/96, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) apontam o desejável como resultado do processo educacional: a aquisição de capacidades, habilidades, competências, sejam cognitivas, sejam instrucionais, sejam sociais, sejam relativas à cidadania. É aí que alguns dilemas se colocam.
Primeiro. A instituição escolar deve, sim, formar os futuros cidadãos de um país, e para isso deve ensinar-lhes a História do país, a Geografia do país, a língua e a Literatura do país. É certo que esses conteúdos não são passados de maneira neutra, mas veiculam, juntamente, valores alinhados com os recortes privilegiados da história, das localizações geográficas, os textos literários, dentre outros recursos.
Segundo. Formar o cidadão não significa, tão-somente, formar a pessoa cumpridora de normas – o célebre mote de que ser cidadão é cumprir os deveres e exigir os direitos. Sobretudo, porque em tempos de globalização se retoma o conceito de "cidadão do mundo" – o cosmopolita. A cidadania, hoje, é uma cidadania transnacional – que alguns pensadores designam de cidadania pós-nacional (fundada em um patriotismo constitucional). Ser cidadão, hoje, não se resume em ser um cidadão patriotia, fechado sobre os benefícios de seu país, apenas.
Portanto, o que se encontra em jogo é o dilema entre a "mesmidade" – a singularidade – e a multiplicidade, a diferença, a diversidade. Entre formar pessoas com visões (valores, culturas) semelhantes e pessoas abertas à diferença, capazes de conviver com a alteridade. E isso é ir além da tolerância: é ir além da mera suportação, da mera passividade.
A educação, em seu ápice, deve focar a formação para a democracia, o que significa a formação para o diálogo, a discussão sobre as regras que regulam os processos decisórios. A formação para a democracia deve permitir a compreensão de que a democracia radica-se no processo e, não, meramente no resultado. A democracia não se impõe, mesmo com a melhor das intenções. O espírito democrático é aquele que convive com as decisões dolorosas de um processo participatipo, onde todos tiveram a possibilidade de expor seus pontos-de-vista.
Daí que a democracia não pode ser "ensinada" em sala-de-aula, mas tem de ser "vivenciada" nas práticas escolares. É quando se destaca o princípio da tolerância, forjado de acordo com o modelo da terceira postura referido acima, a postura mais difícil, que solicita o reconhecimento de que a verdade pode estar fora de nós, pode estar no outro.
O mais exigente da democracia é essa abertura ao outro, a capacidade de conviver com a diferença, tentando enxergar aquilo que essa diferença tem de melhor e que possa contribuir para o bem maior da maior parte dos envolvidos em uma dada situação.
Essa prática é a maior tarefa que a escola pode se colocar. Essa prática subverte muitas das convenções e posturas vigentes nos modelos educacionais hodiernos.
A falta de abertura e "tolerância" (conforme o indicado na terceira postura) é um foco de violência: por parte dos instalados, que se recusam à inclusão da diferença; por parte dos excluídos, que buscam, a todo custo, seu reconhecimento.
Elaborar projetos inclusivos, planos que contemplem a diferença, processos que se pautem pela dialogicidade são alguns dos meios para se implantar a democracia em sala-de-aula, para além da tolerância concebida como suportação, ou passividade (como citado).
Algumas escolas já estão elaborando propostas nesse sentido, cientes de que estabelecem uma ruptura com um modelo individualista, egocêntrico, competitivo, hedonista, utilitarista, onde o que importa é o indivíduo, sua vontade, ser o primeiro a qualquer custo, o prazer pessoal e a consideração dos outros seres a partir daquilo que podem contribuir para o projeto pessoal.
Escolas em que a comunidade é atuante e voz importante nas tomadas de decisão. Escolas em que a comunidade educativa discute os pontos principais, da disciplina aos conteúdos disciplinares. Escolas que contemplam intervenções na região onde estão situadas, melhorando a vida interna e externa aos muros instituiconais.
Esses modelos escolares rompem com a tradição de que a escola é um mundo à parte. Que encontra seu modelo extremo em escolas enclausuradas a tal ponto que o "outro", o diferente, sobretudo oriundos de classes menos favorecidas, são referidos como exóticos, com os quais não se têm contato, com os quais não se partilha o mundo.
Retomando Hèritier, se não existe ou não deve existir tolerância para os intolerantes, a escola democrática não pode compactuar com modelos excludentes, discriminatórios, qualquer que seja a natureza dessas atitudes.
Essas reflexões merecem ser continuadas."
fonte: http://www.webartigos.com/articles/2773/1/educacao-e-tolerancia/pagina1.html
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Escolha das escolas - Liberdade?
Artigo publicado no I sobre a liberdade dos pais e educadores na escolha da escola.
Portugal está no grupo (minoritário) de países europeus onde os pais não têm qualquer palavra a dizer na escolha da escola dos filhos. Partilha o mesmo comboio com França, Grécia, Malta, Chipre, Luxemburgo, Turquia e Lichtenstein. Esta é uma conclusão da Comissão Europeia apresentada num estudo intitulado "Dados relevantes sobre a educação na Europa", edição 2009. Na opinião de Roberto Carneiro, "qualquer pai deve ter a possibilidade de escolher a escola dos filhos". Mas em Portugal, essa liberdade ou não existe ou está apenas ao alcance de alguns. "Isso constituiu uma violação da Constituição e tem grande impacto nas liberdades fundamentais de aprender e ensinar", considera o antigo ministro da Educação do PSD. A Constituição da República Portuguesa estabelece que o Estado tem a obrigação de garantir a liberdade de aprender e de ensinar nas escolas (art. 43º, nº1) e a própria Declaração Universal dos Direitos do Homem refere a preferência dos pais na escolha da educação a dar aos filhos. Mais, a lei portuguesa também impõe a gratuitidade do ensino. Letra de lei que, de acordo com vários especialistas em educação contactados pelo i, não tem tradução na prática. "Uma coisa é o Estado oferecer escolas, o que deve e tem de ser feito. Outra coisa é impor escolas. Hoje em dia, o Estado só garante a gratuitidade nas escolas que entende. Monopoliza a gratuitidade", afirma Mário Pinto, presidente da mesa da Assembleia Geral do "Fórum Liberdade de Educação".
Actualmente, a colocação dos alunos nas escolas primárias e secundárias públicas obedece a três critérios: dois geográficos - área de residência ou área de trabalho dos pais, ou o chamado zoneamento e um de preferência, no caso de familiares (irmãos) frequentarem a escola onde o aluno se quer matricular. Quanto à colocação em escolas privadas, estão em jogo apenas as regras básicas da oferta e da procura: haja vagas e dinheiro para as pagar. "É um tema de grande delicadeza técnica e exige que se assumam riscos. Acho que esta seria a altura ideal para discutir o assunto por estarmos na véspera de uma campanha eleitoral", defende o ex-ministro da Educação do Partido Socialista, Marçal Grilo.
Poucos duvidam que a introdução de um maior grau de liberdade de escolha teria grandes impactos no sistema educativo. Para o bem, diz a direita, ou para o mal, sublinha a esquerda.
"É um conceito teoricamente engraçado. Mas quem é que vai ter, de facto liberdade de escolha?", questiona o deputado socialista Luís Fagundes Duarte. A tónica da iniquidade percorre o argumentário de toda a esquerda parlamentar: "Vão ser os mais ricos ou os melhores alunos a ir para as melhores escolas?", pergunta o comunista Miguel Tiago; ou "Quem passaria a seleccionar os alunos era a própria escola e isso conduz a uma selectividade social no ensino público", afirma a bloquista Ana Drago. Há poucos pontos de convergência à esquerda, mas este é definitivamente um deles.
A "guetização" das escolas é um dos argumentos mais utilizados para contrariar a liberdade de escolha da escola pública. Talvez por isso Ana Drago desconfie dos méritos da liberdade associada à escolha da escola : "A direita nunca conta a história toda: a liberdade é sempre encantadora mas neste ponto é enganadora." E qual é a história que a direita conta? "A liberdade de escolha dos pais para a escola dos filhos tem de ser total porque ser colocado na escola da área de residência é muito limitativa inclusivamente para a qualidade do ensino", diagnostica Abel Baptista. Na opinião do deputado do CDS-PP, "um dos partidos que mais tem lutado pela liberdade de escolha dos pais", com o actual sistema as escolas não têm de fazer qualquer esforço para receber os alunos e as dotações do Estado. "Seja boa ou má, sabe- -se que os alunos da sua área de residência caem lá." A escola pública não está sujeita ao risco nem à competitividade e por isso tem poucos incentivos para melhorar. Quanto à questão da "guetização", o problema para Baptista coloca-se precisamente no sentido inverso: "Neste momento não há liberdade de escolha e já há segregação. Essa segregação poderia ser combatida com a introdução de critérios de liberdade que permitiriam a mobilidade e dinamismo social". Mais do que a liberdade de escolha da escola, está também em causa, como sublinha Mário Pinto, a liberdade dentro da escola: "Liberdade pedagógica das escolas? Nada. Liberdade das escolas contratarem o seu próprio corpo docente? Nenhuma. Temos um sistema rígido, centralizador e burocratizante."
Pais e professores E o que pensam os pais desta questão? Para já, os critérios de residência, área do local de trabalho dos educadores e preferência caso um irmão já tenha frequentado a escola dão espaço de manobra para contornar a lei. "Todos os pais são encarregados de educação mas à medida que se vai avançando nos anos escolares nem todos os encarregados são pais, muitos são avós." Albino Almeida, da CONFAP, resume assim uma situação corrente: muitos pais dão a morada dos avós e outros familiares, ou mesmo de um amigo, para que os filhos possam frequentar a escola que preferem. Há até quem vá mais longe: o caso de um estudante que fez um novo BI, alegando tê-lo perdido, para poder "legalmente" alterar a morada e assim concorrer à escola que queria, ficando com dois BI até que um caducasse.
Escapar aos critérios culmina num problema: "No litoral há escolas com 170, 140, 130% de ocupação e outras que não chegam aos 100%", afirma Albino Almeida. No Interior verifica-se o oposto: "Os pais do Interior não podem escolher porque não têm mais oferta." Para o presidente da CONFAP a decisão da escolha de uma escola baseia-se em critérios subjectivos - "a escola A ou B é melhor porque o amigo diz que é melhor". "Não há divulgação dos projectos educativos das escolas e é isso que é importante na hora de escolher." Os projectos educativos são os objectivos das escolas, para além do que diz respeito ao currículo, como, por exemplo, as áreas querem apostar - dança, teatro, música, desporto, ciência - e, a partir daí, os pais podiam escolher as escolas em função da vocação dos filhos.
A questão da liberdade de escolha parece condenada a voltar sempre ao que divide esquerda e direita: "Quem tem dinheiro procura o ensino privado porque pensa que é melhor, o que nem sempre corresponde à verdade, mas que tem mais ofertas extracurriculares", diz Albino Almeida.
João Grancho, presidente da Associação Nacional de Professores, afirma que a liberdade de escolha é um "direito que está na Constituição e na lei de bases do sistema educativo. Mas a "operacionalização é difícil seja por posição política seja por uma questão prática". Para o professor a possibilidade de escolha deveria ser dada aos pais e também aos professores. "Não é só liberdade de onde se quer aprender mas também onde se quer ensinar." O princípio da liberdade de escolha é "desejável e salutar" e o Grancho afirma mesmo que desta forma poderia imaginar-se as escolas através de uma lógica de mercado: "Assumir que toda a rede pública e privada se integre na lógica de oferta global e concorrencial poderia melhorar as próprias escolas". O professor admite a possibilidade de "exclusão", devido aos critérios de entrada nas escolas, mas os "benefícios para as famílias e a melhoria no desempenho organizacional das escolas" superariam o argumento da segregação. Apesar da acesa discussão entre esquerda e direita, João Grancho lamenta: "Esta discussão nunca foi introduzida de forma séria por nenhum partido e nenhum governo assumiu esta discussão como sendo prioritária." Com Sílvia Caneco
fonte:http://www.ionline.pt
Portugal está no grupo (minoritário) de países europeus onde os pais não têm qualquer palavra a dizer na escolha da escola dos filhos. Partilha o mesmo comboio com França, Grécia, Malta, Chipre, Luxemburgo, Turquia e Lichtenstein. Esta é uma conclusão da Comissão Europeia apresentada num estudo intitulado "Dados relevantes sobre a educação na Europa", edição 2009. Na opinião de Roberto Carneiro, "qualquer pai deve ter a possibilidade de escolher a escola dos filhos". Mas em Portugal, essa liberdade ou não existe ou está apenas ao alcance de alguns. "Isso constituiu uma violação da Constituição e tem grande impacto nas liberdades fundamentais de aprender e ensinar", considera o antigo ministro da Educação do PSD. A Constituição da República Portuguesa estabelece que o Estado tem a obrigação de garantir a liberdade de aprender e de ensinar nas escolas (art. 43º, nº1) e a própria Declaração Universal dos Direitos do Homem refere a preferência dos pais na escolha da educação a dar aos filhos. Mais, a lei portuguesa também impõe a gratuitidade do ensino. Letra de lei que, de acordo com vários especialistas em educação contactados pelo i, não tem tradução na prática. "Uma coisa é o Estado oferecer escolas, o que deve e tem de ser feito. Outra coisa é impor escolas. Hoje em dia, o Estado só garante a gratuitidade nas escolas que entende. Monopoliza a gratuitidade", afirma Mário Pinto, presidente da mesa da Assembleia Geral do "Fórum Liberdade de Educação".
Actualmente, a colocação dos alunos nas escolas primárias e secundárias públicas obedece a três critérios: dois geográficos - área de residência ou área de trabalho dos pais, ou o chamado zoneamento e um de preferência, no caso de familiares (irmãos) frequentarem a escola onde o aluno se quer matricular. Quanto à colocação em escolas privadas, estão em jogo apenas as regras básicas da oferta e da procura: haja vagas e dinheiro para as pagar. "É um tema de grande delicadeza técnica e exige que se assumam riscos. Acho que esta seria a altura ideal para discutir o assunto por estarmos na véspera de uma campanha eleitoral", defende o ex-ministro da Educação do Partido Socialista, Marçal Grilo.
Poucos duvidam que a introdução de um maior grau de liberdade de escolha teria grandes impactos no sistema educativo. Para o bem, diz a direita, ou para o mal, sublinha a esquerda.
"É um conceito teoricamente engraçado. Mas quem é que vai ter, de facto liberdade de escolha?", questiona o deputado socialista Luís Fagundes Duarte. A tónica da iniquidade percorre o argumentário de toda a esquerda parlamentar: "Vão ser os mais ricos ou os melhores alunos a ir para as melhores escolas?", pergunta o comunista Miguel Tiago; ou "Quem passaria a seleccionar os alunos era a própria escola e isso conduz a uma selectividade social no ensino público", afirma a bloquista Ana Drago. Há poucos pontos de convergência à esquerda, mas este é definitivamente um deles.
A "guetização" das escolas é um dos argumentos mais utilizados para contrariar a liberdade de escolha da escola pública. Talvez por isso Ana Drago desconfie dos méritos da liberdade associada à escolha da escola : "A direita nunca conta a história toda: a liberdade é sempre encantadora mas neste ponto é enganadora." E qual é a história que a direita conta? "A liberdade de escolha dos pais para a escola dos filhos tem de ser total porque ser colocado na escola da área de residência é muito limitativa inclusivamente para a qualidade do ensino", diagnostica Abel Baptista. Na opinião do deputado do CDS-PP, "um dos partidos que mais tem lutado pela liberdade de escolha dos pais", com o actual sistema as escolas não têm de fazer qualquer esforço para receber os alunos e as dotações do Estado. "Seja boa ou má, sabe- -se que os alunos da sua área de residência caem lá." A escola pública não está sujeita ao risco nem à competitividade e por isso tem poucos incentivos para melhorar. Quanto à questão da "guetização", o problema para Baptista coloca-se precisamente no sentido inverso: "Neste momento não há liberdade de escolha e já há segregação. Essa segregação poderia ser combatida com a introdução de critérios de liberdade que permitiriam a mobilidade e dinamismo social". Mais do que a liberdade de escolha da escola, está também em causa, como sublinha Mário Pinto, a liberdade dentro da escola: "Liberdade pedagógica das escolas? Nada. Liberdade das escolas contratarem o seu próprio corpo docente? Nenhuma. Temos um sistema rígido, centralizador e burocratizante."
Pais e professores E o que pensam os pais desta questão? Para já, os critérios de residência, área do local de trabalho dos educadores e preferência caso um irmão já tenha frequentado a escola dão espaço de manobra para contornar a lei. "Todos os pais são encarregados de educação mas à medida que se vai avançando nos anos escolares nem todos os encarregados são pais, muitos são avós." Albino Almeida, da CONFAP, resume assim uma situação corrente: muitos pais dão a morada dos avós e outros familiares, ou mesmo de um amigo, para que os filhos possam frequentar a escola que preferem. Há até quem vá mais longe: o caso de um estudante que fez um novo BI, alegando tê-lo perdido, para poder "legalmente" alterar a morada e assim concorrer à escola que queria, ficando com dois BI até que um caducasse.
Escapar aos critérios culmina num problema: "No litoral há escolas com 170, 140, 130% de ocupação e outras que não chegam aos 100%", afirma Albino Almeida. No Interior verifica-se o oposto: "Os pais do Interior não podem escolher porque não têm mais oferta." Para o presidente da CONFAP a decisão da escolha de uma escola baseia-se em critérios subjectivos - "a escola A ou B é melhor porque o amigo diz que é melhor". "Não há divulgação dos projectos educativos das escolas e é isso que é importante na hora de escolher." Os projectos educativos são os objectivos das escolas, para além do que diz respeito ao currículo, como, por exemplo, as áreas querem apostar - dança, teatro, música, desporto, ciência - e, a partir daí, os pais podiam escolher as escolas em função da vocação dos filhos.
A questão da liberdade de escolha parece condenada a voltar sempre ao que divide esquerda e direita: "Quem tem dinheiro procura o ensino privado porque pensa que é melhor, o que nem sempre corresponde à verdade, mas que tem mais ofertas extracurriculares", diz Albino Almeida.
João Grancho, presidente da Associação Nacional de Professores, afirma que a liberdade de escolha é um "direito que está na Constituição e na lei de bases do sistema educativo. Mas a "operacionalização é difícil seja por posição política seja por uma questão prática". Para o professor a possibilidade de escolha deveria ser dada aos pais e também aos professores. "Não é só liberdade de onde se quer aprender mas também onde se quer ensinar." O princípio da liberdade de escolha é "desejável e salutar" e o Grancho afirma mesmo que desta forma poderia imaginar-se as escolas através de uma lógica de mercado: "Assumir que toda a rede pública e privada se integre na lógica de oferta global e concorrencial poderia melhorar as próprias escolas". O professor admite a possibilidade de "exclusão", devido aos critérios de entrada nas escolas, mas os "benefícios para as famílias e a melhoria no desempenho organizacional das escolas" superariam o argumento da segregação. Apesar da acesa discussão entre esquerda e direita, João Grancho lamenta: "Esta discussão nunca foi introduzida de forma séria por nenhum partido e nenhum governo assumiu esta discussão como sendo prioritária." Com Sílvia Caneco
fonte:http://www.ionline.pt
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