segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Paradigma Anarquista na Educação

Prof. Dr. Sílvio Gallo

Artigo publicado em Nuances – Revista do Curso de Pedagogia, Presidente Prudente: FCT UNESP, nº 2, 1996- retirado da página: O Paradigma Anarquista em Educação, acesso em 26/03/2007.
 
O Anarquismo vem sendo recuperado, pelo menos ao nível das pesquisas acadêmicas, como uma filosofia política; tal recuperação ganhou mais razão de ser com a propalada “crise dos paradigmas” nas ciências sociais, intensificada com os acontecimentos políticos nos países do leste europeu e na ex-União Soviética, com a queda do socialismo real. Ante a falta de referenciais sólidos para uma análise política da realidade cotidiana, o Anarquismo volta à cena.
Quando estudamos o Anarquismo, porém, vemos que seria muito mais correto falarmos em Anarquismos, e não seriam poucos… Como, então, falarmos em um paradigma anarquista? Muito rapidamente, gostaria de demonstrar aqui que considerar o Anarquismo uma doutrina política é um sério problema, tanto prática quanto conceitualmente. Dada a diversidade de perspectivas assumidas pelos diversos teóricos e militantes do movimento anarquista histórico, seria impossível agrupá-las todas numa única doutrina; por outro lado, a força do Anarquismo estaria justamente no fato de não caber a ele a solidificação de princípios que impõe a constituição de uma doutrina. Se ele pode ser uma teoria política aglutinadora de largas parcelas do movimento operário europeu no século passado e se pode ser também uma teoria política que permite a análise dos fatos sociais contemporâneos é justamente porque não se constitui numa doutrina.
O PARADIGMA ANARQUISTA
Para que entendamos a real dimensão da filosofia política do anarquismo, é necessário que o entendamos como constituído por uma atitude, a de negação de toda e qualquer autoridade e a afirmação da liberdade. O próprio ato de transformar essa atitude radical em um corpo de idéias abstratas, eternas e válidas em qualquer situação seria a negação do princípio básico da liberdade. Admitir o Anarquismo como uma doutrina política é provocar o seu sepultamento, é negar sua principal força, a afirmação da liberdade e a negação radical da dominação e da exploração.
Devemos, assim, considerar o anarquismo como um princípio gerador, uma atitude básica que pode e deve assumir as mais diversas características particulares de acordo com as condições sociais e históricas às quais é submetido. O princípio gerador anarquista é formado por quatro princípios básicos de teoria e de ação: autonomia individual, autogestão social, internacionalismo e ação direta. Vejamos brevemente cada um deles.
Autonomia individual: o socialismo libertário vê no indivíduo a célula fundamental de qualquer grupo ou associação, elemento esse que não pode ser preterido em nome do grupo. A relação indivíduo/sociedade, no Anarquismo, é essencialmente dialética: o indivíduo, enquanto pessoa humana, só existe se pertencente a um grupo social – a idéia de um homem isolado da sociedade é absurda -; a sociedade, por sua vez, só existe enquanto agrupamento de indivíduos que, ao constituí-la, não perdem sua condição de indivíduos autônomos, mas a constroem. A própria idéia de indivíduo só é possível enquanto constituinte de uma sociedade. A ação anarquista é essencialmente social, mas baseada em cada um dos indivíduos que compõem a sociedade, e voltada para cada um deles.
Autogestão social: em decorrência do princípio de liberdade individual, o Anarquismo é contrário a todo e qualquer poder institucionalizado, contra qualquer autoridade e hierarquização e qualquer forma de associação assim constituída. Para os anarquistas a gestão da sociedade deve ser direta, fruto dela própria, o que ficou conhecido como autogestão. Radicalmente contrários à democracia representativa, onde determinado número de representantes é eleito para agir em nome da população, os libertários propõem uma democracia participativa, onde cada pessoa participe ativamente dos destinos políticos de sua comunidade.
Internacionalismo: a constituição dos Estados-nação europeus foi um empreendimento político ligado à ascensão e consolidação do capitalismo, sendo, portanto, expressão de um processo de dominação e exploração; para os anarquistas, é inconcebível que uma luta política pela emancipação dos trabalhadores e pela construção de uma sociedade libertária possa se restringir a uma ou a algumas dessas unidades geopolíticas às quais chamamos países. Daí a defesa de um internacionalismo da revolução, que só teria sentido se fosse globalizada.
Ação direta: a tática de luta anarquista é a da ação direta; as massas devem construir a revolução e gerir o processo como obra delas próprias. A ação direta anarquista traduz-se principalmente nas atividades de propaganda e educação, destinadas a despertar nas massas a consciência das contradições sociais a que estão submetidas, fazendo com que o desejo e a consciência da necessidade da revolução surja em cada um dos indivíduos. Pode-se dizer que a principal fonte da ação direta foi a da propaganda, através dos jornais e revistas, assim como da literatura e do teatro. Outro veio importante foi o da educação, propriamente dita – formal ou informal – como veremos adiante.
Tomando o Anarquismo como princípio gerador, ancorado nesses quatro princípios básicos, podemos falar nele como um paradigma de análise político-social, pois existiria assim um único Anarquismo que assumiria diferentes formas e facetas de interpretação da realidade e de ação de acordo com o momento e as condições históricas em que fosse aplicado. É nesse sentido que trataremos, aqui, da aplicação do paradigma anarquista à teoria da educação.
A EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA
Os anarquistas sempre deram muita importância à questão da educação ao tratar do problema da transformação social: não apenas à educação dita formal, aquela oferecida nas escolas, mas também àquela dita informal, realizada pelo conjunto social e daí sua ação cultural através do teatro, da imprensa, seus esforços de alfabetização e educação dos trabalhadores, seja através dos sindicatos seja através das associações operárias.
Foi com relação à escola, porém, que vimos os maiores desenvolvimentos teóricos e práticos no sentido da constituição de uma educação libertária.
Os esforços anarquistas nesta área principiam com uma crítica à educação tradicional, oferecida pelo capitalismo, tanto em seu aparelho estatal de educação quanto nas instituições privadas – normalmente mantidas e geridas por ordens religiosas. A principal acusação libertária diz respeito ao caráter ideológico da educação: procuram mostrar que as escolas dedicam-se a reproduzir a estrutura da sociedade de exploração e dominação, ensinando os alunos a ocuparem seus lugares sociais pré-determinados. A educação assumia, assim, uma importância política bastante grande, embora ela se encontrasse devidamente mascarada sob uma aparente e propalada “neutralidade”.
Os anarquistas assumem de vez tal caráter político da educação, querendo colocá-la não mais ao serviço da manutenção de uma ordem social, mas sim de sua transformação, denunciando as injustiças e desmascarando os sistemas de dominação, despertando nos indivíduos a consciência da necessidade de uma revolução social.
Metodologicamente, a proposta anarquista de educação vai procurar trabalhar com o princípio de liberdade, o que abre duas vertentes de compreensão e de ação diferenciadas: uma que entende que a educação deve ser feita através da liberdade e outra que considera que a educação deva ser feita para a liberdade; em outras palavras, uma toma a liberdade como meio, a outra como fim.
Tomar a liberdade como meio parece-me um equívoco, pois significa considerar, como Rousseau, que a liberdade seja uma característica natural do indivíduo, posição já duramente criticada por Bakunin; por outro lado, equivale também à metodologia das pedagogias não-diretivas, alicerçadas no velho Emílio e consolidadas nos esforços escolanovistas, delas diferenciando-se apenas nos pressupostos políticos, mas sem conseguir diferentes resultados práticos além daquela suposta liberdade individualizada característica das perspectivas liberais.
Tomar, de outro modo, a pedagogia libertária como uma educação que tem na liberdade o seu fim pode levar a resultados bastante diferentes. Se a liberdade, como queria Bakunin é conquistada e construída socialmente, a educação não pode partir dela, mas pode chegar a ela. Metodologicamente, a liberdade deixa de ser um princípio, o que afasta a pedagogia anarquista das pedagogias não-diretivas; por mais estranho que possa parecer aos olhos de alguns, a pedagogia anarquista deve partir, isso sim, do princípio de autoridade.
A escola não pode ser um espaço de liberdade em meio à coerção social; sua ação seria inócua, pois os efeitos da relação do indivíduo com as demais instâncias sociais seria muito mais forte. Partindo do princípio de autoridade, a escola não se afasta da sociedade, mas insere-se nela. O fato é, porém, que uma educação anarquista coerente com seu intento de crítica e transformação social deve partir da autoridade não para tomá-la como absoluta e intransponível, mas para superá-la. O processo pedagógico de uma construção coletiva da liberdade é um processo de des-construção paulatina da autoridade.
Tal processo é assumido positivamente pela pedagogia libertária como uma atividade ideológica; posto que não há educação neutra, posto que toda educação fundamenta-se numa concepção de homem e numa concepção de sociedade, trata-se de definir de qual homem e de qual sociedade estamos falando. Como não faz sentido pensarmos no indivíduo livre numa sociedade anarquista, trata-se de educar um homem comprometido não com a manutenção da sociedade de exploração, mas sim com o engajamento na luta e na construção de uma nova sociedade. Trata-se, em outras palavras, de criar um indivíduo “desajustado” para os padrões sociais capitalistas. A educação libertária constitui-se, assim, numa educação contra o Estado, alheia, portanto, aos sistemas públicos de ensino.
O PARADIGMA ANARQUISTA E A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA
O mote progressista nas discussões pedagógicas contemporâneas é a defesa da escola pública. A atual Constituição brasileira afirma que a educação é um “direito do cidadão e um dever do Estado”, definindo desde o início a responsabilidade do Estado para com a educação. Ela é, porém, um empreendimento bastante dispendioso, como sabemos, e por certo esse interesse do Estado não pode ser gratuito ou meramente filantrópico. A história nos mostra que os assim chamados sistemas públicos de ensino são bastante recentes: consolidam-se junto com as revoluções burguesas e parecem querer contribuir para transformar o “súdito” em “cidadão”, operando a transição política para as sociedades contemporâneas. Outro fator importante é a criação, através de uma educação “única”, do sentimento de nacionalidade e identidade nacional, fundamental para a constituição do Estado-nação.
Os anarquistas, coerentes com sua crítica ao Estado, jamais aceitaram essa educação oferecida e gerida por ele; por um lado, porque o Estado certamente utilizar-se-á deste veículo de formação/informação que é a educação para disseminar as visões sócio-políticas que lhe são interessantes.
Nesse ponto a pedagogia anarquista diverge de outras tendências progressistas da educação, que procuram ver no sistema público de ensino “brechas” que permitam uma ação transformadora, subversiva mesmo, que vá aos poucos minando por dentro esse sistema estatal e seus interesses. O que nos mostra a aplicação dos princípios anarquistas a essa análise é que existem limites muito estreitos para uma suposta “gestão democrática” da escola pública. Ou, para usar palavras mais fortes mas também mais precisas, o Estado “permite” uma certa democratização e mesmo uma ação progressista até o ponto em que essas ações não coloquem em xeque a manutenção de suas instituições e de seu poder; se este risco chega a ser pressentido, o Estado não deixa de utilizar de todas as suas armas para neutralizar as ações “subversivas”.
É por isso que, na perspectiva anarquista, a única educação revolucionária possível é aquela que dá-se fora do contexto definido pelo Estado, sendo esse afastamento mesmo já uma atitude revolucionária. A proposta é que a própria sociedade organize seu sistema de ensino, à margem do Estado e sem a sua ingerência, definindo ela mesma como aplicar seus recursos e fazendo a gestão direta deles, construindo um sistema de ensino que seja o reflexo de seus interesses e desejos. É o que os anarquistas chamam de autogestão.
CONSIDERAÇÕES À MANEIRA DE UMA CONCLUSÃO
Tomar os princípios filosófico-políticos do Anarquismo como referencial para pensar a educação contemporânea é pois uma empresa de movimento; se podemos, por um lado, sistematizar tais princípios a partir dos “clássicos” do século passado e do início deste, traduzindo-os para a contemporaneidade de nossos problemas, não encontramos, ainda, um “solo firme” para nossas respostas – não no sentido de que elas não tenham consistência, mas sim que apontam sempre para uma realidade em construção que processa a des-construção de nosso cotidiano.
Se há um lugar e um sentido para uma escola anarquista hoje, esse é o do enfrentamento; uma pedagogia libertária de fato é incompatível com a estrutura do Estado e da sociedade capitalista. Marx já mostrou que uma sociedade só se transforma quando o modo de produção que a sustenta já esgotou todas as suas possibilidades; Deleuze e Guattari mostraram, por outro lado, que o capitalismo apresenta uma “elasticidade”, uma capacidade de alargar seu limite de possibilidades. É certo, porém, que sua constante de elasticidade não é infinita: para uma escola anarquista hoje trata-se, portanto, de testar essa elasticidade, tensionando-a permanentemente, buscando os pontos de ruptura que possibilitariam a emergência do novo, através do desenvolvimento de consciências e atos que busquem escapar aos limites do capitalismo.
No aspecto da formação individual, Henri Arvon já afirmava, em 1979, que para uma sociedade de rápidas transformações como é a nossa, o projeto educativo anarquista parece ser o que melhor responderia às necessidades de uma educação de qualidade. O desenvolvimento científico-tecnológico e especialmente as transformações geopolíticas nesses últimos quinze anos vieram a confirmar essa necessidade de uma educação dinâmica e autônoma, que encontra cada vez maiores possibilidades de realização com o suporte da informática e da multimídia. Não podemos, entretanto, deixar que a própria perspectiva libertária da educação seja cooptada pelo capitalismo, neutralizando seu caráter político transformador, levando-a para um âmbito de liberdade individual e desembocando num novo escolanovismo, aparelhado pelas novas tecnologias. O caráter político da pedagogia libertária deve ser constantemente reafirmado, na tentativa de não permitir o aparecimento de uma nova massa de excluídos, tanto do fluxo de informações quanto das máquinas que permitem o acesso a ele.
Por outro lado, o desenvolvimento tecnológico que leva-nos cada vez mais rápido rumo a uma “Sociedade Informática”, para utilizarmos a expressão de Adam Schaff, define um horizonte de possibilidades de futuro bastante interessantes; numa sociedade que politicamente não se define mais com base nos detentores dos meios de produção, mas sim com base naqueles que têm acesso e controle sobre os meios de informação, encontramos duas possibilidades básicas: a realização de um totalitarismo absoluto baseado no controle do fluxo de informações, como o pensado por Orwell em seu 1984 ou por Huxley em seu Admirável Mundo Novo, ou então a realização da antiga utopia da democracia direta, estando o fluxo de informações autogerido pelo conjunto da sociedade. Em outras palavras, o desenvolvimento da sociedade informática parece possibilitar-nos duas sociedades, uma antípoda da outra: a totalitária, com o Estado absoluto, ou a anarquista, absolutamente sem Estado; a escolha estaria fundada obviamente numa opção política que só seria possível através da consciência e da informação, aparecendo então a figura da educação, formal ou informal, no sentido de sustentar tal conscientização.
Mas a possibilidade de trabalho que parece-me mais próxima no momento é o pensar a filosofia da educação no contexto do paradigma anarquista. Se tal filosofia da educação pode servir de suporte teórico para a construção deste projeto de educação que tem por meta a autogestão e a verdadeira democracia que a tecnologia informática pode finalmente tornar possível através de uma rede planetária que imploda as fronteiras dos Estados-nação, ela pode ainda servir-nos como ferramenta de análise e crítica da sociedade capitalista e da educação por ela pensada, assim como do sistema de ensino por ela constituído – a sempre ambígua dualidade dos sistemas público e privado. No caso específico do Brasil contemporâneo, ela pode constituir-se num interessante referencial para a discussão e análise dos graves problemas educacionais que enfrentamos, de uma perspectiva bastante singular, como no caso da qualidade do ensino e da publicização/democratização da escola, trazendo contribuições criativas diferentes das usuais.
No contexto da polarização da filosofia da educação brasileira entre a tendência neo-liberal – privatizadora – sucessora das tendências tradicional, escolanovista e tecnicista como expressão ideológica da manutenção do sistema e uma tendência dialética que, por sua vez, encontra-se dividida em várias propostas de análise e tem sido – erroneamente – posta em xeque como paradigma devido à crise do assim chamado “socialismo real”, tomada como a falência do método dialético e o triunfo do liberalismo – novo ou velho, não importa – e a instauração de uma “nova ordem mundial” centrada no paradigma liberal, a tendência anarquista ou libertária pode apresentar-se como um novo referencial para a análise, ao mostrar, explicitamente, que , como cantou Caetano Veloso, “alguma coisa está fora da nova ordem mundial”. O que tentei aqui foi tão somente trazê-la para a luz das discussões, buscando sua viabilidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Resenha do enquadramento legal existente em Portugal, quanto às modalidades de Ensino Doméstico e de Ensino Individual (enviada pela DREL).


A- Legislação Geral que garante a Liberdade de Ensinar e Aprender

- A Constituição da República Portuguesa estipula no ponto 1 do seu artigo 43.º “É garantida a liberdade de ensinar e aprender.”

- A Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 46/86 de 14 de Outubro, com as alterações introduzidas pela Lei nº 115/1997, de 19 de Setembro e Lei nº 49/2005, de 30 de Agosto) define direitos gerais em matéria de educação e ensino, deveres dos intervenientes, objectivos e critérios de organização e estipula:
«No acesso à educação e na sua prática é garantido a todos os portugueses o respeito pelo princípio da liberdade de aprender e de ensinar, com tolerância para com as escolhas possíveis», designadamente, pela garantia do «direito de criação de escolas particulares e cooperativas» (cf. artigo 2º da Lei nº 46/86, de 14 de Outubro).

- A Lei nº 9/79, de 19 de Março, que fixa as bases do ensino particular e cooperativo, reconhece aos pais a prioridade na escolha do processo educativo e de ensino para os seus filhos (Art.º 1.º, n.º 3) no reconhecimento do direito fundamental de todo o cidadão ao pleno desenvolvimento da sua personalidade, aptidões e potencialidades, nomeadamente através da garantia do acesso à educação e à cultura e do exercício da liberdade de aprender e de ensinar (Art.º 1.º, n.º 1), incumbindo ao Estado criar condições que possibilitem o acesso de todos à educação e à cultura e que permitam igualdade de oportunidades no exercício da livre escolha entre pluralidade de opções de vias educativas e de condições de ensino (Art.º 1.º, n.º 2).

- A Lei n.º 65/79, de 4 de Outubro, sobre a liberdade de ensino estabelece no artigo 1.º “A liberdade do ensino compreende a liberdade de aprender e de ensinar consagrada na Constituição, é expressão da liberdade da pessoa humana e implica que o Estado, no exercício das suas funções educativas, respeite os direitos dos pais de assegurarem a educação e o ensino dos seus filhos em conformidade com as suas convicções.” No artigo 3.º é criado o Conselho para a liberdade do ensino, com a atribuição de velar pelo respeito da liberdade do ensino e de apreciar quaisquer infracções à mesma, nos termos da presente lei.


B- Regulamentação específica para Ensino Doméstico

A regulamentação mais antiga sobre ensino doméstico é a Lei n.º 2 033, de 27 de Junho de 1948, que estipulava que o ensino doméstico podia ser ministrado individualmente no domicílio por parentes até ao 3º grau ou por pessoas que vivessem na mesma economia familiar.

Posteriormente, o Decreto n.º 37 545, de 27 de Junho de 1949, veio regulamentar o Estatuto do Ensino Particular, incluindo também o ensino doméstico e o ensino individual, os quais eram considerados modalidades do ensino particular, estabelecendo:
”Ensino individual, isto é, ministrado a alunos isoladamente”;
”… o ensino individual quando é ministrado no domicílio dos alunos denomina-se de doméstico”.


O Despacho n.º 32, de 21 de Março de 1977, veio definir as habilitações mínimas que as pessoas que pretendiam matricular alunos em Ensino Doméstico deviam possuir, estabelecendo:
- «Ensino primário: ciclo preparatório do ensino secundário ou equivalente»;
- «Ensino preparatório e no curso geral do ensino secundário: curso complementar dos liceus ou equivalente»;
- «Ensino secundário complementar: aprovação em, pelo menos oito cadeiras anuais, ou número equivalente de semestrais, de um curso superior».


O Decreto-Lei n.º 553/80, de 21 de Novembro, veio regulamentar o Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo, definindo:

“Ensino individual, aquele que é ministrado por um professor diplomado a um único aluno fora de estabelecimento de ensino;”
e
“Ensino doméstico, aquele que é leccionado, no domicílio do aluno, por um familiar ou por pessoa que com ele habite.” (alíneas a) e b), do nº 4, do Artigo 3º).

Contudo, o disposto no referido normativo não se aplica aquelas modalidades de ensino (alínea a) do n.º 3 do Artigo 3.º).


O Despacho n.º19 944/2002, de 10 de Setembro, determina que o processo de avaliação dos alunos de escolas particulares sem paralelismo pedagógico e dos ensinos doméstico e individual sejam acompanhados pelas respectivas Direcções Regionais de Educação.


C- Outros normativos que referem o ensino doméstico

Para além desta legislação existem outros normativos não directamente relacionados com ensino doméstico, mas que o contemplam em alguns aspectos, tais como:

- Normativos anuais sobre calendarização de provas de exames nacionais e regulamento de exames, sendo os mais recentes o Despacho Normativo nº 7/2011,de 5 de Abril, que regulamenta os exames nacionais do ensino básico e secundário e o Despacho nº 6 025/2011, de 6 de Abril, referente à calendarização de exames.

- Despacho Normativo n.º 1/2005, de 5 de Janeiro, com as alterações introduzidas pelos Despachos Normativos n.º 18/2006, de 14 de Março, n.º 5/2007, de 10 de Janeiro e n.º 6/2010, de 19 de Fevereiro, que estabelece os princípios e os procedimentos a observar na avaliação das aprendizagens e competências aos alunos dos três ciclos do ensino básico, incluindo os do ensino doméstico.

- Portaria n.º 550-D/2004, de 21 de Maio, com as alterações pela Portaria n.º 259/2006, de 14 de Março e pela Portaria n.º 1 322/2007, de 4 de Outubro, que estabelece o regime de organização, funcionamento e avaliação dos cursos científico-humanísticos de nível secundário de educação. É neste normativo que é garantida a possibilidade de validação dos resultados dos alunos do ensino doméstico e individual, através de provas de equivalência á frequência ou de exames nacionais, conforme os casos.

- Despacho Normativo n.º 24/2000, de 11 de Maio, que estabelece as normas relativas a matrículas e transferências dos estabelecimentos de ensino básico e secundário, púbicos, particulares e cooperativos, nomeadamente que a matrícula ou renovação da matrícula nos ensinos individual e doméstico é efectuada pelo encarregado de educação do aluno no estabelecimento de ensino oficial da área da residência, nas mesmas condições e prazos dos correspondentes graus de ensino.

Dia Internacional da Liberdade na Educação

No próximo sábado, 24 Setembro 2011, vamos comemorar, na Quinta da Pedra - Ericeira, o Dia Internacional da Liberdade na Educação, à semelhança do que tem acontecido durante este mês em diversos países. Entre chá e palavras, a ideia é criarmos um espaço informal de convívio e de partilha de experiências.
Traga família e amigos!

Confirme, por favor, até 5ªf – 22 Setembro, indicando o número de pessoas, para o seguinte contacto: claudia.mf.sousa@gmail.com

Temáticas:
• Comemoração do IFED (Dia Internacional da Liberdade na Educação);
• Feedback sobre alguns aspectos abordados na Conferência Europeia sobre a Educação em Casa (que se realizou em Espanha de 31 agosto 2011 a 4 setembro 2011), incluindo a proposta de constituição de uma Federação Europeia;
• Constituição de uma Associação Portuguesa: Sim ou Não?
• Debate sobre motivações e inseguranças das famílias face ao Ensino Doméstico, em Portugal.

Data: sábado, 24 Setembro 2011 das 14h às 18h

Local:
http://g.co/maps/u5csx
Quinta da Pedra Rua da Fonte 3 – Lapa da Serra – Ericeira

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Summerhill



Lindo!


Crónica de Pedro Varela

Crónica de Paulo Varela Gomes sobre a ESCOLA, as MASSAS DE BURROS, e a PSEUDO-DEMOCRACIA em que vivemos.

«De facto, a escola que temos é pior do que a escola de há 50 anos (…)
Quer dizer: há meio século só uma elite completava o secundário e a Universidade. Hoje, qualquer José Sócrates acaba um curso e quer ir para Paris estudar filosofia (…)
É culpa da democracia, dirão alguns (…). Não foi a democracia que lixou a escola. Foi o abandono propositado dos graus de exigência antigos e a degradação deliberada das condições de vida das escolas, da formação e do apoio aos professores. Porquê? Porque sai muito mais caro educar as massas e o que se quer são massas de burros. Dá-se-lhes uma porcaria qualquer e, no fim, um diploma de mestre ou doutor. O povo fica contente e vota.
Seria capaz de apostar que um teste idêntico(…) daria os mesmos resultados em quase todos os países do Ocidente. É que o sistema é o mesmo: a actual democracia vale tão pouco como a escola a que deu origem.»

Paulo Varela Gomes, crónica sob o título «20 valores», publicada no jornal Público de 25 de Junho de 2011

Educação Libertária

Vida Nova, publicação libertária açoriana (saiu o nº1, Agosto de 2011)
Inclui um texto sob o título «A Educação Libertária segundo Aurélio Quintanilha»

“Ser anarquista é ser uma pessoa coerente…Trabalhar o menos possível, o suficiente para viver, desfrutar a beleza do sol. Desfrutar a vida com maiúsculas é um estado mental, uma atitude perante a vida. Trata-se de viver esta utopia um pouco em cada dia.”
Abel Paz

Ler aqui

Pedagogia do Amor

In: http://www.estudodamente.com/pnl.htmn

Pedagogia do Amor

"... "Se eu não me criticar, se eu parar de ficar me questionado sobre o que deveria fazer, como vou melhorar, crescer como pessoa?" Para responder esta pergunta, analisaremos o que acontece com as crianças.
A cada vez que se diz a uma criança: "Você não deveria (fazer ou sentir algo), é como se lhe fosse dito: "Se você for você mesma, ninguém vai gostar de você, pois você é muito má. Mas se você se esforçar e for diferente, então poderá encontrar pessoas que gostem de você".

Isto é uma violência contra a criança, talvez comparável a um assassinato. Está-se dizendo à ela para eliminar aquele "eu" (que é ela mesma) e construir um novo em cima. E ela seguirá pela vida profundamente infeliz, tentando fabricar um "eu" que agrade às pessoas, ou então assumindo uma identidade que corresponda àquele monstro que um dia disseram que ela era, tornando-se uma pessoa de difícil convivência, ou até mesmo um delinqüente.

Há muitas pessoas que optaram pelo caminho da marginalidade porque não conseguiram construir aquele "eu" que agradaria às pessoas. Talvez ninguém as odeie mais do que elas mesmas. Foi em virtude de muitos DEVERIAS, aos quais elas não conseguiram corresponder, que elas chegaram aonde estão. Elas se sentem tão em débito com esses deverias que é como se imaginassem uma dívida que jamais conseguirão saldar, pois a cada dia ela aumenta - a cada dia elas acrescentam algo que deveriam/não deveriam ter feito.

Uma outra maneira de educar as crianças é através do que chamarei de Pedagogia do Amor. E do amor incondicional. Aquele que não espera que o outro mude para começar a amá-lo. Aquele que não diz que a criança deveria ser diferente, mas que valoriza todos os seus sentimentos, comportamentos, iniciativas. Aquele amor que não tem a intenção de ter nenhum tipo de controle sobre a criança, que não quer manipular suas reações e comportamentos e moldá-los de acordo com um padrão, ou de acordo com um objetivo que não foi traçado por ela.

Aquele amor que permite que ela simplesmente SEJA ELA MESMA. Que "deixa o rio correr", sem apressá-lo. Que acompanha o fluir livre e leve da criança. Que jamais diz que ela não deveria sentir raiva de alguém, mas que procura compreender seus sentimentos e ensiná-la que quando não se luta contra os mesmos, eles passam por nós bem mais depressa. Deixar o rio correr... Sempre...

Ensiná-la a reconhecer que todo comportamento tem uma intenção positiva. Se ela aprender a reconhecer isto em si mesma, terá muito mais facilidade em reconhecê-lo nos outros. Se ela aprender a ser compreensiva e paciente consigo mesma, também o será com as demais pessoas.

Se ela está sentindo inveja de alguém, ajudá-la a reconhecer que provavelmente ela tem dentro de si uma parte (um "lado") que acredita que ela também merece ser como aquela pessoa, ou ter o que ela tem, e que não há nada de errado nisso. Se ela está com raiva de alguém que brigou com ela, talvez seja porque possui uma parte que acha que ela merecia ser tratada de uma maneira melhor. E assim por diante. Não é difícil saber a intenção positiva de nossas partes internas e aprender a valorizá-las.

Ajudá-la a confiar em seus sentimentos, sensações, intuições, em seu julgamento interno, em sua voz interior, na "voz do seu coração". Ao invés de ficar lhe dizendo o que deveria fazer, perguntar-lhe : "O que você acha disso?" "O que você sente em relação a isso?" Ajudá-la a formar seus próprios valores incentivando a reflexão, fazendo-lhe perguntas que ajudem-na a confiar em sua sabedoria interna. Esta é a maior herança que os pais podem deixar aos filhos, já que pais não são eternos.

Mas talvez você, leitor, esteja dizendo: "Ótimo, entendi o que você disse em relação às crianças. Mas o que eu faço comigo? Com os meus DEVERIAS?"

Sugiro que você imagine uma criança bem pequena, indefesa, que estivesse sofrendo em virtude dos mesmos DEVERIAS que você, que estivesse passando por dificuldades semelhantes às suas. O que você faria com esta criança? O que você diria a ela? Você diria a ela novos DEVERIAS? Você seria tão severo com ela como provavelmente é consigo? Você a ameaçaria? Você diria a ela algo como: "Se você não emagrecer, eu não levo você à praia"?

Acredito que você gostaria de conversar com ela, de tratá-la com carinho, compreensão, talvez de tomá-la nos braços, abraçá-la, confortá-la, dizendo-lhe coisas animadoras.

Geralmente, por mais severos que tenham sido nossos pais, a tendência é que sejamos mais severos conosco do que eles o foram, e um pouco mais compreensivos e benevolentes em relação aos filhos.

Por este motivo, sugiro que você faça com você o que faria com a criança que citei acima. Releia o texto e empregue as sugestões consigo mesmo. Imagine que dentro de você há uma criança e que você terá de cuidar dela pelo resto de sua vida. Você escolhe: ou você vai ser um repressor que controla, critica, diz DEVERIA a toda hora, ou você vai procurar fazê-la feliz, diverti-la, amá-la.

Só conseguimos amar, entender, aceitar as outras pessoas quando somos capazes de fazer tudo isso conosco. Quem não consegue aceitar o comportamento de alguém, quem não consegue gostar de alguém, certamente descobrirá que não consegue aceitar a si mesmo, talvez até não aceite em si aquele mesmo comportamento que não aceita no outro.

É um fato que você poderá constatar: quando paramos de lutar CONTRA nós, contra nossos sentimentos, desejos, quando passamos a ser A FAVOR de nós mesmos, o mundo responde da mesma maneira. A sua vida é o reflexo daquilo que acontece dentro de você. Se você não gosta de si mesmo, se você não se aprova, não se trata com carinho e respeito, não espere que os outros o façam. É o que se chama de AUTO-ESTIMA.

Para isso, você poderá começar a aprender a substituir o DEVERIA pelo EU PREFIRO, EU ESCOLHO, EU APRECIO, EU ME PERMITO. "

Artigo publicado no Jornal Tribuna de Indaiá por Nelly Beatriz M. P. Penteado que é Psicóloga e Master Practitioner em Programação Neurolinguística

Boicote Nestlé, vale sempre a pena lembrar!


O boicote é um instrumento democrático e eficaz, nós consumidores podemos fazer a Nestlé rever seu comportamento.

Algumas verdades sobre a Nestlé:

- 1 milhão e meio de crianças morrem todos os anos de doenças relacionadas a alimentação artificial. Leite materno é grátis, seguro e melhor para TODOS os bebés.

Apesar de saberem que a alimentação artificial pode matar, a Nestlé continua sua distribuição de substitutos do leite materno, ignorando o código da Organização Mundial de Saúde que bane toda promoção destes. A empresa disponibiliza grandes quantidades de fórmulas gratuitamente às maternidades, às mulheres grávidas e novas mães, que, desinformadas sobre a alimentação infantil, param de alimentar seus bebés com leite materno e passam a alimentá-los com produtos artificiais da Nestlé.

- A Nestlé testa alguns de seus produtos em animais, principalmente os produtos de beleza (cosméticos).
Nos testes, um dos métodos mais utilizados é o "Método Draize" que consiste na aplicação directa dos produtos nos olhos de animais conscientes , para saber se são nocivos ao homem ou não, o que geralmente leva à cegueira lenta e dolorosa.

- Por ser uma enorme corporação transnacional, além do poder económico, a Nestlé também possui grande influência política e social. Em 1999 a empresa gastou mais de US$1.500.000 em lobby político; além de fazer parte da Mesa Redonda Européia, a qual possui enorme influência sobre os governos.

Também vale a pena mencionar que o Director Executivo da Nestlé no Reino Unido é o presidente da Food and Drink Federation, com acesso direto aos ministérios governamentais, recursos que não estão à mão dos seus contestatários.
 

O poder de parir!

Cesarianas?

Perigos das Ecografias

"...there are at least a dozen studies that show damage from ultrasound including damage to the biochemistry of the child, damage to the immune system, and delayed maturation of the central nervous system...

...now revealing an excess incidence of leukemia in the children born to mothers who were exposed to diagnostic ultrasound during pregnancy.

...ultrasound has replaced x-rays during pregnancy...

...and the doctor says 'oh you don't have to worry about ultrasound - that's what they use to detect submarines'



Paideia

Fala por si...
 
Info aqui

Livro: Armas, Instrução em massa

"Será que precisamos realmente da escola? Não me refiro à educação, apenas à escolaridade compulsória e obrigatória: seis aulas por dia, cinco dias por semana, nove meses por ano, durante doze anos. Será que esta rotina mortal é realmente necessária?

E, se for, é necessária para quê? Não me venham com a justificativa de ensinar leitura, escrita e aritmética, porque 2 milhões de crianças educadas em casa nos EUA provam que a frequência escolar não é necessária para isso."

E-Book aqui

A Escola é uma prisão!


segunda-feira, 18 de julho de 2011



A Doença da Escolaridade Obrigatória: como as crianças absorvem valores fascistas, por Chris Shute


Este livro não é um livro escrito por um perito a fim de influenciar o pensamento de outros especialistas. É um livro baseado na experiência acumulada por um professor.

Digam o que disserem, as escolas estão a inculcar hábitos de subserviência na maioria dos jovens. E há argumentos sedutores para mantermos as crianças sob um controle estrito: torna-as mais fáceis de manusear, o que agrada os pais, enquanto que a sociedade em geral sente-se mais descansada, pois parece tornar mais segura e previsível a tarefa de tomar responsabilidade pela educação das crianças. No entanto, ao crescerem, muitos estudantes tornam-se taciturnos, anti-sociais e "filisteus"[1]. O processo parece ser satisfatório, mas os resultados são deploráveis.

Depois de 25 anos como professor, Chris Shute viu que estava envolvido numa forma microcósmica de fascismo. O livro demonstra como a escolaridade obrigatória, com seu imposto aparato de disciplina e controle, é perigosa para a saúde mental e o desenvolvimento social das crianças, e é de facto a causa de muitos problemas sociais que alega curar.

Shute tem a esperança de que um dia as crianças terão a possibilidade de utilizar as escolas como acha que estas deveriam ser usadas, como lugares onde qualquer pessoa que queira ajuda nos seus estudos possa recebê-la. Até então, Shute limita-se a comentar sobre as escolas tal como são actualmente, desafiando-nos a considerar a possibilidade de que o seu regime escraviza as mentes das crianças em vez de as libertar.






Video: Aprender em Liberdade

learn Free é um documentário sobre o unschooling (desescolarização), uma filosofia educacional que afirma que as crianças aprendem melhor seguindo os seus próprios interesses e vivendo a vida.


Video aqui

Princípios do Unschooling

A aprendizagem é constante. O cérebro nunca pára de funcionar e é impossível dividir o tempo em "períodos de aprendizagem" versus "períodos de não-aprendizagem." Tudo o que se passa à nossa volta, tudo o que vemos, ouvimos, tocamos, cheiramos e saboreamos resulta em aprendizagem.

A aprendizagem não requer coerção. Na verdade, a aprendizagem não pode ser forçada e nunca ocorre quando vai contra a vontade da pessoa. Coerção é desagradável e cria resistência.

Aprender sabe bem. É algo que dá prazer, algo intrinsecamente gratificante. Recompensas irrelevantes podem ter efeitos secundários indesejados que não apoiam a aprendizagem.

A aprendizagem é interrompida quando a pessoa está confusa. Toda aprendizagem deve ser construida no que já é conhecido.

A aprendizagem torna-se difícil quando estamos convencidos que aprender é difícil. Infelizmente, a maioria dos métodos de ensino parte do princípio de que a aprendizagem é difícil e que o que é realmente "ensinado" aos alunos é a lição.

A aprendizagem tem de ser significativa. Quando não entendemos o seu propósito, quando não compreendemos a sua utilidade nem percebemos como é que a informação se relaciona com o "mundo real", então a aprendizagem é superficial e temporária, e não uma "verdadeira" aprendizagem.

A aprendizagem é muitas vezes incidental. Isto significa que nós aprendemos quando estamos completamente envolvidos em actividades que gostamos, que fazemos por prazer, e que a aprendizagem acontece como uma espécie de "efeito secundário".

A aprendizagem é muitas vezes uma actividade social e não algo que acontece em isolação dos outros. Aprendemos com pessoas que têm as competências e conhecimentos em que estamos interessados e que nos deixam aprender com elas numa variedade de maneiras.

Não precisamos de fazer testes nem de ser avaliados para sabermos o que é que já aprendemos. A aprendizagem será demonstrada ao usarmos as nossas novas habilidades e ao falarmos com conhecimento sobre determinados tópicos

Os sentimentos e o intelecto não estão em oposição nem estão separados. Toda aprendizagem envolve tanto as emoções como o intelecto.

Aprender exige uma sensação de segurança. O medo bloqueia a aprendizagem. A vergonha e o constrangimento, tal como o stress e a ansiedade, bloqueiam a aprendizagem.

Original aqui.

Não-Escola, o que é isto?

O movimento não-escola



Não-escola (unschooling) é um termo criado pelo escritor e educador John Holt. É, na sua essência, equivalente à aprendizagem autónoma - uma aprendizagem natural, orgânica, eclética, motivada pelos interesses intrínsecos e dirigida pelas próprias crianças e jovens.

O termo não-escola é geralmente usado para qualquer tipo de educação que não segue um currículo fixo, mesmo que não seja completamente autónoma. Na prática, existem vários graus de autonomia.

Uma possível diferença entre os dois termos poderá ser que, enquanto não-escola se refere à prática da aprendizagem autónoma feita a partir de casa, com os pais como facilitadores, a aprendizagem autónoma pode ter lugar dentro de contextos mais institucionais como, por exemplo, em escolas democráticas.

Pat Farenga, um dos líderes do movimento da não-escola nos E.U., define a não-escola como "permitir aos filhos tanta liberdade de aprender quanto os pais consigam confortavelmente dar". Uma vantagem da não-escola é que não exige que os pais assumam um papel diferente, ou seja, o papel do professor profissional que, seguindo o seu plano, enche os miúdos de conhecimentos.

Em vez disso, vivem e aprendem juntos, procurando respostas a perguntas que surgem no decorrer do dia e seguindo os interesses que vão surgindo naturalmente, utilizando métodos mais convencionais caso o queiram fazer. Esta é a forma como aprendemos antes de irmos para a escola e quando saímos dela e entramos no mundo do trabalho.

Assim, por exemplo, uma criança interessada em carrinhos pode querer saber como é que os motores funcionam (ciência), quando é que os carros começaram a ser construídos (história), quem inventou o carro (biografia), etc. Estes interesses podem levar à leitura de livros relacionados, a projectos ou até a cursos, mas a principal diferença é que estas actividades são escolhidas pela criança e feitas de livre vontade. Não foram impostas, mesmo que os pais mais activos influenciem e orientem as suas escolhas.

A não-escola, por falta de um termo melhor (até as pessoas começarem a aceitar a vida como parte integral da aprendizagem), é a forma natural de aprender. No entanto, isto não significa que não se tenham aulas tradicionais ou que não se utilizem matérias curriculares quando os miúdos, eles mesmos ou juntamente com os pais, decidem que é isso que querem fazer.

Embora aprender a ler ou a fazer equações quadráticas não sejam processos "naturais", as crianças e jovens que seguem a abordagem da não-escola aprendem tudo isso e muito mais quando lhes faz sentido fazê-lo, e não por terem atingido determinada idade ou por serem obrigadas a fazê-lo por uma autoridade arbitrária.

Assim, não é incomum encontrar crianças a estudar astronomia antes dos oito anos ou crianças a aprender a ler depois dos dez. Na prática, o método não-escola é, no Reino Unido, o método mais popular do ensino doméstico (e é encorajado pela associação nacional do ensino doméstico Education Otherwise. Há também um grande movimento não-escola nos E.U., apoiado pela revista Crescer Sem Escola, de John Holt.


A importancia de confiar nas crianças

Laurie A. Couture fala sobre a importância de confiar na capacidade inata para aprender que todas as crianças possuem, num excerpto do documentário Class Dismissed: Educação e a Ascensão do Ensino Doméstico nos EUA.

Por algum motivo, o sistema não confia no processo orgânico das crianças. Mal elas nascem, tentam forçá-las a fazer algo; tentam forçá-las a ficar de pé, a balbuciar qualquer coisa, a... como se fossem marionetas! E mal atingem os 2 anos de idade começam logo a submetê-las a este processo "educacional" de aprendizagem, de aprender as cores, os animais, a dizer o seu nome, a aprender coisas que seria impossivel que não aprendessem simplesmente através da sua existência. Qualquer criança aprenderia rapidamente os animais mesmo que não fosse ensinada porque as crianças aprendem essas coisas naturalmente. Deixem-me explicar de outra forma: o gênio é muito comum; o problema é que nós reprimimos, sufocamos, esmagamos o gênio das crianças porque não confiamos neste processo orgânico.

Einstein diz..

"Para mim, a escola parece ser a pior coisa, principalmente por usar métodos como o medo, a coerção e a autoridade artificial. Esse tratamento destrói os sentimentos sadios, a sinceridade e a autoconfiança dos alunos e produz sujeitos subservientes."

"Devemos evitar pregar o sucesso aos jovens da forma habitual, como o principal objectivo da vida. O motivo mais importante para trabalhar, na escola e na vida, é o prazer: o prazer de trabalhar, o prazer de ver o resultado do nosso trabalho, e o prazer de saber o valor que esse resultado tem para a comunidade."

***

"Para sermos membros imaculados do rebanho, primeiro temos que ser, nós próprios, carneiros."

"A minoria, a classe dominante actual, tem sob seu controlo a escola, a imprensa e geralmente também a Igreja. Isso permite-lhe organizar e influenciar as emoções das massas e fazer delas sua ferramenta."

Albert Einstein, carta a Sigmund Freud, 30 Julho 1932

Abandono Escolar? Não! Descolarizar

"A aprendizagem não acontece apenas dentro de 4 paredes - a escolaridade sim - e estas duas são muito diferentes", diz Nielsen. Seu subversivo guia para adolescentes The Teenagers Guide to Opting Out Not Dropping Out explica por que ideias educacionais como a aprendizagem natural e o unschooling são importantes: por serem centradas no estudante, iniciadas pelos próprios jovens. Diz que não devemos dividir a aprendizagem por temas ou locais. Em vez disso, o mundo em que vivemos é o ambiente ideal de aprendizagem e vamos aprendendo nas coisas que nos despertam o interesse.
The-Teenagers-Guide-to-Opting-Out-Not-Dropping-Out-of-School

Educação ou Obrigação?

Em sociedades como a nossa, estamos tão acostumados à ideia da escolaridade obrigatória para as nossas crianças, que agora ela parece ser tão inevitável como a morte e os impostos. Mas a verdade é que o argumento intelectual para a compulsão é extremamente fraco e os factos empíricos demonstram a sua absurdidade. Por exemplo, o absentismo escolar, tanto da escola como das aulas, ocorre numa escala enorme em todas as sociedades livres. Muitas crianças, quando não querem, simplesmente não vão às aulas. Obviamente a educação é obrigatória apenas de jure, embora a maioria das pessoas, cumpridoras da lei, pense que isso seja o mesmo que um requisito de facto. Outra consideração importante é a impropriedade de obrigar as crianças a frequentar a escola à força quando o sistema de educação é tão fraco.

O ensino e a aprendizagem são essenciais para a modernidade. Isso não está em questão. Mas a frequência obrigatória é uma ideia muito problemática, tal como sua prática. Este conceito precisa de ser submetido a um debate público. E temos de começar com as palavras "educação obrigatória". Filosoficamente, "educação" é a mais elevada das palavras que implicam a transmissão deliberada de informação de uma pessoa a outra, numa lista de palavras que inclui também "formação", "instrução", "escolaridade", "doutrinação", etc.

Primeiro, os dois componentes de "educação obrigatória" são mutuamente contraditórios, um oximoro. Poderíamos dizer, como Hobhouse em Rousseau, que:

"Na medida em que é educacional,

não pode ser obrigatório;
E na medida em que é obrigatório,
não pode ser educacional"

Sim, poderíamos dizer o mesmo. No entanto, o caso a favor ou contra a compulsão talvez deva ser governado pela definição usada. Nos últimos anos, duas definições principais têm sido usadas no meio acadêmico em geral.

Para R.S. Peters, ex-decano de filosofia da educação, a educação é a busca do conhecimento para fins intrínsecos feita num espírito de livre vontade e dentro de uma perspectiva cognitiva aberta. Então esta definição não suporta a prática da compulsão. (...)

Podemos talvez preferir uma definição de educação essencialmente moral. Podemos vê-la como a busca do bem. Esta visão é tão antiga (como a outra) - remonta a Platão - e historicamente é mais comum. Actualmente é a preferida de John White, social-democrata liberal. Atrai concerteza sociedades modernas ameaçadas pelo crime e pela inutilidade moral e intelectual de tantos pais.

No entanto, esta abordagem também se afunda: podemos obrigar alguém a buscar o bem? Se eu te aprisionar talvez possa fazer com que não faças certas coisas, mas poderei alguma vez obrigar-te a optar pela virtude?

Ler o artigo aqui

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Selfenconter

Curso SelfEncounter 2011 - Desperta o teu Potencial!

Quem és tu? Um nome? Uma profissão? O que possuis? Essa é a questão! A busca da resposta permite criar mais confiança e clareza em qualquer decisão ou passo na vida. O SelfEncounter é um curso prático de desenvolvimento pessoal para te apoiar a responder a esta questão, e seguir na direcção de uma vida abundante e preenchida.

Assistido por Lev (Kikas) e Rasmus, utilizando Bioenergética, Meditação activa, expressão e prática emocional, Xamanismo e dança, Pramod irá guiar-te em intensos trabalhos de grupo interconectados, durante vários fins-de-semana ao longo do ano, cada um constituindo um processo independente em si.

Mais informações: www.encontrosdoumbigo.com

Parir é amor!

Partilho este texto com vocês, retirado do Parir em Paz, é uma bonita forma de falar sobre o que de mais belo temos, O parto!

Afinal, é a ponte entre o céu e a terra.... o momento em que uma nova alma chega ao nosso planeta. O que poderia ser mais sagrado?
Quando entramos em locais sagrados, reduzimos o nosso tom de voz e agimos com grande consciência e respeito. Será assim que os nossos bebés estão a nascer?

Se quisermos levar a sacralidade de volta ao nascimento, temos de preparar o local do nascimento como um espaço sagrado de parto. O que criamos para este dia, não precisa de ser religioso ou ritualística, basta simbolizar o nosso profundo apreço para com o ciclo da vida e mostrar a nossa gratidão para receber esta nova alma com amor e carinho.

Cada vez oiço mais mulheres a dizerem que parir não é apenas uma experiência agradável, é uma experiência ESPIRITUAL!

Imaginem um mundo onde todos bebés nascem sem trauma, onde as mães dão à luz com amor, confiança e prazer, onde as mulheres sentem o parto como algo fantástico!
Como isto afectaria todos os aspectos das nossas vidas!
Como isto afectaria o ser humano!

Fico feliz porque conheço cada vez mais bebés que nascem em locais sagrados e sei que são seres muito especiais!

São seres que vão mudar o mundo!
São seres que espalham amor por passam!

Parir tem de ser sinonimo de AMOR, muito AMOR

Gandhi

"É uma grossa superstição supor que o conhecimento só pode ser obtido em escolas e faculdades. O mundo produziu estudantes brilhantes antes das escolas e faculdades terem surgido. Não há nada tão enobrecedor ou duradouro como o auto-estudo. Escolas e faculdades fazem da maioria de nós meros receptáculos das superfluidades do conhecimento. O trigo é jogado fora e apenas a casca é assimilada. Não quero depreciar escolas e faculdades em si. Elas têm o seu uso. Mas estamos exagerando muito aquilo que são. Elas são apenas um dos muitos meios de adquirir conhecimento.
A verdadeira dificuldade é que as pessoas não fazem ideia do que a educação realmente é. Nós avaliamos o valor da educação do mesmo modo que avaliamos o valor dos terrenos ou das acções na bolsa de valores. Queremos fornecer apenas o tipo de educação capaz de capacitar o aluno a ganhar mais.
A verdadeira educação consiste em extrair o melhor de si mesmo. Que melhor livro pode haver do que o livro da humanidade? "

O Regresso

Após um longo período em que estivemos fechad@s para obras, eis que voltamos em grande força para continuar esta caminhada na procura do melhor caminho para as nossas crianças.
Sintam-se novamente em casa.
Sejam novamente bem vind@s!
Bem-Hajam!