domingo, 27 de dezembro de 2009

Educação Intuitiva: da Teoria à Prática

Educação intuitiva: da teoria à prática

Natália Fialho tem 36 anos, é tradutora e mãe de três filhos: um rapaz com cinco anos, uma rapariga com três e um bebé com sete meses. Aqui, conta ao IOL Mãe como tem sido passar à prática as teorias da Educação Intuitiva

"Fui mãe pela primeira vez aos 31 anos. Comecei a procurar informação e a pensar que tipo de mãe iria ser, o que queria fazer. Só sabia que queria amamentar e que queria dar muito colo ao meu bebé. Comecei a pesquisar e a perceber que em Portugal a prática era diferente de muitas das coisas em que eu acreditava e de muitas outras que descobria e com as quais me identificava. Uma delas foi a Educação Intuitiva, que faz todo o sentido para mim. O meu primeiro filho nasceu no hospital. Foi um parto induzido, mas eu só percebi depois. Isso despertou em mim um sentimento de que não estava por dentro de tudo, que as coisas me passaram ao lado. Foi aí que nasceu esta vontade de partilhar informação que não é veiculada pelo sistema, pelos profissionais de saúde, com uma formação que reflecte a indústria, as empresas farmacêuticas, o marketing... Em relação à Educação Intuitiva, não quero passar a ideia de que é fácil. É difícil, por vezes. Isto não são fórmulas mágicas. E nem tudo o que nos parece fazer sentido funciona depois às mil maravilhas. Às vezes vejo nos meus filhos comportamentos dos quais não gosto e penso 'isto sou eu'. Estou sempre entre duas cadeiras e não me sinto sentada em nenhuma: a das coisas que não quero fazer e a dos meus ideais que não consigo atingir. Às vezes reajo de acordo com os meus valores, outras vezes exatamente como a minha mãe reagiria. Há uma preocupação que eu tenho e acho que é um risco que se corre muitas vezes: não quero que os meus filhos alguma vez sintam que não gosto deles incondicionalmente. Gosto sempre, mesmo que risquem o sofá. Quero que tenham esta base de segurança. Não quero que se torçam para viver segundo as minhas expectativas. Não quero que escondam asneiras que fizeram com medo da minha reação. Às vezes penso que não estou a conseguir isto, que é o mais importante para mim. Neste momento, não vejo diferenças entre eles e outras crianças, à parte o facto de estarem em casa. São crianças normais. Espero que estejam mais seguros dentro deles do que muitas crianças. Mas não tenho garantia nenhuma quanto a isso. Também tenho dúvidas. E também procuro ajuda. Faço o que penso ser melhor, como todos os pais. Nasci e cresci na Alemanha. Só estou em Portugal há nove anos. Lá nenhuma criança passa oito horas na escola. Eu lembro-me do tempo livre que tinha para brincar e quero isso para os meus filhos. Mesmo na escola primária, estávamos lá de manhã e depois passávamos a tarde em casa. Quero que os meus filhos possam ter isso. E não acredito no chamado «tempo de qualidade» que alguém inventou para descansar os pais que passam pouco tempo com os filhos. Tentam concentrar tudo em duas horas por dia que estão com eles, ou nem isso. Uma criança precisa de mais tempo com os pais! Sei que conciliar o trabalho com a vida familiar é um verdadeiro desafio na sociedade portuguesa. Mas se eu não pudesse trabalhar menos para estar mais tempo com os meus filhos, teria de arranjar outra solução, ia viver para outro sítio, não sei. Para mim não faz sentido gastar todo o meu salário nos infantários dos meus filhos, como fazem algumas mulheres que conheço. E depois têm a fotografia do bebé nas secretárias e vivem infelizes. Respeito, mas também peço respeito por outras opções. E que deixem de me ver como um ser extra-terrestre." Fonte: IOL Mãe

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